O descaso com os moradores do conjunto habitacional Brisa do Lago
Por: mmilene • 17/10/2017 • Artigo • 2.979 Palavras (12 Páginas) • 421 Visualizações
PROCESSO URBANO E O DESCASO COM OS MORADORES DO CONJUNTO HABITACIONAL BRISA DO LAGO
Mara Milene da Silva Lima[1]
milene.eu@hotmail.com
Orientadora: Professora Me. Angela Maria Araújo Leite [2]
angeleite@bol.com.br
RESUMO
O presente artigo apresenta uma reflexão sobre o processo e a formação do espaço urbano e consequentemente mostrar a negligência por parte das autoridades no Conjunto Habitacional Brisa do Lago localizado na cidade de Arapiraca - AL. A pesquisa aponta o projeto como uma solução para ‘dar casas a quem não tem casas’ assim sucessivamente separando a população por classes social. A construção deste trabalho foi baseada em pesquisas do projeto Habitacional Brisa do Lago, leituras bibliográfica, visita ao conjunto habitacional e entrevista com os moradores do mesmo.
Palavras-chave: Brisa do Lago. Conjunto habitacional. Espaço urbano.
Arapiraca está localizada no estado de Alagoas, mas precisamente, na região Agreste. Abaixo, sua localização na fotografia de número 1.
[pic 1]Fotografia 1- Localização da cidade de Arapiraca no Estado de Alagoas.
- REFLETINDO O PROCESSO URBANO
Iniciamos esta reflexão com o significado e origem do nome urbano. A palavra em questão tem origem no Latim (urbanus) que significa (pertencente à cidade), logo urbano é tudo aquilo concernente à cidade. Segundo Corrêa (1993) o espaço urbano é constituído por um complexo de uso das terras entre si. Mas estes são fracionados em várias áreas, onde destacamos o centro da cidade, as áreas industriais e residenciais, divididas, todavia nos aspectos socioeconômicos.
O espaço urbano é mutável e é um fator condicionante da sociedade. Esse condicionamento se dar através de obras estruturais. A existência de estabelecimentos industriais e comerciais constitui fatores de desenvolvimento da economia de uma sociedade. Mas o homem, não se resume a esses aspectos, ele também é um ser simbólico, isso porque tem crenças, valores, mitos e a capacidade de atribuir símbolos. (CORRÊA, 1993, p. 96)
Assim Corrêa evidência que o espaço urbano é um reflexo da sociedade que nele habita, e a desigualdade que perpetua entre as classe sócias nada mais é que fruto da forma econômica do sistema capitalista. Uma cidade capitalista tem como prioridade a acumulação do capital e a reprodução social. As forças atuantes realizadas pelos os agentes modeladores do espaço (proprietário dos meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, o Estado e grupos sócias excluídos), permitem que os processos sócias/força atuantes, originem as formas espaciais. E esses processos são de imediato os responsáveis pela a organização desigual e mutável da cidade capitalista.
Como processo social e suas formas têm: centralização e área central; descentralização e núcleos secundários; coesão e áreas especializadas; segregação e áreas sócias, dinâmica espacial da segregação; inércia e as áreas cristalizadas. Embora estejam aqui apresentados separadamente, para caracterizá-los, os mesmo são complementares entre si. Em prol sempre da classe dominante, ou seja, do sistema capitalista.
Santos relata que:
“A questão do espaço habitado pode ser abordada segundo um ponto de vista biológico, pelo reconhecimento da adaptabilidade do homem, como indivíduo, às mais diversas altitudes e latitudes, aos climas mais diversos, às condições naturais mais extremas. Uma outra abordagem é a que vê o ser humano não mais como indivíduo isolado, mas como um ser social por excelência. Podemos assim acompanhar a maneira como a raça humana se expande e se distribui, acarretando sucessivas mudanças demográficas e sociais em cada continente (mas também em cada país, em cada região e em cada lugar). O fenômeno humano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo está, exatamente, na transformação qualitativa e quantitativa do espaço habitado. (SANTOS, 1988, p.14)”
Dessa forma, a história tangível do nosso tempo coloca a questão do lugar numa posição central, notável por pesquisadores eruditos da área onde a heterogeneidade do espaço habitado tornou-se uma característica da distribuição espacial. O fenômeno urbano com seu dinamismo está transformando-se numa realidade tensa que se recria a cada instante numa relação permanente instável. Mas, desse ponto de vista servem como intermédio entre o mundo e o individuo no que tange a lógica do desenvolvimento dos sistemas sociais.
O espaço urbano se dá no contexto dos homens que nele exercem como um conjunto de virtualidades de valores desiguais, onde o uso é disputado a cada instante, em função da forma de cada um, incluindo conexão materialística de um homem com o outro, conexão esta, que sempre toma novas formas. De acordo com Santos (1988), atualmente a cidade grande é o espaço onde a grande massa, ou seja, os fracos podem subsisti. Através da sua configuração geográfica a grande cidade torna-se palco da atividade de todos os capitais e de todos os trabalhos, despertando o fluxo migratório de população das cidades vizinhas (com infraestrutura baixa ou inexistente) e do campo. Assim ela atrai e acolhe as multidões de pobres ‘expulsos’ do campo e das cidades médias. Consequentemente o número de pobres se multiplica e enriquece cada vez mais a cidade, favorecendo a desigualdade socioespacial que se revela pela a produção da materialidade de bairros e sítios tão diferentes no que tange a forma de trabalho e de vida dos cidadãos.
A grande cidade se torna o lugar de todos os capitais e de todos os trabalhadores, isto é, a encenação de diversas ‘marginalidades’ do ponto de vista tecnológico, organizacional, financeiro, previdenciário e fiscal. Um dispêndio público progressivo conduzido à renovação e à viabilização urbana (que interessa principalmente aos agentes socioeconômicos hegemônicos) e também o fato de que a população não tem acesso aos empregos imprescindíveis, nem aos bens e serviços essenciais impulsionam a uma significante crise urbana. Algumas atividades continuam a avançar, ao passo que a população se empobrece e atenta a degradação de suas condições de subsistência. É impossível esperar que uma sociedade com tais características, radicalmente desigual e autoritária, baseada em relações de privilegio e arbitrariedade, possa produzir cidades que não tenham esses aspectos.
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