A Revolução Industrial Ao Movimento Operário - As Origens do Mundo Contemporâneo
Por: lily20 • 15/2/2018 • Resenha • 9.688 Palavras (39 Páginas) • 501 Visualizações
COGGIOLA, Osvaldo, Da Revolução Industrial ao Movimento Operário, 11ª edição, Porto Alegre, Editora Pradense, 2010.
Osvaldo Luis Angel Coggiola, nasceu em Buenos Aires, no ano de 1952, é um historiador argentino, residente no Brasil; cresceu em Córdoba, onde estudou Economia e História. Em 1976, por seu ativismo político, foi expulso da Universidade de Córdoba, passando a viver exilado até o final da ditadura argentina. Na França, concluiu seus estudos de graduação em História e Economia Política (com a dissertação intitulada L'Opposition de Gauche en Argentine), na Universidade Paris 8 (Vincennes-Saint-Denis), especializando-se em História pela mesma universidade (com a dissertação Mouvement ouvrier et partis de gauche en Argentine). Em seguida, concluiu o doutorado em História Comparada das Sociedades Contemporâneas (com a tese Le mouvement trotskiste en Argentine) pela École des hautes études en sciences sociales. A partir de 1981, estabeleceu-se no Brasil, onde defendeu sua tese de livre-docência (O Destino de uma Revolução - Ensaios sobre a História Contemporânea da URSS e do Leste Europeu), na Universidade de São Paulo (USP), em 1992. Também cumpriu um programa de pós-doutorado na USP (1993 - 1998). Publicou mais de uma centena de artigos, em diversas línguas, em periódicos e revistas; publicou também mais de mais de vinte livros, como autor, coautor ou organizador.
A obra discorre todo o árduo caminho percorrido pelo povo desprovido de privilégios, a classe trabalhadora, a partir da Revolução Industrial, até de fato conseguirem gerar o movimento operário; ao longo, expondo as lutas, as conquistas, os fracassos, as reviravoltas e as controvérsias desse processo nunca antes vislumbrado na história da humanidade.
O livro é fragmentado em vinte capítulos, mais a introdução e a conclusão; tendo como foco narrativo a luta dos trabalhadores contra a burguesia no sistema de produção capitalista, permeado por contradições que opõem o capital ao trabalho assalariado.
RESUMO DE CADA TÓPICO (CAPÍTULO) DA OBRA:
INTRODUÇÃO
Pode se notar as origens da Revolução Industrial com a política de incentivo ao comércio, que denominava-se mercantilismo, nos séculos XVI E XVII, implantada pelas monarquias absolutistas, que tinham enormes necessidades monetárias. Porém, as situações imediatas e contingentes, retratavam um processo histórico mais profundo. Concomitantemente, o progresso do comércio universal, desenvolveu as bases do mercado mundial (condição para a vitória histórica do capital), e teve um efeito danoso sobre as relações de produção feudais na Europa, ao implantar as relações mercantis de forma generalizada, e também impor que a produção crescesse em uma escala qualitativamente mais ampla.
Na conjuntura da economia mundial, nasceram o capitalismo e os próprios Estados nacionais. Mas antes que ficassem estruturados os principais Estados modernos, o comércio internacional já tinha um desenvolvimento bastante significativo. O capitalismo e os Estados nacionais nasceram já obrigados a possuírem uma política externa, e a unirem-se uns contra outros. Dessa forma, a Revolução Industrial foi consequência, e não causa, desse seguimento histórico. Esse período revolucionário, foi também o ápice de uma longa evolução econômica, social e tecnológica, que se desencadeava na Europa desde a Baixa Idade Média.
A HISTÓRIA MUDA DE RUMO
A revolução constante dos meios de produção, transformou-se na norma geral do desenvolvimento histórico e econômico. Pela primeira vez na história da humanidade, na década de 1780, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas.
A discursão em volta às causas deu destaque à sua origem na Inglaterra. Para que fosse possível acontecer a Revolução Industrial, eram necessários: “1) Uma renovação técnica do aparato de produção; 2) Um incremento do capital líquido monetário e físico; 3) Uma oferta maior de trabalho”. Nenhuma sociedade anterior havia sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-industrial, uma tecnologia e uma ciência deficiente, a fome e as mortes periódicas, impunham à produção; uma investigação cautelosa levou grande parte dos estudiosos a determinar como decisiva para a Revolução Industrial a década de 1780, pois foi o momento em que todos os índices estatísticos importantes deram uma guinada súbita, e quase vertical para a partida. De fato, a Revolução Industrial não foi um acontecimento com um início e um fim; pois sua essência é a de que a mudança revolucionária se tornou uma regra desde então.
A propriedade fundamental da renovação técnica foi composta pela passagem da produção baseada em um sistema de manufatura inerte, para a forma de produção que Marx intitulou a grande indústria, entendendo uma maneira de organização arrojada e desenvolta da produção e da divisão do trabalho; e também industrial, implantada através da descoberta de inúmeros processos de produção e de máquinas novas.
Coincidiram, na Inglaterra, a oportunidade e a possibilidade de uma ótima exploração do capital líquido, com um impulsionamento determinante para o aproveitamento econômico das descobertas e inovações técnicas.
A Revolução Industrial e sua propagação, inicialmente na Europa e em seguida pelo restante do mundo, com ritmos extremamente diferenciados, modificou radicalmente as condições de existência da população humana. Em vista disso, foi a “grande ruptura” da história humana.
A erupção demográfica não aconteceu de forma simultânea. Teve sua gênese na Europa, palco da Revolução Industrial. Sob a pressão demográfica interna e com a vantagem da superioridade tecnológica, os europeus disseminaram-se por todo o mundo, pacificamente ou não. Tendo-se o grande êxodo a partir da Europa como o mais importante movimento migratório da história.
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