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A Historiografia colonial portuguesa

Por:   •  30/5/2018  •  Resenha  •  1.382 Palavras (6 Páginas)  •  192 Visualizações

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De acordo com Claudia Castelo, a historiografia colonial portuguesa em terras africanas passou por grandes mudanças isto devido ao fato de que ao fim da presença portuguesa nos grandes territórios de Angola e Moçambique esse debate historiográfico era, em medida, alimentado por uma evidente polarização ideológica de um lado os que se alinhavam com o regime instituído pelo Estado Novo português, onde resistia as transformações no continente africano insistia na realidade desterritorializada e multirracial da nação portuguesa os que se opunham a ditadura fascista e colonialista presente em Portugal e nas suas colônias, e que com o fortalecimento em meados dos anos 60 por meio da eclosão dos movimentos de libertação nacional procuravam diminuir os enganos de um colonialismo que durou cinco século de suposta continuidade espiritual existente entre a metrópole e os territórios ultramarinos.

O trabalho da Claúdia Castelo, pertence ao que há de mais vigoroso em Portugal. Dentro dos seus textos é possível perceber que a autora defrontou a mística que envolvia o colonialismo português, e a incorporação do luso-tropicalismo freyriano com a intensão de perpetuar a presença lusitana em territórios africanos. Dessa maneira, a autora desenvolveu uma história pautada em críticas de ideias, tempo por base, a obra de Freyre, revelando as distintas leituras, por vezes antagônicas, mesmo antes de Portugal obter a ideologia oficial do regime.

Nesse cenário ganha espaço o luso-tropicalismo que acabaria por afetar a vida portuguesa e mesmo, de todos aqueles que se encontravam nos territórios que estavam sob o domínio da administração colonial de Portugal. É a partir dessa ideologia que os jovens foram obrigados ao alistamento militar e a participar de uma guerra em terras distantes e mesmo aqueles que buscavam nas colônias aquilo que lhes era negado em Portugal.

Claúdia Castelo, em Passagens para África prevalece o mesmo rigor crítico encontrado em seus trabalhos anteriores. A autora tem como propósito descrever o fluxo dos colonos para as colônias de Angola e Moçambique em boa parte do século XX. A presença portuguesa nestes territórios sempre foi relativamente pequena entre o final do século XIX e início do século XX, mas ela passou a ser crescente entre os anos 20 e início dos anos 70, momento este em que houve pretensões de transformá-la em verdadeiras colônias de povoamento.

Entendemos que o caráter anacrônico assumido pelo colonialismo português em África, a existência de colônias penais até o século XX não deveria interferir na pesquisa, assim, Claúdia procura revela mesmo que de forma desigual ao longo do tempo o estabelecimento natural da metrópole nos grandes territórios africanos. A autora faz uma comparação dos assentamentos dos colonos em Angola e Moçambique com outras experiências europeias no continente africano, em particular na Argélia, no Quênia, na África do Sul, na Rodésia do Sul, distanciando assim, a experiência lusitana nos grandes territórios africanos da que tinha ocorrido do Brasil.

Torna-se evidente que o Brasil não entra nessa comparação, pois ele surge como uma espécie de problema para os que queriam desde o início do século XX, redirecionar os fluxos migratórios portugueses. Em Angola e Moçambique a experiência dos colonos metropolitanos assemelhava antes com os assentamentos brancos da África do Sul, do Quênia que tendiam a concentração em pontos urbanos com condição de saneamento e onde se sentiam protegidos diante das populações autóctones nativas que até então era desconhecida e ameaçadora. O número reduzido de famílias brancas no território que ocupavam cargos burocráticos, a criação de espaços sociais destinados apenas para a população branca no território marca a segregação da pele branca frente ao elemento autóctone e assim, o florescimento pela rejeição violenta da miscigenação.

Com o processo da descolonização e seu compromisso com o Ultramar a maioria da população natural da metrópole volta a Portugal provavelmente este é um dos motivos que envolve as dificuldades em torno dos novos motivos a cerca dos países africanos, mas o principal justificativa seria as fortes ligações familiares que mantinham com sua terra natal, o mesmo não ocorria com as colônias britânicas, pelo menos não na África do Sul e na Rodésia.

O que vem a ser relevante são as memórias daqueles que passaram boa parte de suas vidas em Angola e Moçambique, ou seja, os que de fato se inseriam nas colônias portuguesas nessas regiões. E o quanto foi importante o interesse das novas gerações para com essas histórias e os silêncios dos pais e avos que foram definitivamente marcados por um retorno nem sempre tranquilo dos tempos africanos. Esse interesse não é mais apenas dos portugueses, pois do lado africano as histórias sobre os tempos coloniais faziam parte do dia-a-dia dos angolanos e moçambicanos. Geralmente foram histórias sobre os colonos ou sobre os brancos que se foram.

O Boletim nos permite conhecer minimamente as informações que dispunham sobre o continente africano como eram as relações entre colonizadores e colonizados, quais suas expectativas. O trabalho, assim, ganha grande densidade. Sempre matizando os problemas e limites do material disponível têm por muitas vezes a concretização das relações entre nativos e colonos. Para

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