Fichamento: A conquista espanhola e a colonização da america
Por: Rodrigo Sena • 13/6/2017 • Trabalho acadêmico • 4.839 Palavras (20 Páginas) • 1.127 Visualizações
A conquista espanhola e a colonização da américa
Os antecedentes da conquista
Foi essa filosofia, de colonização, que veio inspirar a empresa ultramarina da Espanha no séc. XVI e contribui bastante para converter a América espanhola naquilo em que ela finalmente se tornou. A forma que a sociedade expandiu os limites de sua influência, veio de precedentes de todas elas na Espanha medieval. A reconquista, travada ao longo da fronteira que dividia o Cristianismo do Islã, foi uma guerra que ampliou os limites da fé. Foi também uma guerra em busca de expansão territorial, conduzida e regulamentada, mesmo que nem sempre controlada, pela coroa espanhola e pelas grandes ordens religioso-militares, que no processo obtinha vassalos junto com vasta áreas de terra. Foi uma típica guerra de fronteira, numa tática de ataques rápidos e específicos em busca de saques fáceis, oferecendo oportunidades de lucro com resgates e escambos, e de recompensas mais intangíveis, como honra e fama. Foi uma migração de pessoas e de rebanhos em busca de novos lares e novas pastagens.
Conquistar podia significar, portanto, colonizar, mas também podia significar assaltar, saquear e seguir adiante. A conquista no primeiro sentido dava primazia à ocupação e exploração da terra. No segundo sentido, concebia o poder e a riqueza de uma forma muito menos estática. Mobilidade implicava aventura, e aventura numa sociedade militar aumentava enormemente as oportunidades de elevar a própria posição aos olhos de seus iguais.
A reconquista foi interrompida, mas não concluída ao atingir seus limites naturais na própria Península Ibérica. O enclave do reino de Granada permaneceria nas mãos dos mouros até 1492, mas por outro lado a reconquista da Península pelos cristãos estava completa no final do século XIII. à medida que foram alcançados os limites da expansão interna, as forças dinâmicas da sociedade ibérica medieval começaram a buscar novas fronteiras no além-mar.
A península Ibérica estava geograficamente bem situada para assumir a liderança de um movimento de expansão para o oeste, numa época em que a Europa estava sendo bloqueada em suas fronteiras orientais. Desenvolveu-se uma tradição marítima ibérica, tanto no Mediterrâneo quanto no Atlântico, onde os pescadores bascos e cantábricos haviam acumulado um rico cabedal de experiência para a futura navegação em mares não-cartografados. A conquista de Sevilha em 1248 e o avanço da reconquista até os estreitos de Gibraltar haviam dado à coroa de Castela-Leão um novo litoral atlântico, cujos portos eram povoados por marinheiros de Portugal, da Galícia e da costa cantábrica.
Ao longo dessa costa marítima, a combinação entre as experiências adquiridas no Norte e no Mediterrâneo criou uma raça de marinheiros capaz de promover e aproveitar os avanços na construção de navios e nas técnicas de navegação. As primeiras viagens portuguesas foram feitas em qualquer nau razoavelmente adequada que estivesse disponível, mas no final do século XV a combinação da mastreação quadrada do norte da Europa com a vela latina do Mediterrâneo havia transformado a caravela num imponente barco oceânico, a culminação de longo período de evolução e experimentação. As novas exigências das viagens atlânticas, da mesma forma que ajudaram a aperfeiçoar a caravela, também contribuíram para a melhoria das técnicas de navegação.
Com sua rica região rural e seus vínculos com o complexo portuário de Andaluzia, a própria Sevilha tornou-se a capital marítima e comercial, e agrária, do sul da Espanha. Atraía colonos do interior da Península e comerciantes do Mediterrâneo, principalmente os genoveses. No curso do século XV, os genoveses se estabeleceram em números crescentes em Lisboa e em Sevilha, onde vislumbraram novas possibilidades de empreendimentos e de capital numa época em que suas atividades no Levante estavam sendo constrangidas pelo avanço dos turcos.
O aspecto mais característico do estilo português de expansão foi feitoria, o posto de comércio fortificado como o que foi instalado em Arguin ou em São Jorge de Mina na costa africana. O uso de feitoria tornou possível prescindir da conquista e colonização em larga escala e deu aos portugueses dos séculos XV e XVI a oportunidade de estabelecer sua presença em vastas áreas do globo sem a necessidade de penetrar muito no interior dos continentes. Era um estilo de colonização que Colombo, com sua formação genovesas e sua experiência portuguesa, chegou a conhecer bem, e que lhe proporciona um modelo óbvio quando chegasse às ilhas do mar dos Caraíbas.
Igreja garantia a sanção moral que levava uma expedição de pilhagem ao nível de cruzada, enquanto a aprovação do Estado era necessária para legitimar a aquisição de senhorio e de terra. A terra, e o subsolo, estavam entre as regalias pertencentes à coroa de Castela, e consequentemente toda terra adquirida através de conquista por um indivíduo particular se tornava dele não por direito, mas por graça e favor reais. Cabia ao rei, na qualidade de senhor supremo, controlar o repartimento, ou a distribuição das terras conquistadas ou por conquistar, e autorizar colônias de povoamento nos territórios conquistados. No momento da divisão dos espólios de guerra, sempre deveria ser separado o quinto real. Embora os adelantados, ou governadores militares das regiões de fronteira, possuíam alto grau de autonomia, eram governadores em nome do rei.
O bom rei deve estar atento a que os maus sejam punidos e os justos, recompensados. Sendo o distribuidor de patrocínio, ele recompensa os serviços dos vassalos merecedores com cargos e honras. Foi essa sociedade patrimonial que se viu desmantelada no final da Idade Média, foi reconstituída em Castela durante o reinado conjunto de Fernando e Isabel e depois transportada através do oceano para ser implantada nas ilhas e no continente americanos.
A ocupação das Canárias, ponto na rota para as Índias, caracterizava a reconquista e a empresa da América. O domínio sobre as ilhas pertenciam à coroa, que desse modo devia autorizar todas as expedições de conquista. Nessa ocasião, a coroa participou do financiamento do empreendimento, mas Fernandez de Lugo, fez seu próprio contrato particular com uma companhia de comerciantes sevilhanos.
Antes de partir uma expedição, era assinado um contrato formal, ou capitulación, entre a coroa e o comandante, em termos análogos aos de contratos semelhantes feitos durante o processo da reconquista. Nessas capitulações a coroa se reservava certos direitos nos territórios a ser conquistados, ao mesmo tempo em que garantia privilégios
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