RESUMO: Artigo I - Cultura e Identidade Surdas

Artigo I - Cultura e Identidade Surdas:

Encruzilhada de Lutas Sociais e Teóricas

Os surdos são estigmatizados historicamente como sub-humanos, sendo eles excluídos profissional e socialmente, trazendo à tona a discriminação tendo como fonte a linguagem. Essa distinção aceita socialmente vem sendo motivo de luta, já que a comunidade surda deseja sair do âmbito patológico e ser considerada uma minoria social assim como negros e índios.

A identidade surda

Os estudos feitos sobre a comunidade surda se baseiam apenas na língua, o que caracterizaria a linguagem como pressuposto fundamental para a identidade surda. Entretanto, segundo Bergamo e Santana (2005, p.568) “o fato é que não existe uma identidade exclusiva e única, como a identidade surda. Ela é construída por papéis sociais diferentes e também pela língua que constrói nossa subjetividade”.

A construção da identidade do surdo não está necessariamente ligada a língua de sinais, como é visto no relato de José, a identidade deve ser entendida como resultado de práticas sociais de seres particulares. A identidade é constituída a partir de diferentes papeis assumidos e portanto não se pode entender como identidade surda e sim, como a identidade de individuo cheio de particularidades e surdo.

A cultura surda

Na área da surdez, a cultura geralmente é atribuída a língua de sinais e as ações compensatórias dos surdos para interagir com o mundo. Entretanto, há uma discussão sobre a questão, alguns acreditam não pode haver uma cultura surda apenas baseada na língua, argumentando que os surdos estão inseridos na cultura ouvinte, a comunidade surda seria apenas uma particularidade do universo social. Já outros, acreditam que “assumir a existência de uma “cultura surda”, tanto no interior da comunidade surda quanto no interior do campo de pesquisas universitário, implica também assumir uma separação entre surdos e ouvinte”. (BERGAMO; SANTANA,2005, p.574)

Na encruzilhada

A divisão social se legitima a partir do saber leigo e o reforço desse saber no meio acadêmico de forma crucial e discutível por meio do uso da língua. Esse jogo teórico, mostra a cisão na academia sobre que forma analisar determinada identidade e cultura, dessa maneira a um negligenciamento das complexidades. E segundo os autores, na prática, afastar-se de estratégias expressivas legitimadas e de formas de pesquisa predefinidas e autorizadas pode representar o risco de uma perda de “identidade”.

A partir do estudo do artigo “Cultura e Identidade Surdas: Encruzilhada de Lutas Sociais e Teóricas” pudemos perceber como a identificação e noção cultura se torna um campo de lutas políticas e sociais para reconhecimento dos surdos. Essa luta vai além da luta por direitos, é uma luta pela normalidade do sujeito surdo e pela sua integração a sociedade.

Também foi possível entender que a comunidade surda e seus indivíduos vão além da língua de sinais, eles tem suas particularidades, não sendo homogêneos em suas identidades.