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Em Busca da Felicidade

Por:   •  25/4/2023  •  Trabalho acadêmico  •  1.329 Palavras (6 Páginas)  •  99 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

SOCIOLOGIA GERAL

PROFESSOR: GUSTAVO VILLELA LIMA DA COSTA

ALUNA: BEATRIZ RODRIGUES SOUZA

Módulo

 CLASSE

Reflexões acerca do filme "À procura da felicidade", de Gabriele Muccino e Steven Conrad (2006).

São Gonçalo, Abril de 2023.

Reflexões acerca do filme "À procura da felicidade", de Gabriele Muccino e Steven Conrad (2006)

Introdução

Este texto é fruto de discussões e reflexões realizadas ao cursar a disciplina de Sociologia Geral, do curso de História, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Faculdade de Formação de Professores, lecionada pelo professor Gustavo Villela.

A proposta estava pautada na articulação de fontes indicadas pelo professor, tais como filmes, quadrinhos, games, séries, músicas, poemas, entre outras, relacionando-os com os conceitos de Classe e Acumulação Primitiva do Capital para Karl Marx, Classe e Estamentos (grupo de status) para Max Weber, dialogando com a perspectiva crítica de Loic Wacquant acerca das sociedades contemporâneas (neoliberalismo e encarceramento em massa).

Este texto, como procedimento metodológico, se debruçou  sobretudo na observação e análise do filme “À procura da felicidade”, de Gabriele Muccino e Steven Conrad (2006), assim como na realização de levantamento bibliográfico para subsidiar as discussões teóricas propostas por karl Marx, Max Weber e Loic Wacquant.

"À procura da felicidade"

A narrativa do filme em questão é baseada na história real de Chris Gardner. Este se caracteriza por um homem de etnia negra, extremamente esforçado, que luta por dignidade e oportunidades melhores na vida. Para tal, enfrenta muitas dificuldades financeiras, em companhia de seu filho de apenas 5 anos de idade. Chris perdeu o casamento. Perdeu sua moradia. Perdeu sua subsistência. Mas não o seu caráter e perseverança.  

O filme trata de questões, tais como valor social, discursos sobre meritocracia,  práxis sociais, racismo e ideologias.  Diante disso, percebe-se uma cultura onde o roteiro romantiza os esforços extremos para se conseguir alcançar os objetivos propostos,  nitidamente fundamentada na ideologia da meritocracia.

Contudo surge uma reflexão:  Alcançar a felicidade e a dignidade é apenas uma questão de mérito? Tais objetivos são possíveis através de esforço individual unicamente?  Neste contexto ainda cabe questionar: Quem tem direito de ser feliz nas sociedades contemporânea?

O título “A procura da felicidade “  reforça uma ideia de que a felicidade é algo quantificável. Que a felicidade é um status que precisa ser alcançado, necessitando essencialmente  de uma busca dolorosa, cansativa e algumas vezes até desumana. A ideia em questão denota a ideologia burguesa, que para Marx, seriam discursos que objetivam alienar o proletariado. (Marx, 1985).

Por mais esforçado que Chris fosse, ele não tinha condições financeiras para pagar suas contas em dia e arcar uma creche com condições mínimas de ensino para o seu filho. Desta forma, as condições de ensino prestadas eram precárias, reforçando a desigualdade na educação que a sociedade vive.

Todas essas situações motivaram o protagonista a mudar de vida, a "buscar a felicidade". Para tal, ele tenta uma vaga de estagiário  numa importante corretora de ações e após muita insistência, consegue. Mas o fator conflitante era que  esse estágio não era remunerado, ou seja, Chris nada recebia pelos serviços prestados.

A esperança do protagonista residia na perspectiva de que ao fim do programa de estágio, ele fosse ser  contratado e assim tenha um futuro promissor na empresa. Embora ele estagiava, dormia em abrigos para moradores de rua, quando conseguia vaga, e até mesmo em banheiros públicos, com seu filho.

Sem salário, o protagonista junto ao seu filho, passou todo esse tempo do estágio morando em abrigos para moradores de rua. A trama passa a situação desses moradores, na luta para conseguir uma vaga nesses abrigos, explicitando a realidade amarga e cruel de uma parte da sociedade, que luta incessantemente desesperada pela sobrevivência.

A maioria desses moradores de rua eram negros. Tal fato retrata  a realidade da sociedade de modo geral, onde o negro estatisticamente ocupa o lugar de maior índice de desemprego, gerando desta forma, situações de extrema pobreza.

Cabe mencionar aqui a afirmação denLoïc Wacquant ( 2008):

Durante o meio século de domínio da economia industrial fordista (1915-1965) — para a qual os negros contribuíram com uma quantidade indispensável de trabalho não qualificado, desde a Primeira Guerra Mundial, quebpôs em marcha a “Grande Migração” dos estados segregacionistas do Sul para as metrópoles de trabalhadores do Norte, até a Revolução dos Direitos Civis, que finalmente lhes deu acesso às urnas (cem anos depois da abolição da escravidão), o gueto desempenhou o papel de “prisão social”, garantindo, assim, o ostracismo social sistemático de afro-americanos e ao mesmo tempo permitindo a exploração da sua força de trabalho na cidade.  (Loïc Wacquant, 2008).

Por mais que pareça um absurdo para muitos, Chris enxergou  nesta situação, uma oportunidade de salvação da situação que vivenciava e acabou aceitando estagiar sem remuneração, passando por tantos conflitos, por necessidade. Para Marx, este contexto exemplifica  uma forma de exploração relativa, onde o desemprego forma uma massa de pessoas necessitadas que acabam aceitando determinadas condições por necessidade. Este fenômeno é chamado de “Exército industrial de reserva”, conceito desenvolvido por Marx em sua crítica da economia política, e refere-se ao desemprego estrutural das economias capitalistas. (Marx, 1985).

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