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ARENDT, H. A Busca da felicidade. In: Sobre a revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.p.159-187

Por:   •  7/11/2019  •  Resenha  •  1.308 Palavras (6 Páginas)  •  230 Visualizações

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ARENDT, H. A busca da felicidade. In: Sobre a revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.p.159-187

A busca da felicidade

O capitulo “Sobre Revoluções” da filosofa Hannah Arendt, indica alguns traços comuns entre a revolução francesa e americana, por meio de conceitos tais como revolução, violência e liberdade. A autora inicia o texto dizendo que a “violência justificada e glorificada”, vindo da “necessidade” como força coercitiva, tornaram-se as marcas distintas das revoluções vitoriosas do século XX, a ponto de que agora são as principais características de todos os eventos revolucionários.

Arendt se detêm a uma reflexão sobre os princípios que inspiraram, os homens que ela se referiu como os “homens das revoluções em contrapartida dos revolucionários profissionais que surgiriam posteriormente”, traçando as diferenças entre a revolução francesa e americana. A perda de autoridade do corpo político foi um fenômeno foi observado pelos homens das letras, tanto na Europa e nas colônias desde o século XVII. Por exemplo, Montesquieu, quarenta anos antes de acontecer a Revolução Francesa, explicitou que a perda progressiva de autoridade de todas as estruturas política da época. Ele foi um dos primeiros a dizer explicitamente, a incrível facilidade com que se derrubariam os governos, e a perda progressiva de autoridade tornou se mais evidente no decorrer do século XVIII. Em sentindo semelhante, a insegurança e desconfiança em relação as coisas como então eram na Europa, essencialmente, levou Burke a saudar com entusiasmo a Revolução Americana. A semelhança de Montesquieu e Burke, separados nos dois lados do Atlântico, era o comum interesse pela liberdade pública.

Apesar disso, havia uma grande diferença entre os europeus e americanos, com “espíritos ainda formados e influenciados praticamente pela mesma tradição. Para autora, a diferença entre os europeus e os americanos era que o trato político. Enquanto os franceses, falavam em “liberdade pública”, os americanos falavam em “felicidade pública”. O ponto relevante, é que os americanos sabiam que a liberdade pública consistia em participar de assuntos públicos e que as atividades ligadas a esses assuntos não era um fardo, mas proporcionavam um sentimento de felicidade que não encontrariam em nenhum outro lugar. John Adamas repetiu em muitas ocasiões essa ideia, dizia que as pessoas que iam as assembleias de suas cidades não só por obrigação, mas gostavam de discutir, de deliberar e tomar decisões. A essa virtude paixão ele deu o nome de “emulação”.

Ao comparar a experiência américa com os hommes de lettres franceses, Arendt conclui que o preparo dos franceses era extremamente teórico. Sem os participantes da Assembleia francesa também gostavam de seus papéis. No entanto, não possuíam experiências a que pudessem recorrer, inspirando-se e guiando-se apenas por ideias e princípios não testados pela realidade, que tinham sido concebidos e discutidos antes da revolução. Por isso, recorreram muito aos autores da Antiguidade conotações que derivavam da língua e da literatura, e não da experiência e da observação concreta.

Hannah Arendt destaca o fato de ambos os nomes viram acompanhadas do adjetivo “publico” e atribui forte importância à relação da expressão e a própria revolução. A importância dos homens das letras no contexto da revolução deriva de terem usado o termo “liberdade” com uma ênfase nova e quase desconhecida, sobre a liberdade pública. Para eles, a liberdade era entendida com algo diferente do livre-arbítrio ou do libre-pensamento que os filosóficos conheciam e discutiam desde Agostinho. A liberdade para eles só podia acontecer no espaço público, em uma realidade completa, algo feito pelos homens por ser usufruído por eles. E não um dom, ou capacidade, mas o espaço físico, a praça ou espaço público, feito pelos homens que na Antiguidade conheciam como a área onde a liberdade aparecia visível a todos.

. Do ponto de vista da autora, a liberdade política seria o objetivo da revolução e seu aparecimento foi entendido como uma nova história que se inicia. Naquele contexto, a liberdade não consistia apenas na garantia aos direitos civis que o governo podia proporcionar aos cidadãos. A revolução deveria visar a liberdade e não só a libertação. Caso assim não fosse, os governos teriam de como responsabilidade garantir os direitos civis e combater os governos que abusasse do poder, mas não precisariam elaborar novos direitos e nem pensar em novas formas de governo. Os revolucionários preocupar-se-iam apenas em uma “monarquia constitucional”, não uma república.

Podemos perceber por meio do texto da Hannah Arendt que a busca por um governo baseado na liberdade, intimamente relacionada com a felicidade pública, é diferente da luta pela libertação, comum no contexto das revoluções. No contexto da Revolução Americana, por exemplo, à luta pela independência teria seguido a experiência de liberdade, por fundar uma nova estrutura política. No caso da Revolução Francesa,

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