O Filósofo e o Mago - O Homem Renascentista
Por: andre.henning • 19/5/2018 • Resenha • 1.251 Palavras (6 Páginas) • 1.148 Visualizações
Universidade Federal Fluminense
Instituto de História
Seminário em História, Poder e Política VII:
Ciência e Descobrimentos no Limiar da Modernidade
Professor Diego Dutra
André Henning
O Filósofo e o Mago
in O Homem Renascentista
Eugenio Garin (1909-2004)
Sobre o autor
Eugenio Garin (Rieti, 9 de maio de 1909 - Florença, 29 de dezembro de 2004), falecido aos 95 anos, foi um historiador, filólogo e filósofo italiano internacionalmente reconhecido por seus estudos sobre a história cultural da Renascença. Aos 20 anos se formou em filosofia na Universidade de Florença, graduando-se em 1929. Após ser professor de filosofia no Licei Scientifici di Palermo e na Universidade de Cagliari, Garin lecionou a partir de 1949 na Universidade de Florença, onde, então, construiu a sua trajetória acadêmica voltada para a cultura filosófica do medievo e da Renascença. Em 1984, aposentou-se como professor, mas continuou a presidir ao Instituto Nacional dos Estudos do Renascimento, cargo que manteve até 1988.
Sobre o livro
É uma obra coletiva, organizada por Eugenio Garin, no esteio do livro O Homem Medieval, de LeGoff, onde se dá conta de diversas facetas do homem do renascimento, através do enfoque nas diferentes classes sociais do período. Cada capítulo aborda um dos tipos desta sociedade.
O livro reúne textos de diversos autores: John Law, Michael Mallett, Massimo Firpo, Peter Burke, Alberto Tenenti, André Chastel, Margaret King, Tzvetan Todorov e o próprio Garin, que assina o capítulo intitulado O Filósofo e o Mago.
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O autor apresenta a figura do filósofo do renascimento, destacando suas peculiaridades, demonstrando que não corresponde à concepção contemporânea de um filósofo. Tal filósofo é melhor definido como um intelectual, e não apenas um erudito. Destaca que este filósofo renascentista é “(...) um crítico por vocação, e muitas vezes rebelde, investigador inquieto e experimentador de todos os domínios da realidade (...)” (p. 123), enquanto faz referências aos diversos grandes nomes do período, de Da Vinci a Giordano Bruno.
Há o reconhecimento de que, se por um lado, tais filósofos constituem um pequeno número de indivíduos deste período, por outro lado, representam o homem universal do Renascimento, de mestres da vida, ao investigar e propor os temas mais relevantes do mundo social, cultural, moral e político.
Para destacar esta influência sobre a sociedade, traz exemplos tais como, o interesse despertado na tradução, e nas adaptações populares, de Diógenes Laércio (1545), historiador e biógrafo dos antigos filósofos e suas obras; ou em 1621, do pseudo Democritus Júnior (uma homenagem ao pré-socrático Demócrito de Abdera), encarnado por Robert Burton, autor de uma reflexão filosófica acerca do homem, naqueles últimos dois séculos, destacando a melancolia como intrínseca à intelectualidade de então.
Burton reverencia Demócrito, e o tem como modelo filosófico, mesmo reconhecendo não estar ao seu nível, por o entender como “o ideal do cientista da natureza, interessado em captar as estruturas profundas dos seres” (p. 124).
Este novo filósofo renascentista, curioso, investigador, crítico e livre, se opõe a figura do filósofo dos séculos anteriores, que era um erudito, fosse um mestre-escola ou professor universitário, apenas ocupado na transmissão do que já estava dado. Tal novo filósofo se inscrevia em diversos campos integradamente, como um sábio respeitável no campo civil, filósofo natural que busca como agir sobre a natureza, médico, mago e astrólogo. Este novo filósofo, inspirado nos exemplos clássicos, funde as características de Sócrates e Demócrito, do mestre da moral ao investigador da realidade.
Na obra os Três Filósofos, de Giorgione, acaba por delinear três arquétipos, que mais tarde se associa aos reis magos. E nisto há a discussão a respeito da astrologia judiciária, um tema que envolveu outros grandes nomes, como Pico Della Mirandola e Marsilio Ficino. A discussão ressalta que o novo filósofo é um investigador que se debruça sobre os temas, sem censuras, na busca por respostas.
Também na publicação das obras de Petrarca, em 1554, se ressalta este aspecto deste ser um filósofo dos novos tempos, um restaurador da língua e literatura latina, frente a quase destruição por séculos de barbárie.
A evocação da figura de Petrarca é emblemática, dado seu caráter precursor da discussão do papel do filósofo, nesta transição do papel tradicional, de reprodutor do saber, para do investigador intencional da realidade e da mente humana.
Petrarca reconhece o brilhantismo de Aristóteles, mas o põe em conjunto com diversos outros autores, em uma busca de sentido.
“(...) para se restaurar a filosofia como interrogação racional do homem acerca do homem, do mundo e das coisas. Mas acima de tudo, acerca do homem, acerca de sua ação no mundo. Acerca do seu destino” p. 127
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