A RELIGIOSIDADE NA BAHIA COLONIAL: AS AÇÕES DO SANTO OFÍCIO E A SANTIDADE
Por: guedes25 • 25/10/2017 • Trabalho acadêmico • 2.030 Palavras (9 Páginas) • 383 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM HISTÓRIA
MICHELE GUEDES DOS SANTOS
A RELIGIOSIDADE NA BAHIA COLONIAL: AS AÇÕES DO SANTO OFÍCIO E A SANTIDADE
FEIRA DE SANTANA-BA
2017
MICHELE GUEDES DOS SANTOS
A RELIGIOSIDADE NA BAHIA COLONIAL: AS AÇÕES DO SANTO OFÍCIO E A SANTIDADE
Produção de texto apresentado em cumprimento de uma das notas avaliativas do curso de Licenciatura em História, da Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS. Como conteúdo avaliativo da disciplina CHF186 História da Bahia I, ofertada pelo Departamento de Ciências Humanas e Filosofia, ministrada pela docente Dra. Zeneide Rios de Jesus.
FEIRA DE SANTANA-BA
2017
Tema 05 -A religiosidade na Bahia colonial: as ações do Santo Ofício e a Santidade
O ponto de partida para a reflexão sobre a temática da religiosidade na Bahia colonial, terá como tema as ações do Santo Oficio ocorridas em algumas cidades. Para analisar essa temática, será usado o texto de Luiz Mott, “Quatro mandingueiros do sertão de Jacobina nas garras da inquisição”, e o de Jamile Macedo Oliveira Santos, “Um contraponto indígena no cenário colonial: A santidade de Jaguaripe e o processo de circularidade cultural no recôncavo da Bahia (1585-1593).
A religiosidade na Bahia colonial é um ponto de discussão que concentra por si só várias definições, para uma infinidade de realidades religiosas. Grande parte dessas identidades está ligada à cultura, ou, à tradição cultural, das várias heranças que compõem o Brasil. Essas tradições, ao longo do tempo sofreram mutações, sendo algumas delas tão profundas, que acabaram fundindo as culturas e dando novo sentido às mesmas. (MELLO,2010, p.47).
O Brasil, antes mesmo da chegada dos europeus, já era um lugar em que a religiosidade se fazia presente devido aos povos indígenas que aqui habitavam. Com a chegadas dos europeus e de outros povos, várias religiões também fariam parti da nação brasileira, sendo elas, o catolicismo, judaísmo, religiões de matriz africana contribuíram para a formação cultural e religiosa desse país.
É importante ressaltar que a religiosidade possuía um espaço reservado na vida do homem colonial, mas que, com o passar dos séculos, ela foi adquirindo outro sentido, assumindo para si outras atribuições, e deixando também características próprias de lado. (MELLO,2010, p.22).
Outras formas de representação religiosa no Brasil colonial, tomando como base a Bahia colonial foram duramente reprimidas pela Igreja Católica e o estado português. Como repressão as outras religiões foram mandados para a Bahia inquisidores que trabalhavam no policiamento numa forma de justiça religiosa.
A atuação do tribunal da inquisição no Brasil, mesmo não tendo uma sede aqui conseguiu atuar de forma eficaz pois oferecia cargos que atraíam pessoas da sociedade colonial com maior poder aquisitivo. Foi através dessas pessoas que muitos colonos, principalmente os negros e os indígenas sofreram as consequências desse mesmo tribunal.
Uma das atuações do tribunal do Santo Oficio ocorreu no interior da Bahia, na cidade de Jacobina onde quatro negros foram transportados para os cárceres de Lisboa. (MOTT,2010, p.101). Esse episódio relatado por Mott, mostra que essas ações muitas vezes ocorriam por motivos que podem ser considerados sem valor para ser julgado, como foi o desse caso onde esses mesmos negros foram sentenciados apenas por usarem “bolsas de mandingas, ou os Patuás” popularmente conhecidos. O uso supersticioso da “patuás” ou bolsas de mandingas, dois termos de origem africanas encontrados na documentação inquisitorial desde o século XVIII, é documentado de norte a sul da colônia. (MOTT,2010, p.103).
Analisando o contexto da época com as ações do Santo Oficio, percebe-se que a condenação dos negros, serviu mais como exemplo para outras pessoas que também usavam esses amuletos como proteção, do que como desvio da fé como era chamado, e com isso, não desobedeceriam as ordens da igreja.
Outra ação do Santo Oficio, foi percebida através da primeira visita do inquisidor quando eles depararam-se com um movimento que estava crescendo cada vez mais na cidade de Jaguaripe também na Bahia. Esse movimento seria as santidades, assim chamavam os portugueses, foram fenômenos religiosos que incorporavam elementos da cultura indígena e da religião catolica, e ao mesmo tempo tinham cunho de revolta contra a exploração colonial e contra o processo de catequização. (SANTOS,2013, p.3).
As santidades descrita por Santos, na cidade de Jaguaripe, mostrou que esse movimento foi uma forma de resistência contra a colonização portuguesa. Vainfas no livro A Heresia dos Índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial, aborta esse tema falando que a atuação da santidade no contexto da época foi bastante documentada por cronistas e padres jesuítas (desses últimos, muitos estavam envolvidos no processo de catequese dos tupinambás), relatos esses em que aparece inclusive o nome de alguns colonos, como por exemplo, o do senhor de escravos Fernão Cabral de Taíde. Acusado de oferecer aliança e proteção a uma seita que preconizava a morte dos portugueses e o fim da escravidão, o caso de Taíde é um dentre alguns outros em que o autor tenta mostrar que o caráter da Santidade do Jaguaripe angariou adeptos mesmo entre os portugueses.
A santidade seria então um movimento que diante das imposições garantidas pela superioridade militar do português, índios e negros resistiram ao colonialismo e à escravidão rejeitando a assimilação completa da cultura europeia. Muitas vezes, quando obrigados a abandonar suas crenças e costumes para adaptarem-se às exigências do conquistador, encontravam formas de preservá-los.
A religiosidade no Brasil colonial foi marcada pela influência do Cristianismo quer entre as populações de colonos quer entre os povos por eles submetidos. Apesar dos esforços continuados da Igreja Católica, para integrar as crenças religiosas dos indígenas e dos africanos, no sistema cristão, a verdade é que a resistência por parte dos povos foi um facto e as suas crenças ancestrais subsistem até aos dias de hoje numa apropriação cultural de princípios cristãos e não cristãos.
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