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A Legitimação da Ditadura Militar pelo futebol.

Por:   •  25/10/2017  •  Artigo  •  698 Palavras (3 Páginas)  •  194 Visualizações

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A LEGITIMAÇÃO PELO FUTEBOL

No ano de 1970 já se tinha passado 6 anos do golpe militar que depôs o presidente João Goulart do poder. O novo presidente agora era Emilio Garrastazu Médici. Neste ano a seleção brasileira de futebol tinha sido classificada para a copa do mundo de forma invicta, 6 jogos, 6 vitórias. O ataque fez 23 gols e a defesa levou apenas dois gols. A copa era o assunto do momento. O governo de Médici era o mais violento até o momento e até mesmo posteriormente, devido a tortura de “subversivos” e mesmo o aumento da violência causado pelos movimentos de esquerda que sequestravam diplomatas em troca de presos políticos e recorriam a pratica de assaltos à bancos.

A copa do mundo era no México e o presidente do regime à época era Médici, que era um grande fã do futebol. O presidente inclusive participou da inauguração do Morumbi no dia 25 de Janeiro de 1970, andou pelo gramado e recebeu aplausos do estádio lotado. Foi inaugurado com um jogo de São Paulo e Porto, ficando o jogo 1 a 1 e contando também com a presença do governador de São Paulo Abreu Sodré, também integrante do partido ARENA.

O ditadura militar já buscava legitimidade para o regime utilizando do milagre econômico, fruto de medidas governamentais e o crescimento das economias globais e do ufanismo para explorar o sentimento do povo, principalmente da classe média que graças a economia crescendo em um nível muito alto, pode realizar o sonho de comprar eletrodomésticos, carros e outros produtos que seriam impensáveis em outras épocas.  

O regime via no futebol uma forma de desviar a atenção do público das atrocidades que o regime fazia com os “subversivos”. O historiador Marco Antonio Villa, diz em seu livro DITADURA À BRASILEIRA que “ Para o regime, a conquista da Copa tinha um papel importante. Era mais um esforço para legitimar o governo, a “revolução”. Isso explica o interesse demonstrado quando houve a crise que levou à demissão do técnico João Saldanha, em Março.”

A seleção chegou ao final após 5 vitórias, o ataque fazendo 15 gols e a defesa levando 6. A conquista da copa por 4 a 1 sobre a Itália fazia do Brasil o primeiro país tricampeão do mundo e  juntando isso com o progresso econômico e com a propaganda ufanista do regime, com slogans como “Nada segura esse país”, “Brasil, ame-o ou deixo-o” ou “Este é um país que vai para frente” deu o suporte necessário que o regime precisava para legitimar o regime então presente. Médici fez um discurso associando a conquista com o regime: “Na vitória esportiva, a prevalência de princípios que nos devem armar para a luta em favor do desenvolvimento nacional. É desse clico a nossa conquista, a vitória da unidade e da conquista de esforços. A vitória da inteligência e da bravura, da confiança e da humildade, da constância e serenidade dos capacitados, da técnica, do preparo físico e da categoria”.

A difusão da televisão ajudou bastante junto com a EMBRATEL que televisionava os jogos da seleção brasileira. O regime também utilizou de fotos em que aparecia Médici com a taça ou ao lado de jogadores de destaque como o Pelé ou mesmo o presidente cumprimentando os jogadores oficialmente e coisas deste tipo. Lançou-se até uma musica na época sobre a conquista da seleção brasileira que se chamava “Sou tricampeão” do grupo Golden Boys exaltando o nacionalismo brasileiro. Tudo isso indo de encontro com o desejo brasileiro, mesmo que nem sempre de forma consciente.

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