Psicologia
Artigos Científicos: Psicologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 20/3/2015 • 640 Palavras (3 Páginas) • 327 Visualizações
No decorrer de sua breve história, a Psicologia Social
tem se caracterizado pela pluralidade e multiplicidade de
abordagens teóricas adotadas como referenciais legítimos à
produção de conhecimentos sociopsicológicos. Tal contexto
tem dificultado sobremaneira a delimitação do objeto de estudo
ou mesmo dos vários objetos de estudo dessa disciplina.
Contudo, o binômio indivíduo-sociedade, isto é, o estudo
das relações que os indivíduos mantêm entre si e com a sua
sociedade ou cultura, sempre esteve no centro das preocupações
dos psicólogos sociais, com o pêndulo oscilando ora
para um lado, ora para o outro.
Assim é que, em seus primórdios, a Psicologia Social
adotou uma abordagem eminentemente molar, dedicandose
prioritariamente ao estudo dos processos socioculturais e
concebendo o indivíduo como integrante desse sistema. Com
o passar do tempo, porém, ela foi progressivamente adotando
níveis mais moleculares de análise e se tornando mais individualista,
ao se focalizar cada vez mais na investigação de
processos intraindividuais. Em reação a tal individualização,
a Psicologia Social irá assistir a outras mudanças de rumo,
responsáveis pelo desenvolvimento de abordagens que se
voltam novamente para a análise de eventos e processos
histórica e culturalmente situados e dinâmicos.
A ênfase maior dada ao indivíduo ou à sociedade fez
com que diferentes autores (House, 1977; Stephan & Stephan,
1985) começassem a defender a existência de duas
modalidades de Psicologia Social: a Psicologia Social
Psicológica e a Psicologia Social Sociológica. A Psicologia
Social Psicológica, segundo a definição de G. Allport (1954),
que se tornou clássica, procura explicar os sentimentos,
pensamentos e comportamentos do indivíduo na presença
real ou imaginada de outras pessoas. Já a Psicologia Social
Sociológica, segundo Stephan e Stephan (1985), tem como
foco o estudo da experiência social que o indivíduo adquire
a partir de sua participação nos diferentes grupos sociais com
os quais convive. Em outras palavras, os psicólogos sociais
da primeira vertente tendem a enfatizar principalmente os
processos intraindividuais responsáveis pelo modo pelo qual
os indivíduos respondem aos estímulos sociais, enquanto os
últimos tendem a privilegiar os fenômenos que emergem dos
diferentes grupos e sociedades.
Para além dessa já hoje clássica divisão, a Psicologia
Social desdobrou-se, mais recentemente, em outra vertente,
qual seja a Psicologia Social Crítica (Álvaro & Garrido,
2006) ou Psicologia Social Histórico-Crítica (Mancebo &
Jacó-Vilela, 2004), expressões que abarcam, na realidade,
diferentes posturas teóricas. Assim é que, de acordo com
Hepburn (2003), tanto o Socioconstrucionismo (Gergen,
1997) e a Psicologia Discursiva (Potter & Wetherell, 1987),
como a Psicologia Marxista, o pós-modernismo e o feminismo,
entre outros, contribuem atualmente para o campo
da Psicologia Social Crítica. Tais perspectivas guardam em
comum o fato de adotarem uma postura crítica em relação às
instituições, organizações e práticas da sociedade atual, bem
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M. C. Ferreira
como do conhecimento até então produzido pela Psicologia
Social a esse respeito. Nesse sentido, colocam-se contra a
opressão e a exploração presentes na maioria das sociedades
e têm como um de seus principais objetivos a promoção da
mudança social como forma de garantir o bem-estar do ser
humano (Hepburn, 2003).
A evolução da Psicologia Social, nas diferentes partes
de mundo, vem ocorrendo, de certa forma, associada às
várias modalidades ou vertentes da disciplina. Assim é que,
na América do Norte, e mais especialmente nos Estados
Unidos da América, a Psicologia Social Psicológica foi e
continua sendo a tendência predominante. Já na Europa, é
possível se notar uma preocupação maior com os processos
grupais e socioculturais, que sempre estiveram na base das
preocupações da Psicologia Social Sociológica. Por outro
lado, na América Latina, verifica-se a adoção da Psicologia
Social Crítica como abordagem preferencial à análise dos
graves problemas sociais que costumam assolar a região.
O objetivo do presente trabalho é fazer um breve balanço
do estado atual da Psicologia Social, no plano nacional e
internacional. Para tanto, inicia-se com uma breve revisão
das principais tendências teóricas e temáticas que marcaram
a evolução da Psicologia Social na América do Norte, para,
em seguida, discutir as características mais relevantes da disciplina
na atualidade, no contexto norte-americano, europeu
e latino-americano. Posteriormente, detém-se na análise da
recente produção brasileira em Psicologia Social, procurando
compará-la com as tendências anteriormente apontadas.
À guisa de conclusão, discute os desafios futuros que se
colocam à produção nacional dessa área de conhecimento,
especialmente no que diz respeito à sua visibilidade e impacto
no cenário acadêmico internacional.
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