BREVE HISTORICO DA LOUCURA
Por: Joao Pimentel • 29/12/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 2.208 Palavras (9 Páginas) • 207 Visualizações
- BREVE HISTÓRICO DA LOUCURA
O sofrimento mental é inerente da raça humana e isto é evidenciado pela presença e registro em todas as diversas fases da história da civilização, tão velho quanto a medicina grega (Foucault, 1978). Ao longo da história, as pessoas com sofrimento mental sofreram severas segregações por parte da sociedade. A loucura, ao longo da história, era identificada pela influência da ideologia religiosa e pela força dos preconceitos sagrados. Chegou a ser tratada como manifestação do sobrenatural, demoníaco e até satânico, e classificada como expressão de bruxaria, cujo tratamento caracterizou-se pela perseguição aos seus portadores, tal como se praticava com os hereges (Novinsky, 1986).Foram atirados rio abaixo, como cargas insanas em embarcações que recebiam o nome de Nau dos Loucos (Foucault, 1978).
A história do louco mantem seu roteiro de sofrimento à época de desenvolvimento do capitalismo, século XVII. Neste período foram criados na Europa instituições de internação destinada a recebê-los. Essas casas de internamento eram verdadeiros cárceres que aprisionavam indivíduos portadores de doenças venéreas, mendigos, vagabundos, libertinos, bandidos, eclesiásticos em infração, os próprios loucos, enfim, todos aqueles que, em relação à ordem da razão, da moral e da sociedade, demonstravam ser fonte de desordem e desorganização moral. O Hospital Geral, como retrata Foucault (1978), surge nesta época, e logo se amplia, por ordem real, a todas as cidades do reino - esse período ficou conhecido como a Grande Internação (Foucault, 1978).O hospital não possuía caráter médico, e era apenas um local que representava o papel da polícia e da justiça. O Rei permitia ao hospital “fazer e fabricar na extensão do dito Hospital e dos lugares dele dependentes toda espécie de manufatura, podendo vender os produtos em proveito dos pobres daqueles” (Foucault, 1978) e os pobres eram “incentivados” a trabalhar nas manufaturas sob pena de castigos e penas públicas ou particulares como retrata Foucault (1978):
Poderão os Diretores ordenar todos os castigos e penas públicas ou particulares no dito Hospital Geral, e nos lugares dele dependentes, contra os pobres em caso de contravenção da ordem que lhes tiver sido dada ou das coisas que lhes tiverem sido entregues, mesmo em caso de desobediência, insolência ou outros escândalos, expulsando-os sob a proibição de mendigar (Foucault, 1978).
Neste momento histórico se dá o rompimento com o misticismo, como era retratada a loucura até o Renascimento e parte-se pra uma compreensão da doença mental associada a uma condenação ética e ao ócio (Foucault, 1978):
Até a Renascença, a sensibilidade à loucura estava ligada à presença de transcendências imaginárias. A partir da era clássica e pela primeira vez, a loucura é percebida através de uma condenação ética da ociosidade e numa iminência social garantida pela comunidade de trabalho. Essa comunidade adquire um poder ético de divisão que lhe permite rejeitar, como num outro mundo, todas as formas da inutilidade social (Foucault, 1978).
Os loucos que apresentava condições de “cura” eram submetidos a tratamento por meio de sangrias, purgações, medicamentos, banhose, em certos casos, vesicatórios(EVELINE, vesicatório é um tratamento com um medicamento que queima a pela e faz bolhas. Como coloco o significado da palavra no trabalho?)Não precisa colocar. Basta todos os integrantes saberem para caso seja pergntado(Foucault, 1978).
Nestes hospitais os internados eram separados por sexo, mas abrigados de forma inadequada, agrupados e aglomerados sem espaço e sem condições adequadas.
Não havia conscientização da necessidade de cuidados médicos. A falta de assistência se dava pelo temor da contaminação pelo ”mal”. Acreditava-se que as prisões as quais eram submetidos os loucos eram contaminadas pela “febre das prisões”. Foucault relaciona esta crença ao fato de que muitas dessas de internamento terem sido construídas onde antes se colocavam os leprosos. Essa imagem havia sido atribuída a estas prisões “não eram mais a casa dos leprosários, mas a própria lepra da cidade” (Foucault, 1978).
Surge um medo. Medo que se formula em termos médicos, mas que é animado, no fundo, por todo um mito moral. Assusta-se com um mal muito misterioso que se espalhava, diz-se, a partir das casas de internamento e logo ameaçaria as cidades. Fala-se em febre de prisão (...) os homens acorrentados que atravessam as cidades deixando atrás de si uma esteira do mal Atribui-se ao escorbuto contágios imaginários, prevê-se que o ar viciado pelo mal corromperá os bairros habitados. E novamente se impõe a grande imagem do horror medieval, fazendo surgir, nas metáforas do assombro, um segundo pânico. (Foucault, 1978)
Esta ideia eram não presente???? no imaginário local que em 1780, como descreve Foucault (1978), espalhou-se por Paris uma epidemia e as pessoas atribuíram sua origem ao Hospital Geral e a solução seria queimá-lo. “O tenente de polícia, diante da inquietação da população, manda uma comissão de inquérito que compreende, além de vários doutores regentes, o decano da faculdade e o médico do Hospital Geral” (Foucault, 1978). O relatório, no entanto, nega que esteja relacionada a presença dos internos a epidemia e sua origem é atribuída apenas ao mau tempo:
conformes à natureza da estação do ano e concordam perfeitamente com as doenças observadas em Paris desde essa mesma época. Os boatos que começaram a espalhar-se referentes a uma doença contagiosa em Bicêtre, capaz de infectar a capital, não têm fundamento (Joly de Fleury apud Foucault, 1978)
O hospital reconheceu, através de novo relatório, que não dispunha das melhores condições sanitárias para abrigar os internos. O hospital ocupara o lugar da lepra,???? que havia sido banida pra longe das distancias sociais. “O desatino estava novamente presente, mas agora marcado por um indício imaginário de doença atribuído por seus poderes aterrorizantes” (Foucault, 1978).
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