Análise do Capítulo “O integralismo no sentido brasileiro”, do livro “O integralismo em marcha”, de Gustavo Barroso.
Por: Layane Michelle • 13/10/2019 • Resenha • 1.400 Palavras (6 Páginas) • 199 Visualizações
Análise do capítulo “O integralismo no sentido brasileiro”, do livro “O integralismo em marcha”, de Gustavo Barroso.
A Ação Integralista Brasileira (AIB) foi um movimento brasileiro ocorrido na primeira metade do século XX, considerado o mais próximo do fascismo no país. Nasceu oficialmente em outubro de 1932, quando Plinio Salgado – idealizador e líder do movimento – lançou o primeiro manifesto. Ele surgiu como uma forma de contestação à ordem oligárquica. Esteve ativa legalmente até 1937 e ilegalmente até 1945, quando encerrou suas atividades sob o domínio do governo de Vargas.
Depois do líder Plinio Salgado, Gustavo Barroso foi o segundo nome mais importante do movimento. Bacharel em Direito no Rio de Janeiro (1912), participou ativamente do movimento integralista, sendo um representante da ala pró-nazismo. Escreveu diversas obras e foi muito conceituado na Alemanha e em outros países da América do Sul. Também era considerado o líder da ala antissemita do integralismo.
Barroso é autor de várias obras integralistas, entre elas está o livro “O integralismo em marcha”, lançado em 1933. No capítulo “O integralismo no sentido brasileiro”, ele faz um breve estudo sobre os problemas brasileiros daquela época, para os quais ele aponta culpados e oferece uma solução. Neste capítulo é possível analisarmos a forma como o movimento enxerga certas épocas da história brasileira; as críticas que eles fazem aos tipos de governos e aos governantes do país, assim como os argumentos utilizados como base; e o propósito do movimento integralista, seus ideais e planos para o país, tendo em mente o contexto de surgimento do movimento no cenário nacional e internacional e suas principais influências.
O autor remete ao período da colonização brasileira, no qual segundo ele foi forjado os alicerces de um espírito verdadeiramente brasileiro, tendo como principais bases a língua e a religião. Isso só foi possível graças ao esforço e a coragem dos colonizadores portugueses. A despeito da ameaça constante de elementos desagregadores, a unidade nacional sempre foi milagrosamente mantida, apesar do “constante exemplo da fragmentação espano-americana em volta de nós (...)” (BARROSO, 1933, P. 58). Um dos maiores elementos desagregadores a se vencer seria “a tragédia espiritual da nossa elite” (BARROSO, 1933, P. 58). Estamos longe da Europa, mas sempre com um cordão umbilical a nos atar ao outro continente.
O autor faz uma forte crítica ao governo do período imperial no Brasil, no qual ele diz haver uma fraqueza do poder público. O primeiro imperador não soube governar e quase afunda o país, que só foi salvo graças a Feijó e a Caxias. O segundo possuía um poder tão fraco a ponto dele ser chamado apenas de moderador. A Primeira República também é bastante criticada pelo autor. As fracas ideias dos partidos que surgiram após a independência deram lugar para o surgimento de “meras coligações de pessoas ou Estados, representando somente interesses de indivíduos, de grupos ou de regiões” (BARROSO, 1993, P. 62). A descentralização do governo central foi a responsável pelo surgimento das oligarquias regionais, para a qual o poder presidencial tinha de se curvar.
O integralista diz que a “revolução de 1930” obteve o apoio de todos por se propor a acabar com esse governo. Porém, infelizmente, não foi capaz de cumprir a promessa feita. Esse fraco poder do governo da primeira República foi o culpado pela situação em que o Brasil se encontrava na época, a qual foi agravada pela crise mundial de 1929. Segundo ele, um estadista é aquele que prevê ou determina os acontecimentos a fim de poder prover o necessário a população. “Nossos legisladores e governantes não têm passado de meros joguetes desses acontecimentos e dessas aspirações, desenfreadas em virtude de sua fraqueza congénita, que os fez sempre violar o direito dos mais fracos e capitular diante dos mais fortes” (BARROSO, 1933, P. 66).
Devido a esses fatores expostos, a doutrina integralista era alicerçada em um terreno sólido, para que pudessem evitar o desmembramento do país. Eles queriam manter “todo o patrimônio moral e espiritual legado por nossos ascendentes” (BARROSO, 1933, P. 67). Tinham como objetivo criar um Brasil forte e feliz, baseado “na estratificação do sentimento religioso, no amor a coesão do patrimônio territorial herdado dos nossos maiores e na unidade milagrosa de sua língua e de seu pensamento, sem fronteiras regionais” (BARROSO, 1933, P. 67), queriam criar uma verdadeira nação.
O autor aponta a liberal-democracia como o primeiro inimigo a se eliminar para que o integralismo possa se realizar no país. Ela seria a responsável pela miséria da nação, por não conseguir resolver os problemas sociais existentes e deixar o povo padecer, completamente alheia as lutas econômicas da sociedade. E governo liberal democrático é “criminoso na sua impotência para um lado, na sua violência para o outro” (BARROSO, 1933, P. 73). Esse tipo de governo e o povo nunca poderão dar certo, eles se sentem antagônicos. As falhas desse governo também permitem que o comunismo floresça na sociedade.
Do lado oposto, o socialismo aparece como outra ameaça ao país e ao integralismo, atraindo os “desesperados e aos ignorantes, servindo aos intelectuais secundários e ambiciosos, aos despeitados e aos
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