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Análise histórica do conto: A mulher de Bath

Por:   •  5/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.896 Palavras (12 Páginas)  •  1.239 Visualizações

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ISES- Faculdade Sumaré

Analise histórica do conto: A Mulher de Bath

        

Curso: História – Licenciatura

Unidade: Belém

Disciplina: História Medieval (2º semestre 0)

Professor: Dr. Elton O. S Medeiros

Alunos: Natasha da Silva e Daniela Loujan

São Paulo

2018

Apresentação

Este trabalho tem por proposta a análise do papel da mulher no medievo, tendo por fonte primária O Conto da mulher de Bath, do livro Contos de Cantuária, de Geoffrey Chaucer.  Nos debruçamos a fonte procurando da ênfase na estrutura matrimonial, que se faz presente na cultura do cristianismo, em que, percebemos estar sendo utilizada como mecanismo de controle da Igreja.

Temos por base bibliográfica os autores José Rivair Macedo e Georges Duby, que direcionam o desenvolvimento crítico desse trabalho.

Introdução

Com o entendimento da estrutura matrimonial básica da Idade Média, considerando sua importância no estabelecimento das relações de poder da Igreja e da sociedade medieval, no âmbito público e privado, é que identificaremos, de forma mais recortada, o papel e a identidade da mulher dentro desse período histórico.

Autor

Sobre Geoffrey Chaucer (1340-1400), foi um poeta inglês, de uma família de comerciantes de vinho, Chaucer tinha influencia na corte de Eduardo III da Inglaterra, nela, ocupou vários cargos de forma progressiva:

Esta carreira administrativa na corte e as diversas viagens que foi levado a fazer fizeram que Chaucer adquirisse conhecimentos diversos, dando para a sua escrita credibilidade, destinada a um público de corte que já se abria a novas pessoas que exerciam funções administrativas, jurídicas ou de ciclos universitários. Se pensarmos na vida de ocupações dentro da corte que Chaucer teve, perceberemos a importância de sua produção artística, além de todo o conhecimento literário pelo qual perpassa sua obra, “uma absorção da literatura clássica e vernacular nas três línguas com as quais ele entrou em contato em suas funções diplomáticas: latim, francês e italiano” (Selvatici, 2008: 183). [1]

Sabemos que Chaucer ocupou grandes cargos na corte, logo temos por premissa sua relação com as pessoas de classe abastada, o que também nos leva a entender que seus escritos remetiam as suas vivências, portanto, em sua maioria, histórias da parte nobre da sociedade do medievo.

 

Contexto Matrimonial

A Igreja passava por uma necessidade de reafirmação da crença, pois está estava abalada, logo ela utilizara de todos instrumentos disponíveis para ter o controle da sociedade em suas mãos, um desses instrumentos fora o casamento. “A época caracteriza-se por uma progressiva cristianização da instituição matrimonial” (DUBY, 2001, p. 14) 

O casamento nesse período servia como um mecanismo cultural de regulação da sociedade, de regulação no sentido de ser a representação de como as pessoas devem se perpetuarem, de geração em geração. Não de qualquer forma, mas sim sob o olhar e benção da igreja, que é pautada em suas convicções de santidade, com base teórica bíblica.

Regulação, oficialização, controle, codificação: a instituição matrimonial se encontra, por sua própria posição e pelo papel que ela assume, encerrada numa firme estrutura de ritos e de interditos: de ritos, pois que trata de publicar, quer dizer, tornar público e, dessa forma, socializar, legalizar um ato privado: de interditos, pois que se trata de traçar a fronteira entre norma e a marginalidade, o licito e o ilícito, o puro e o impuro. (DUBY, 2001, P.11-12)

Duby fala sobre os documentos que nos foram deixados sobre o casamento, não foram só documentos normativos, mas também crônicas narrativas, uma literatura cortês de divertimentos, e aqui podemos citar o próprio Contos de Cantuária, mostrando também a expressão do casamento como um ato social cultural, e este não era comum só na classe mais abastada, mas na sociedade como um todo, “a história do casamento não seja certamente a mesma nos diversos graus de hierarquia das condições sociais, no nível dos senhores de um lado, no nível dos explorados de outro.” (DUBY, 2001, P. 14)

Ainda sim, o matrimonio compunha uma serie de ritos cerimoniais que expressão fidelidade, gratidão e esperança através de contratos e promessas.

Havia dois discursos bem explorados pela Igreja, a virgindade para as moças e a fidelidade para as esposas, pois as mulheres já são seres naturalmente perversos e detentores do pecado. Esse discurso surge em função do medo da existência de herdeiros bastardos, o que acarreta na imagem que o homem tem que zelar.

Mesmo que não fosse comum ter mais de uma conjugue por vez, ainda assim, não havia restrições quanto ao poder do homem de simplesmente sair para buscar outras mulheres antes do casamento, de fato um dos traços da soberania do homem sobre a mulher

 

“A moral aceita, aquele que todos fingem respeitar, obriga evidentemente o marido a satisfazer-se apenas com sua esposa, mas não a força nem um pouco a evitar outras mulheres antes do casamento, durante o que é chamado no século XII de “juventude”, nem depois, na viuvez.” (DUBY, 2001, P. 17)

Ora, mesmo o matrimonio tendo toda uma estrutura de ritos que reafirmam um compromisso e fidelidade, ainda assim percebemos um resultado contrário, pois “Numerosos indícios atestam o vasto e ostensivo desenvolvimento do concubinato, dos amores ancilares e da prostituição, assim como a exaltação, no sistema de valores, das proezas da virilidade.” (DUBY, 2001, P. 17)

A Igreja tratava o casamento como um mal menor, seu objetivo era somente a procriação, os conjugues devem se purificar sempre que sentirem prazer no ato da procriação, “Os sacerdotes se intrometem pouco a pouco no cerimonial do casamento para sacralizar seus ritos, especialmente os das núpcias, acumulando em torno do leito nupcial as formulas e os gestos destinados a expulsar o satânico os conjugues na castidade.” (DUBY, 2001, P. 19)

O concubinato e a união de parentes próximos eram problemas a qual a Igreja fazia questão de se posicionar:

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