HISTÓRIA ORAL ENTRE REFLEXÕES E MEMÓRIA: Revisitando o percurso de Antônio Torres Montenegro e suas trilhas metodológicas do fazer historiográfico
Por: Nilton Gabriel • 22/3/2020 • Seminário • 975 Palavras (4 Páginas) • 192 Visualizações
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Filosofia e Ciências Humanas - Departamento de História
Disciplina: Metodologia da história oral - Docente: Antônio Montenegro
Discente: Nilton Gabriel dos Santos Vasconcelos
Resumo do artigo “HISTÓRIA ORAL ENTRE REFLEXÕES E MEMÓRIA: Revisitando o percurso de Antônio Torres Montenegro e suas trilhas metodológicas do fazer historiográfico”
Dentro do artigo “HISTÓRIA ORAL ENTRE REFLEXÕES E MEMÓRIA: Revisitando o percurso de Antônio Torres Montenegro e suas trilhas metodológicas do fazer historiográfico”, de autoria dos pesquisadores Erinaldo Vicente Cavalcanti e Fagno da Silva Soares, publicado na Revista Observatório em maio de 2016, está contida uma entrevista com o historiador e professor da UFPE Antônio Montenegro. Nesta, são abordadas pelo entrevistado questões concernente à temática como as da História oral, da historiografia, da memória e do papel do historiador.
Inicialmente, diante da indagação acerca da utilização da história oral no Brasil, o referido professor faz uma breve explanação sobre os primeiros passos dessa metodologia na historiografia brasileira. Introduz tecendo um comentário sobre o pioneirismo do CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na promoção desta discussão e o processo de sistematização constituído a partir dos contatos entre os pesquisadores desta metodologia. Relaciona ainda estes fatos como a base para o primeiro encontro de história oral da USP, em 1992, e a fundação da associação, em 1994.
Superada esta etapa, Antônio Montenegro, que participou ativamente da fundação desta instituição, explicita que, naquele momento, existia a necessidade em promover discussões que objetivavam melhor definir o conceito de história oral e pensar sobre quem seriam os integrantes que iram compor a associação. Para o além dos fatos propriamente relacionados a este processo, é por ele arguido um comentário sobre como o contexto de fim da ditadura, as movimentações grevistas pós este período e o desengessamento dos pensamentos nas Universidades contribuíram para a proposição de um novo olhar, diferente das correntes marxistas e positivistas.
A partir da ruptura com a unicidade da verdade do documento oficial, uma nova perspectiva surgia, baseada na diversificação das fontes. Buscando corroborar o que explicitava, o professor cita obras de autores como Focault, Walter Benjamim, E. P. Thompson e Carlo Ginzburg, que também serviram como exemplos de pensadores que quebraram paradigmas como os da verdade e da causalidade. É pontuado também fim de alguns princípios que permeavam o desenrolar dos pensamentos e das pesquisas, como o princípio de totalidade. Para o entrevistado, todo este imbricado, serviu como o aporte para o desenvolvimento de áreas como a da micro-história, uma vez que, neste momento, o modus operandi do fazer história, também se modificava. Os fatos locais, poderiam responder as perguntas gerais.
O sujeito, não encontrava-se como um ente separada do social que o cercava: ele era um produto do mesmo, de uma tradição herdada que não fechava-se em si, mas estava em constante processo de ressignificação, de ruptura e transgressão. A objetividade também passava a ser questionada. A linguagem era reconhecida como a construtora desta. Com uma nova forma de pensar, a subjetividade passava a aparecer de forma inseparável da objetividade. Os dois eram responsáveis pelo ser, em continua modificação, influenciando e sendo influenciado.
Dando seguimento da entrevista, é perguntado sobre os temas mais pesquisados e que faziam uso das fontes orais. Prontamente, citando dois artigos, um realizado por ele e André de Faria Pereira Neto e outro de autoria da Ângela de Castro Gomes, o professor apresenta uma mudança nos objetos de pesquisas, revelando haver um aumento nas produções com temáticas voltadas a historiografia e a teoria e metodologia da história oral, além de pesquisas acerca de temática de setores dominantes.
Diante da pergunta sobre o valor que a história oral agrega a historiografia, Montenegro, citando Ângela de Castro, aponta uma preocupação reverberada por ela em torno da qualidade e dos problemas no uso da metodologia. Ele faz isto para explicitar a necessidade da constituição de um procedimento metódico que seja capaz não somente de se realizar história oral nas pesquisas históricas, mas também de auxiliar na desconstrução do historiador natural, aquele dotado de vícios que podem leva-lo a desconsiderar especificidades do tempo e das fontes ou a promover anacronismos durante a investigação dos objetos de estudo.
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