Fichamento : A Conquista da América
Por: Maria Rafaela • 15/2/2017 • Dissertação • 4.180 Palavras (17 Páginas) • 639 Visualizações
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ
Instituto Multidisciplinar - Campus Nova Iguaçu
Curso de Licenciatura em História
Alunos:
Gláucia Fernanda Apolinário de Lima Silva
Mirian Paula Jorge de Souza
Fichamento :
A Conquista da América: a questão do outro.
Tzvetan Todorov
Nova Iguaçu, 2016
Bibliografia - TODOROV, Tzvetan. A Conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (Parte I: Descobrir, p. 3-70).
Parte I - Descobrir
A descoberta da América
O Autor inicia o texto com algumas reflexões a respeito do que são as relações de alteridade.
“Posso conceber os outros como uma abstração, como uma instância da configuração psíquica de todo indivíduo, como o Outro, outro ou outrem em relação a mim. Ou então como um grupo social concreto ao qual nós não pertencemos.” (p. 4)
Todorov então apresenta seu objeto de estudo, que é ao mesmo tempo uma das maiores exemplificações da questão da alteridade, antes apontada. Ele apresenta o recorte de tempo, espaço e ação a ser utilizado e os principais assuntos a serem tratados.
“Entre os vários relatos que temos à disposição, escolhi um: o da descoberta e conquista da América. Por conveniência, estabeleci uma unidade de tempo - os cem anos que seguem a primeira viagem de Colombo, isto é, basicamente, o século XVI. Estabeleci também uma unidade de espaço – a região do Caribe e do México, chamada às vezes de Meso América, e, finalmente, uma unidade de ação – a percepção que os espanhóis têm dos índios será meu único assunto, com uma única exceção, Montezuma e os seus. Duas razões fundamentaram a escolha deste tema como primeiro passo no mundo cia descoberta do outro. Em primeiro lugar, a descoberta da América, ou melhor, a dos americanos, é sem dúvida o encontro mais surpreendente de nossa história. Na "descoberta" dos outros continentes e dos outros homens não existe, realmente, este sentimento radical de estranheza.” (p. 4)
Ele começa a a expor uma sucessão de acontecimentos que explica como se deu a conquista da América, partindo dos motivos que levaram a vinda de Colombo às Américas, que é uma das questões centrais do texto nessa primeira parte.
“A história do globo é, claro, feita de conquistas e derrotas, de colonizações e descobertas dos outros; mas, como tentarei mostrar, é a conquista da América que anuncia e funda nossa identidade presente. [...] Este livro será uma tentativa de entender o que aconteceu neste dia, e durante o século seguinte, através da leitura de alguns textos cujos autores serão minhas personagens. Eles monologarão, como Colombo, dialogarão através de atos, como Cortez e Montezuma, ou através de enunciados eruditos, como Las Casas e Sepúlveda, ou ainda, como Durán e Sahagún, manterão um diálogo, menos evidente, com interlocutores índios.” (p. 5)
É exposto então, o desejo de Colombo por enriquecimento e sua busca pelo ouro americano. Todorov cita muitas partes de escritos originais da época, o que evidencia ainda mais, pois é exposto atráves de textos pessoais de Colombo, o desejo de enriquecimento . E ele apresenta os motivos pelos quais o acúmulo de ouro era tão importante para o explorador poruguês: aqueles que haviam financiado a expedição esperavam um retorno financeiro pelos investimentos feitos na viagem e algum lucro sobre ela.
“Ao ler os escritos de Colombo (diários, cartas, relatórios), poderíamos ter a impressão de que seu motivo principal é o desejo de enriquecer [...] O ouro, ou melhor, a procura deste (já que não se encontra quase nada no início), está onipresente no decorrer da primeira viagem.” [...] (p. 5)
“Seu percurso é traçado a partir dos indícios de existência de ouro que ele pensa encontrar.” (p. 6)
“Será que foi mera ambição o que levou Colombo a viajar? Basta ler todos os seus escritos para ficar convenci do de que não é nada disso. Colombo simplesmente sabe a capacidade atrativa que podem ter as riquezas, e especialmente o ouro. É com a promessa de ouro que ele acalma os outros em momentos difíceis.” (p. 6)
“Os marinheiros não são os únicos que esperam enriquecer. Os próprios mandatários da expedição, os Reis de Espanha, não se teriam envolvido na empresa se não fosse a promessa de lucro. Portanto, no diário que Colombo escreve, a eles destinado, é preciso multiplicar a cada página os indícios da presença de ouro (na falta do próprio ouro). Na terceira viagem, lembrando a organização da primeira, ele diz explicitamente que o ouro era uma espécie de chamariz, para que os reis aceitassem financiá-la” (p. 6)
“Sabe-se que uma longa discussão oporá Colombo aos reis (e depois será instruído um processo entre os herdeiros de ambos), que se refere justamente ao total dos lucros que o Almirante estaria autorizado a retirar das "Índias". Apesar de tudo isso, a ambição não é realmente a força motriz da ação de Colombo. Importa-se com a riqueza porque ela significa o reconhecimento de seu papel de descobridor, mas teria preferido o rústico hábito de monge. O ouro é um valor humano demais para interessar a Colombo, e devemos acre ditar nisso quando ele escreve no diário da terceira viagem:
"Nosso Senhor bem sabe que eu não suporto todas estas penas para acumular tesouros nem para descobri-los para mim; pois, quanto a mim, bem sei que tudo o que se faz neste mundo é vão, se não tiver sido feito para a honra e o serviço de Deus" (Las Casas, Historia, 1, 146).
E no fim de seu relato da quarta viagem: "Não fiz esta viagem para nela obter ouro e fortuna; é a verdade, pois disso toda esperança já estava morta. Vim até Vossas Altezas com uma intenção pura e um grande zelo, e não minto" ("Carta Raríssima", 7.7.1503).”
(p. 6, 7)
Mas além do acúmulo de ouro, Colombo também estava motivado por uma perspectiva religiosa.
“[...] de acordo com Marco Polo,
"há muito tempo o imperador de Catai pediu sábios para instruí-lo na fé de Cristo" ("Carta Raríssima", 7.7.1503),
e Colombo quer fazer com que ele possa realizar este desejo. A expansão do cristianismo é muito mais importante para Colombo do que o ouro, e ele se explicou sobre isso, principalmente numa carta destinada ao papa. Sua próxima viagem será "para a glória da Santíssima Trindade e da santa religião cristã", e para isso ele "espera a vitória do Eterno Deus, como ela sem pre me foi dada no passado"; o que ele faz é "grandioso e exaltante para a glória e o crescimento da santa fé cristã".” (p. 7)
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