AHistória e Historiografia da Antiguidade Ocidental e Oriental
Por: Annie Brasil • 8/8/2023 • Resenha • 1.590 Palavras (7 Páginas) • 84 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO[pic 1][pic 2]
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Nome: Annie Jéssica de Andrade Gonçalves Brasil
Disciplina: História e Historiografia da Antiguidade Ocidental e Oriental
Professor: Carlos Antônio Pereira Gonçalves Filho
ATIVIDADE DE 1ª VA
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A partir dos textos abordados durante a disciplina podemos notar que existe uma certa tendência ao se tentar contar a história a partir de um único ponto de vista, que não é capaz e perceber e compreender a existência de outras culturas e grupamentos e a sua importância para o desenvolvimento humano em todos os campos que possamos imaginar.
Dentro dessa perspectiva de observar o mundo e contar a história tendo como o ponto de partida, para a composição da sociedade moderna como um todo, e de referencia os aspectos e os elementos culturais da Europa, temos o denominado eurocentrismo.
Essa ponto de partida tendo a Europa como ponto inicial da jornada tenta mostrar a Europa como tendo o pioneirismo em diversas áreas, e a partir dessa noção, tomou-se como verdade que apenas o que era produzido na Europa, nos aspectos culturais e das demais áreas do conhecimento era os válidos, tendendo a descartar-se a ideia de uma interconexão entre os povos, que favoreceram não apenas a disseminação do conhecimento, mas possibilitaram que ele fosse paulatinamente melhorado com a participação de diversas culturas.
Tão visão ideologia da centralização da Europa como o “berço do conhecimento” em diversos níveis, ganhou uma proporção tão grande que esse ideário ultrapassou as fronteiras daquele continente, podendo ser encontrada as suas ramificações em diversos outros países não integrantes do continente europeu, como é o caso do Brasil.
O insulamento em apenas validar a história e a cultura fabricada dentro dos moldes europeus possui os seus aspectos negativos, pois despreza as diferentes culturas e civilizações que contribuíram e ainda contribuem para a que exista uma diversidade sociocultural no mundo, em especial nos países que já foram colônias dos países europeus a partir do século XV.
Mesmo já havendo luzes lançadas sobre essa questão e estudo demonstrando que a história pode ser contada tendo como ponto inicial determinado sob uma outra perspectiva, como é o exemplo da história antiga sendo contada a partir de um ponto de vista geográfico dos povos que habitavam a mesopotâmia, muito ainda tem que ser pensado e revisto, mas é inegável que o eurocentrismo continua muito arraigado no nosso cotidiano e de como vemos o mundo.
Um dos exemplos dessa visão de mundo vinculada aos moldes europeus, que inclusive foi objeto de análise em aula, é a forma que o mapa é disposto, onde a Europa figura basicamente como destaque do mapa.
Podemos também notar que a terra é posta como tendo um hemisfério oriental e outro ocidental, onde o principal meridiano, o de Greenwich, que é responsável por essa divisão, bem como o ponto de referencia para calculo de distancia e estabelecimentos de fuso horário, tem o mesmo nome de uma cidade inglesa, sendo o nome estabelecido a partir de uma acordo internacional. (VERGARA, 2019)
Importante destacar que mesmo com divisão, que pode parecer bem delimitada entre oriente e ocidente, percebemos que esse conceito tem grande fundamentação política, sendo os países que mais se aproximam do modo de vida europeu, em seus costumes, política e religião considerados como sendo países integrantes do ocidente, ao passo que aqueles que, mesmo com o processo de colonização não bebem do mesmo manancial europeu são considerados como integrantes do oriente. Diante disto países como a Austrália, que geograficamente está mais próxima aos países orientais, como o Japão, é integrante do bloco ocidental, por comungar, em sua grande maioria, como os princípios inseridos pelos europeus. (BORTOLUCI, 2018)
A colocação da Grécia como sendo o berço da civilização também nos revela uma visão eurocêntrica, ao tentar determinar que o dito “milagre grego” ocorreu pois aquela civilização era tão perfeitamente avançada que conseguiu inventar a filosofia, de forma espontânea, mas essa teoria não leva em consideração que na antiguidade as civilizações possuíam interligações entre si, e que a troca de produtos e conhecimentos era tão voluptuosa quanto nos dias atuais, desta forma é de se pensar que aquilo que se defende ter nascido originalmente na Grécia pode ser na realidade o fruto da interferência e de trocas que sempre existiram. (NOGUERA, 2021)
Em entrevista para a Folha de São Paulo o Antropólogo Jack Goody, afirma que: “Quero dizer que os europeus escreveram a história a partir de seu ponto de vista, que parte da vantagem e excepcionalidade do Ocidente e dá muito pouca atenção às realizações do resto, especialmente Ásia e Oriente próximo.” (LIUDVIK, 2008)
A construção da concepção de modernidade está muito atrelada as grandes navegações realizadas pelos europeus, em especial Cristóvão Colombo, o “descobridor” das Américas, marco inicial para que ocorresse a colonização das Américas, pois em razão de uma suposta inferioridade daqueles que ali habitavam, foram colocados como subordinados à Europa.
Esse contexto quando relatado nos livros de história, acaba por indiretamente transmitir uma mensagem de uma superioridade Europeia, pois seriam eles os mais desenvolvidos e com melhores recursos, capazes de explorar grandes distancias náuticas e de se instalarem em terrenos desconhecidos, devido a sua grande inteligência e perspicácia. Ocorre que tal pensamento não considera que os povos originários das Américas também possuíam cultura, história, organizações sociais, ou seja, gozavam de um desenvolvimento, mas ao olhar daqueles navegadores esses povos não eram nada mais do que selvagens que precisavam ser dominados e catequizados.
Com a dominação dos povos da Américas os colonizadores começaram a explorar as riquezas que cada colônia era capaz de produzir, e nesta busca pela dominação das áreas vários nativos originários foram massacrados e dizimados, outros que não pereceram pelo aço foram obrigados a realizarem trabalhos. Quando a mão de obra dos nativos passou a ser considerada como insuficiente ou de baixa qualidade tivemos a exploração de escravos advindos da África. Essa grande exploração das navegações, descobertas de dominação de territórios até a pouco tempo desconhecidos favoreceu muito a Europa ganhasse destaque em comparação à Ásia e a África. (DUSSEL, 1993)
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