Estudante Tópicos de História Social da América
Por: Gabriel Ribeiro • 17/8/2021 • Trabalho acadêmico • 1.453 Palavras (6 Páginas) • 125 Visualizações
[pic 1]UESB- Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
História 2020.1 / Disciplina: Tópicos de História Social da América III
Docente: Dr. Adilson Amorim de Sousa
Discente: Gabriel Ribeiro Guimarães
Data: 11/06/2021
Estudo de caso (FARC-EP)
Durante o semestre, discutimos na disciplina diversas lutas sociais da América latina, com foco nas estruturas, formas de organização e processos sociais relativos às sociedades americanas em diferentes períodos históricos, com o objetivo de compreendermos as diversas formas de organização das classes populares do continente, bem como suas demandas, carências e formas de luta. De inicio, buscamos analisar as diferentes correntes teoricas sobre os movimentos sociais (pois estes são bem heterogeneos na América Latina), analisando conceitos, definições e características dos mesmos. Com o decorrer das aulas, buscamos compreender o contexto da formação do capitalismo no subcontinenete, considerando o papel que o capitalismo mundial designou para este território, a partir da transnacionalização da economia, os impactos que a colonização nos deixou e o seguimento dos países latino americanos como exportadores de matéria-prima, em sua maioria de produtos agrários, produzidos em latífundios.
Partindo dessa organização do capitalismo, estudamos a origem e as diferentes formas de ação do campesinato na América Latina, seja essa por luta armada ou por ações de ocupação de terras improdutivas. Em sequência, analisamos o processo de industrialização da América Latina, suas consequências para os países e para os trabalhadores, nesse sentimos, buscamos entender o processo de formação e organização do movimento operário na América Latina, analisando também o sindicalismo, bem como analisar as diferenças com o movimento operário na Europa. Por fim, após a análise do contexto histórico dos movimentos sociais do continente, partimos para a análise das “novas” formas de luta do movimentos sociais latino americanos na contemporaneidade.
Dentro desse escopo, fiz um estudo de caso sobre as FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército Popular), que é o mais longo processo de luta revolucionária da América Latina, que teve ínicio com os camponeses se juntando em grupos de autodefesa, os primeiros focos de resistência armada, organizados pelo Partido Comunista Colombiano (PCC), para se protegerem dos grupos paramilitares de direita, financiadas por latifundiarios. Após um período de mobilidade no campo os grupos de autodefesa começam a criar zonas de “colonização armada”.
Para compreendermos o que levou as FARC-EP se tornar o maior grupo guerrilheiro da América Latina, devemos voltar ao ano de 1948, ano em que a Colômbia entra em uma guerra civil, após o assassinato de Jorge Eliécer Gaitán, candidato a presidência pelo partido liberal com propostas de reformas políticas. Após o assassinato, a cidade de Bogotá, capital colombiana, viu imergir as ruas maciços processos da população revoltada com o ocorrido, com queima de repartições públicas, diversos prédios e meios de transporte. Esse protesto foi de tamanha magnitude que o período posterior a ele foi conhecido como “La violencia”, que foi uma repressão do governo conservador apoiada por Washington, com o partido comunista colombiano posto na clandestinidade.
O conflito armado colombiano contém muitos mais fenômenos além do confronto em si entre a insurgência e o Estado. Um destes é a interação dos diferentes grupos armados não estatais que, às vezes, coexistem num espaço ideológico ou territorial. Com o objetivo de fazermos uma periodização das relações que as guerrilhas colombianas vêm mantendo desde 1958 [quando ocorre o entendimento entre os partidos (Liberal e Conservador), conhecido como Frente Nacional (Um monopólio do poder entre os dois partidos)] até os dias de hoje. Para atingir esse objetivo, foi necessário revisar os vínculos inter-rebeldes, além de estudar as mudanças ideológicas e territoriais que levaram a que as guerrilhas mudassem a forma de se relacionar entre si. Dessa maneira, foi possível constatar que essas interações mudam de acordo com diversos fatores econômicos, políticos e territoriais.
As FARC-EP, em 1970, passa por um processo de mudança estrutural e política, com a definição ideológica do movimento guerrilheiro como uma organização de marxista-leninista, além da formação idelógica dos seus membros, através de um projeto educativo, bem como planos de desenvolvimento militar. Com essa reestruturação, o grupo conseguiu ampliar a força guerrilheira, culminando na formação da exército revolucionário, com a reorganização e criação de novos orgãos de comando. A partir dessa estruturação, o grupo buscou uma correlação de forças para uma ofensiva geral.
Com o início da década de 80, o grupo aumentou o número ações e passou a aplicar maior grau de violência, dada a capacidade que o grupo atingiu com o aumento das suas fileiras e na quantidade de armamentos. Durante aVII Conferência das FARC-EP o grupo guerrilheiro demonstrou sua nítida concepção operacional e estratégica, reajustandomecanismos de direcção e comando. Com isso, conseguiu uma enorme expansão territorial através da tática do movimento, com consequente envolvimento com o narcotráfico, pois precisava de meios de financiamento e também de acordos com grupos em determinadas regiões.
Em oposição as FARC-EP, surgem as AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia) grupos paramilitares de direita, financiadas pelas elites colombianas e que contavam com apoio do governo, que viu nesses grupos a possibilidade de realizar ações sujas no lugar das forças armadas. Em contrapartida, o governo inicia negociações com os guerrilheiros, culminando num cessar-fogo bilateral em 1984, onde o governo se comprometia em impulsionar uma série de reformas políticas, econômicas e sociais. Em 1985, ocorre a fundação da UP (Unidade Patriótica), organização política legal por parte dos movimentos de esquerda. Após grande aceitação política da UP nas eleições de 1986, o governo promove perseguições e assassinatos de forma clandestina contra membros da UP. Em resposta a essas perseguições, em 1987, vários grupos guerrilheiros da Colômbia se reunem e fundam a Coordenadoria Guerrilheira Símon Bolívar (CGSB). Em 1988, ocorre o assassinato do dirigente e secretário de relações políticas da União Patriótica, José Antequera, no interior do aeroporto de Bogotá. Durante a campanha presidencial são assassinados três candidatos: Luis Carlos Galán, do Partido Liberal, Carlos Pizarro Leongómes, da Aliança Democrática M-19 e Bernardo Jaramillo, da UP (VÉLEZ, 1998: 35).
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