RONCAYOLO, M. 1999. Mutações do espaço urbano a nova estrutura da Paris haussmanniana
Por: Letícia Ribeiro • 16/6/2015 • Resenha • 555 Palavras (3 Páginas) • 716 Visualizações
RONCAYOLO, M. 1999. Mutações do espaço urbano a nova estrutura da Paris haussmanniana
RESENHA DE MEIO AMBIENTE URBANO
As grandes cidades europeias, em sua maioria, são atingidas por essas ondas de transformação que acompanham as mudanças decisivas no plano técnico e social. Paris não fugiu à regra e tomou forma de modelo em escala mundial, tornando-se espaço de encontro internacional, “é o centro do universo, é o coração da humanidade”, como diz Grand Dictionaire. A intenção não era criar um lugar de produção, mas sim de modernização e para isso fora parcialmente demolida e reconstruída e assim permaneceu por quase um século.
No centro destas transformações encontra-se a haussmannização, do século XIX, que é como ficou conhecido o projeto de modernização e embelezamento estratégico de Paris determinada por Napoleão III e realizada pelo Barão Haussmann. O projeto consistia em demolir e reconstruir ruas para que tivessem uma organização geométrica.
O espaço haussmanniano é, inicialmente o espaço público, ordenado em torno das ruas e boulevards, lugar privilegiado da intervenção pública, do interesse público. Segundo um economista da época, “a lei desapropria as propriedades, o poder municipal limpa o terreno e abre as ruas: em seguida é aos esforços dos indivíduos que cabe construir, apropriar-se e alugar as novas habitações”, porém, o remanejamento do espaço urbano pode responder a intenções múltiplas.
Com a industrialização explode o cenário material, principalmente nos transportes, sendo o modelo de circulação aquele que se impõe à transformação urbana, facilitando os fluxos e diminuindo as distancias. É preciso tomar a cidade em sua totalidade, sendo capaz de dar uma circulação livre e sanar os bairros mais excluídos. Porém é necessário não limitar a intervenção a apenas um aspecto, mas sim às práticas da cidade, que implicam um novo uso, uma nova valorização do espaço urbano, justificando as mudanças da paisagem.
Em 1867, Edmond About disse, no Paris Guide, que após a demolição, um quarto do terreno original custaria mais caro do que foi pago pelo todo anteriormente, pois as ruas largas construídas atrairiam muitos desocupados que “tem o hábito e a necessidade de ir sem dificuldade onde o prazer os chama”.
Essa concepção do espaço urbano como local de mobilidade reforça a intenção da equipe haussmanniana. A cidade reconstruída, por sua vez, é criticada por sua falta de estilo, seus prédios iguais, que responde à banalização dos gostos da clientela e à homogeneidade do mercado imobiliário almejada durante as operações de construção.
Como lembra Benevolo, “o caráter dos espaços provem mais dos movimentos da multidão e dos veículos do que dos edifícios que os envolvem” (p.94), desta forma, as ruas largas e avenidas formam uma mistura de contatos, entre o velho e o novo e os boulevards tornam-se lugar de vida social, mas para o mundo burguês, acentuando a divisão social.
Essas diferenças emanam também da própria haussmannização, que se mostra mais uma experiência do que uma doutrina. Embora as ruas fossem largas, ainda permaneciam fechadas entre edifícios, tornando-se perceptível a necessidade de jardins pulmões e esboços de cirturão verde, que tomam os “espaços livre”
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