TEXTO SOBRE INTEGRAÇÃO TERRITORIAL BRASILEIRA: FRONTEIRAS E CONFLITOS NA AMAZÔNIA.
Por: Karin Berwanger • 24/5/2017 • Trabalho acadêmico • 1.028 Palavras (5 Páginas) • 1.047 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
PROF. MARLON BRANDT
KARIN BERWANGER
TEXTO SOBRE INTEGRAÇÃO TERRITORIAL BRASILEIRA: FRONTEIRAS E CONFLITOS NA AMAZÔNIA.
CHAPECÓ
2017
O Brasil é um país de grandes riquezas naturais, bem como extensões territoriais continentais, resultando em vastas fronteiras conflituosas. A maior diversidade de flora e fauna do território brasileiro é encontrada em domínio amazônico. A larga disparidade de riquezas atraem grandes proprietários de terras, latifundiários e trabalhadores pelo propósito de exploração dos recursos naturais. Além da exploração, á constantes conflitos em sua fronteira, que são caracterizadas por lutas étnicas e sociais.
Segundo Costa (1988), o problema do domínio geopolítico da Amazônia é histórico, desde a ocupação pelos portugueses. Por ser um território grande, que a pouco tempo era privado da comunicação terrestre, as políticas de ocupação culpavam as estratégias geopolíticas (militaristas) pela exploração econômica.
Até duas décadas atrás, essa ocupação limitava-se á franja litorânea e as faixas de terra ribeirinhas dos principais rios navegáveis. Os ciclos de exploração econômica, por sua vez, pouco alteraram esses quadro, já que se trataram, em geral, das atividades extrativas (especiarias, borrachas, castanhas, etc.), que como sabemos, são incapazes de gerar ocupações duradouras. Isto vale para a exploração da borracha, mesmo considerando o fluxo de migrantes gerado por essa atividade. Á exceção do crescimento de Manaus e Belém, essa exploração não foi capaz de gerar um povoamento de fato na região, que continuou limitado ás terras ribeirinhas. (COSTA, 1988, p. 66,67).
As mudanças estruturais ocorridas nas fronteiras no final do século XX importantes para a Amazônia. A economia passou de extrativista para industrializada. A incorporação de novas comunicações auxilia na degradação da natureza assim como a abertura de rodovias que também contribuíram para a exploração do recursos naturais. Houve uma mudança estrutural da sociedade, que deixou as terras ribeirinhas e passou a ocupar as beiras das rodovias, colaborando para o crescimento urbano.
Martins (1995) destaca algumas contrariedades para entender os fatos sociais da fronteira, mencionando a fronteira como um lugar dos desencontros, com ligação ao outro quanto em ligação à natureza, sendo um lugar de disputas e conflitos sociais. Os migrantes são vítimas, dominadas pelos exploradores da força de trabalho.
A ditadura militar ocorreu em 1964 a 1985, foi um período de aceleração da ocupação da Amazônia e expansão da economia. Como consequência, os nativos (tribos indígenas, camponeses) que habitavam o local perderam suas terras, isso ocasionou conflitos violentos entre indígenas, camponeses e grandes latifundiários que buscavam dominar os territórios e incorporar a Amazônia na economia nacional.
Martins (1995) aborda o fato de que novas atividades econômicas surgiram após a expulsão de indígenas e camponeses de suas terras, como o latifúndio moderno que é vinculado com empresas estrangeiras e nacionais.
Os investimentos de novas atividades econômicas no estado da Amazônia era de interesse público, que procurou ocupar as terras com pessoas menos favorecidas, os habitantes do nordeste que eram brutamente atingidos pelas intensas secas e se obrigavam a buscar novas condições de vida. Mas os interesses iam muito além de ocupar as terras da Amazônia, os grandes latifundiários e fazendeiros buscavam mão de obra escrava, e iludiam os migrantes que vinham de diferentes regiões com melhores condições de vida, empregos de qualidade e um bom salário.
[...] Práticas de violência nas relações de trabalho, como escravidão por dívida, próprias da história da frente de expansão, são adotados sem dificuldade por modernas empresas da frente pioneira. Pobres povoados camponeses da frente de expansão, permanecem ao lado de fazendas de grandes grupos econômicos, equipada com o que a de mais moderno existe em termos de tecnologia. (MARTINS, 1995, p. 40)
A abordagem do filme “Nas terras do Bem Virá” trata sobre a escravidão dos menos favorecidos existente nos tempos atuais. Pessoas deixavam suas origens em busca de trabalho e nunca mais são vistas, as famílias ficam sem notícias. Os fazendeiros atraiam pessoas menos favorecidas, pobres para a Amazônia com promessas de uma vida melhor, mas chegando nas grandes fazendas o trabalhador se deparava com uma realidade de plena escravidão, sem casa, sem higiene, sem água, sem comida e deveriam pagar as “dívidas”: o adiantamento de salário, passagem até a fazenda. Os grandes fazendeiros utilizavam algumas estratégias para que o empregado se endividasse e nunca pudesse sair da fazenda, como ponto de venda de lanches e prostitutas. Os empregados que tentavam fugir eram muitas vezes pegos, pois não conheciam o local, e os que conseguiam buscavam ajuda em delegacias e com agentes pastorais. Dorothy Stang foi uma missionária americana que lutava contra latifundiários e fazendeiros pelo fim da escravização e pela retirada de indígenas e camponeses das suas terras. Ela buscava conquistar direito de terra para trabalhadores rurais que eram explorados. Em 2005 Dorothy após muitas ameaças, foi morta por um fazendeiro. Por não haver fiscalização governamental correta o trabalho escravo é muito comum nas regiões do norte e nordeste do Brasil.
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