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Resenha Crítica Iná Elias de Castro

Por:   •  14/6/2023  •  Resenha  •  2.242 Palavras (9 Páginas)  •  104 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – DGC

COMPONENTE CURRICULAR: GEOGRAFIA POLÍTICA – TIND 2023.1

DOCENTE: DR. LEANDRO VIEIRA CAVALCANTE

AVALIAÇÃO UNIDADE II

RESENHA

Geografia e política:

Territórios, escalas de ação e instituições

CASTRO, Iná Elias de. Geografia e política: Territórios, escalas de ação e instituições. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 2005. 304 p.

Jaedson Zeferino de Araújo

@jaedsonzeferino@gmail.com

A professora Iná Elias de Castro, titular do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro é responsável pela coordenação do GEOPPOL - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Política e Território. Sua experiência está na área de Geografia Política, tendo desenvolvido estudos sobre o discurso político e o regionalismo na Região Nordeste. Atualmente, sua pesquisa está focada nas relações entre o sistema político-institucional e o território, com atenção especial às escalas políticas e à democracia como problema conceitual e espacial. A partir dessa perspectiva, ela explora as questões relativas ao espaço político e às diferentes formas que ele assume na relação entre a política e a ordem espacial. Esse enfoque tem estimulado o aprofundamento teórico conceitual e empírico sobre esses espaços políticos.

Discutir o objeto de estudo da Geografia Politica direciona a temática de abordagem primordial na construção e reflexão desta obra. Portanto, para a autora, a epistemologia da Geografia Política baseia-se na relação entre o estudo e análise da política – expressão e modo de controle de conflitos sociais – e o território – base material e simbólica da sociedade – configurando-se como rumo/campo de estudo da ciência geográfica, podendo ser compreendida como um conjunto de ideias políticas e acadêmicas sobre a relação entre essas duas grandes temáticas científicas.

Eventos históricos entre os séculos XIX e XX marcaram as primeiras discussões da geografia política, uma vez que a ciência geográfica era utilizada pela ciência política como ferramenta de expansão de diversos territórios e ideologias deterministas por todo o continente europeu. Nesse período podemos destacar as estratégias geopolíticas regional e global baseadas nos estudos do geógrafo Friedrich Ratzel e da Escola Alemã, que influenciaram negativamente para o surgimento de um dos períodos da humanidade mais obscuros e cruéis: A ascensão e declínio do nazismo alemão, fascismo italiano e do holocausto do povo judeu. Posteriormente, os estudos da Geografia Política caíram no ostracismo.

A partir das décadas de 1970, 1980 e 1990, a Geografia Política passa a gerar discussões cada vez influenciadas por teorias marxistas, apresentando um pluralismo metodológico amplo e com resultados quase sempre direcionados a crítica ao sistema econômico capitalista. Para alguns cientistas dessa época, a geografia política estava apresentando analises falhas e resultados enviesados por ideologias, alimentando um determinismo nas ciências sociais. Em contramão desse pluralismo metodológicos, alguns cientistas propõem outras possibilidades de se estudar a Geografia Política, se desprendendo do tradicional.

Kenin Cox propõe estudos a partir da localização e da força estruturante dos fenômenos políticos, privilegiando estudos de uma geografia eleitoral sob a forma de políticas públicas. John Agnew critica os métodos de redução e holísticos de compreender o politica e a geografia, havendo somente a compressão dos fenômenos baseados em sua escala de atuação. Jean Gottmann propôs a metodologia baseada nas decisões da política e da geografia, conhecidos como sistemas de movimentos e sistemas de resistência ao movimento. O primeiro relacionado a circulação no espaço, e o segundo relacionado as ideias abstratas, não-material, simbolismos, que ele denominou de iconografia. A iconografia se fortalece em três pilares: a religião, a politica e a organização social. O nacionalismo é uma iconografia, que encontra em suas crenças e símbolos a resistência as mudanças e que limita o movimento.

Houveram dois momentos cruciais para a construção da disciplina de geografia política, ambos tiveram início no século XX com resultados que reverberam até os dias atuais. O primeiro momento está relacionado a utilização da disciplina como ideologia de expansão estatista alemã no continente europeu. O segundo, tomando como base o eixo de analise das relações de classe e o poder das sociedades capitalistas, com base no materialismo histórico, o que podem ter resultado em seu enfraquecimento como disciplina.

No século XXI, a geografia politica mundial se viu diante de dois grandes desafios, haja vista uma guerra eminente entre o maior estado-nação do mundo, berço do sistema político capitalista, os Estados Unidos da América – EUA, que decidiu guerrear contra alguns movimentos que surgiram no Oriente Médio, desta forma não havendo um território definido ou materializado, uma vez que a guerra se valia de um componente ideológico, originando uma série de problemas humanitários, como o aumento de refugiados, ou a xenofobia. Houveram sanções, tenções, guerras civis, conflitos armados no oriente médio, financiados pelos EUA.

Diversos países não concordam e optam por não se comprometerem com o maior estado-nação do mundo. Desta forma, o desafio da geografia politica atual é adaptar-se a natureza do fato político é utilizar os meios colocados a sua disposição para preservar tudo aquilo que lhe é favorável, incluindo o território, as instituições e as normas que estruturam a organização das sociedades no espaço.

Nas universidades, a disciplina passa a ser institucionalizada e reconhecida como tal, a partir da compreensão de que a geografia política analisa as relações sociais e os conflitos que se territorializam, ou seja, materializam-se em disputas entre grupos e classes sociais, independentemente da escala – local, territorial, regional, nacional, que organizam o território do modo mais adequado aos seus interesses. Essas disputas no interior da sociedade, criam movimentos políticos como representação de interesses e definem um campo importante da análise geográfica.

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