O Fichamento Maneirismo
Por: mayarakoa • 20/9/2021 • Pesquisas Acadêmicas • 807 Palavras (4 Páginas) • 90 Visualizações
Fichamento Maneirismo:
Houve no século XVI uma mudança radical na arquitetura que veio contra ao pensamento renascentista, segundo Hauser e Norberg-Schulz. O Maneirismo se destacou por ser autônomo no seu estilo, se desvinculando do passado renascentista.
Michelangelo em 1546 é escolhido para a construção da Basílica de São Pedro no lugar de Bramante. Foram feitas algumas alterações que alteraram algumas características da igreja dando a ela novos significados. O edifício se torna mais escultórico e plástico. Michelangelo transforma uma parte importante que ligava o homem ao divino que era a cúpula, que passa a ser vedada, o que impede a iluminação de fora para dentro, e a partir disso o divino passa a residir na alma do fiel. O projeto muda sua centralidade, torna mais visível o peso e a massa da construção, elimina a iluminação por meio da cúpula além de separar o homem do meio ambiente o deixando preso dentro da igreja. Seu espaço não traz mais o símbolo do cosmo presente no Renascimento.
No período do Maneirismo a tragédia e o conflito humano se fazem presente na arquitetura. Desenvolve e explora a dimensão psicológica escura que traz o lado irracional e inconsciente do indivíduo. Não se tem mais a racionalidade do espaço como visto no Renascimento, se torna uma evasão do real, a fuga para o caos, o ilusório, cria uma sensação de isolamento ambiental e consequentemente a falta de liberdade, apesar do desejo da violação das regras.
Ademais, algumas características como o repertório clássico, o espaço a partir de um ponto de vista e homogeneidade na continuidade do espaço ainda se fazem presentes, mas desenvolvidos de outra maneira. A continuidade espacial se dá através da interação dos elementos em contrate. As ordens clássicas são reinterpretadas, remodeladas e manipuladas para gerar conflito. Agora é dentro de sim que o homem procura o divino e vive a experiencia do interior da subjetividade mais do que a do mundo.
A cidade Maneirista mostra uma distanciação entre o homem e a natureza, ela abandona o ideal de regularidade geométrica e se torna mais expressiva. A cidade se abre para fora, atravessando o limite de seus muros e acentua a importância dos caminhos.
O sentido a arquitetura Maneirista colocar no espaço o psicológico humano para trazer uma reflexão sobre o seu interior, problematiza as relações e questiona uma subjetividade alienada do universo. Tira toda a segurança de um poder intelectual e mostra um mundo instável, problemático e conturbado. O psicológico e o emocional se fazem presentes para encontrar uma solução para a angústia de não estar sem rumo em um mundo com muitos questionamentos. O homem agora precisa resolver os problemas da vida.
A estética não se baseia mais no belo, perfeito e universal, porque o homem não tem mais essa definição precisa por meio de sua imagem e semelhança.
O fim dos questionamentos maneirista acontece e a partir disso o Barroco se desenvolve trazendo soluções para o conflito da existência humana, principalmente com base na religiosidade, tentando superar os dilemas do ser racional.
Resumo da biografia
Membro do Comitê Científico do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares, Carlos Antônio Leite Brandão possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 1981), mestrado em Filosofia pela UFMG (1987), doutorado em Filosofia pela UFMG (1997), especialização em Cultura e Arte Barroca pela Universidade Federal de Ouro Preto (1985) e pós-doutorado (estágio sênior) junto à Fundation Maison des Sciences de lHomme e École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris, 2010, bolsa CAPES). Atualmente, é professor titular da UFMG e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dentre suas inúmeras publicações destacam-se os livros “Na Gênese das racionalidades modernas: em torno de Alberti”, “O combate da arte em Leon Battista Alberti”, “A formação do homem moderno vista através da arquitetura”, “As cidades da cidade”, “A república dos saberes”, “Profissões do Futuro”, “Arquitetura vertical” e “Lojas: Arquitetura e Memória Histórica de Nova Ponte”. É editor da revista Interpretar Arquitetura, e produtor do grupo de pesquisa Arquitetura, Humanismo e República (AHR), por ele liderado, bem como dos seus sites, onde são disponibilizados os textos e vídeos realizados pelo grupo AHR. Atua, principalmente, nas áreas de Arquitetura, Urbanismo e Filosofia, com ênfase em História e Teoria da Arte, da Arquitetura e do Urbanismo, em História e Filosofia da Arte e da Arquitetura e em Renascimento. Temas principais de pesquisa: renascimento, barroco, humanismo, república, L. B. Alberti, hermenêutica e transdisciplinaridade. Dirigiu a Escola de Arquitetura da UFMG (1998-2002), onde também foi coordenador da pós-graduação, e presidiu o Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG (2005-2009). Junto ao CNPq desenvolveu, a partir de 1998, as pesquisas Hermenêutica e Arquitetura, Humanismo e Arquitetura, Arquitetura, Humanismo e República e, atualmente, desenvolve a pesquisa A atualidade de Leon Battista Alberti. Junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), desenvolveu a pesquisa Arquitetura, Humanismo e República.
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