O Pre-Urbanismo
Por: asafgyn • 28/8/2022 • Resenha • 1.023 Palavras (5 Páginas) • 104 Visualizações
1 – O Pré-Urbanismo
No campo das ideias, vários pensadores se debruçaram sobre os problemas das cidades. O termo urbanismo foi forjado no início do século XX, portanto, para correntes do início do século XIX até início do século XX, Choay (1979) adota o termo “pré-urbanismo”, que estabelece referência com o crescimento da urbanização a partir da sociedade industrial que se consolida no período. As correntes de “pré-urbanismo” têm aspectos higienistas marcantes, motivado pela insalubridade decorrente da falta de redes de infraestrutura de esgotos e águas pluviais especialmente, nos primeiros anos da cidade industrial. Percebe-se que um outro importante aspecto é a lógica funcional. Observa-se a conformação similar à cidade medieval em uma organização da edificação como muros que definem intramuros como cidade e extramuros como campo.
A revolução Industrial, que começa na Inglaterra, lança toda uma população operária nas cidades, que não estão preparadas para acolhe-las. Neste momento da história, um conjunto de textos e de realizações de pensadores políticos sociais do século XIX se tornam as contribuições anteriores ao surgimento do Urbanismo propriamente dito.
- - O Modelo Progressista
Uma série de pensadores repudia a noção tradicional de cidade e elabora modelos que permitem reencontrar uma ordem perturbada pelo maquinismo. Este modelo, inspirada no racionalismo da filosofia das luzes, baseia-se numa concepção abstrata do homem, indivíduo mutável no tempo e no espaço, onde a ciência deve permitir a definição exata de um modelo urbano perfeito que convenha a todo grupo humano. Para os autores denominados pré-urbanistas progressistas, são as posições filosóficas, políticas, econômicas e sociais e mesmo éticas que conduzem a se interrogar sobre o papel da organização do espaço habitado, e em particular sobre a organização da cidade. Os seus principais autores são OWEN, Robert (1771- 1858), FOURIER, Charles (1772-1837), CONSIDÉRANT, Victor (1808-1893), CABET, Etiene (1788-1856), PRODHON, Pierre-Joseph (1809- 1863), RICHARDSON, Benjamin Ward (1828-1896), GODIN, Jean-Baptiste (1819-1888), VERNE, Julio (1828-1905) e WELLS, Herbert-George (1866-1946).
O modelo progressista, confia que, um certo racionalismo, a ciência e a técnica resolverão os problemas postos pelas relações dos homens com o mundo e entre si próprios. distribuídos por todos. O espaço disponível é muito aberto, pontilhado de vazios verdes, a higiene como tônica. Com rigorosa classificação instalam-se em sítios distintos e bem definidos, as áreas destinadas à habitação, ao trabalho, isto é, industrial, liberal, agrícola. Procura obter-se o rendimento máximo do homem. A cidade progressista recusa toda a herança artística do passado, para se submeter ao que chama "a geometria natural". Lógica e estética (esta nova concepção de ordem progressista) encontram-se lado a lado. Surgem diversos edifícios-tipo como por exemplo o Falanstério de Fourier e o Familistério de Godin.
O modelo Progressista é baseado em concepções que interligam o homem e a razão, com propostas relativas à melhoria das cidades. Segundo Choay (1979), deu-se um nome à concepção do indivíduo - ser humano - como tipo, suscetível às necessidades-tipos, ou seja, passou-se a compreender o habitante da cidade como uma pessoa única, com padrões de comportamento únicos, para, a partir disso, repensar as cidades para um indivíduo ou vários indivíduos que têm comportamentos iguais.
- - O Modelo Culturalista
(CHOAY, 2005) classifica também o pré-urbanismo como sendo culturalista. A corrente de pensamento de Ruskin e Morris, por exemplo, reclamava o desaparecimento da organicidade perante forças desintegradoras advindas da industrialização. Os modelos culturalistas definem ocupações extensivas em oposição ao modelo progressista através de configuração de edificações de um ou dois pavimentos entremeadas com áreas de agriculturáveis ou com vegetação natural. Neste cenário, podemos citar como exemplos de pré-urbanistas culturalistas PUGIN, Augustus Welby Nosrthmore (1812-1852), RUSKIN, John (1818-1900) e MORRIS, William (1834-1896).
O modelo culturalista sofria a influência do romantismo, valorizando, por essa razão, a imagem nostálgica. As necessidades materiais atenuam-se perante as espirituais, defendendo-se o tipo de cidade de dimensões modestas. Desta forma, procura-se descentralizar as populações dispersando-as por uma multiplicidade de pontos, e aí, reagrupá-la.
No interior das cidades, nenhum vestígio geométrico, mas sim as irregularidades e assimetrias ordenada discretamente. A estética tem, para os culturalistas, o papel que a higiene tinha para os progressistas. Em matéria de construção, ficam abolidos os protótipos, e as construções padronizadas.
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