O IMPERIALISMO NORTE AMERICANO EM CUBA
Por: deziblack • 4/12/2020 • Artigo • 3.670 Palavras (15 Páginas) • 309 Visualizações
[pic 1]Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Faculdade de Formação de Professores
Departamento de Ciências Humanas
Tópicos Especiais de História Contemporânea III
Docente: Christiane Vieira Laidler
Discente: Bruno da Silva Rodrigues
O IMPERIALISMO NORTE-AMERICANO EM CUBA
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem o objetivo de realizar um estudo introdutório sobre alguns aspectos da relação imperialista dos Estados Unidos da América (EUA) em Cuba antes, durante e logo após o seu processo de independência no contexto da passagem do século XIX para o XX. Buscarei através do caso da independência de Cuba, exemplificar a postura dos EUA como um país que começa a se afirmar como potência por volta da virada do século, passando a defender os seus interesses imperialistas na América Latina.
A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA DE CUBA E A INTERFERENCIA NORTE-AMERICANA
Cuba foi uma das últimas e mais prolongadas dominação espanhola nas Américas a conseguir sua independência. Segundo Priscila Morrone[1], este fato se deve em primeiro lugar pelo seu diferente tipo de administração colonial, que via na continuidade do aparato repressivo espanhol a garantia de manutenção da escravidão, forma de trabalho dominante na principal atividade econômica do país. Outro fator destacado pela autora deve se a estratégica localização geográfica de Cuba. A ilha se encontra posicionada estrategicamente na região do Golfo do México, e servia como ponto de abastecimento para as embarcações com destino à América e ficando no centro das potências europeias em busca de possessões no Caribe. Dessa maneira, Cuba se tornou um ponto de referencia militar, marítimo e comercial da Espanha nas Américas.
A base econômica de Cuba se sustentava na produção agrícola. A ilha era grande produtora de tabaco e açúcar. Inicialmente o açúcar cubano estava restrito ao pequeno mercado espanhol, mas posteriormente o principal produto produzido na colônia passa a ser amplamente consumido pelos EUA o que deixa Cuba sob a esfera de influência norte-americana antes mesmo de conquistar sua independência. Essa relação com o novo mercado e sua proximidade geográfica despertou na Espanha a necessidade de estreitar a sua relação com Cuba e fortalecer sua presença militar na ilha, o que provocou nos colonos uma posição antagônica e os dividiu em duas correntes. Uma corrente defendia o protecionismo espanhol a fim de garantir a expansão latifundiária, a permanência da escravidão e uma relativa autonomia no comércio, e a outra corrente defendia a anexação de Cuba pelos EUA, que era o seu principal mercado consumidor.
De acordo com Leivo Ortiz de oliveira[2], a anexação de Cuba sempre esteve no horizonte da política estadunidense ao longo do século XIX, e as tentativas de compra da ilha junto ao governo espanhol foram inúmeras neste período[3]. Entre os territórios espanhóis na bacia do Caribe, Cuba era o país que mais despertava o interesse dos EUA, tanto por sua localização estratégica, que permitia o controle do Mar do Caribe, quanto por sua proximidade com este país, que poderia assim servir de base para a agressão armada aos países europeus.
Neste contexto, o objetivo inicial era de adquirir a ilha, dentro da visão de que aquela porção de terras caribenhas deveria pertencer ao Estado norte-americano, pois era tida como sua fronteira natural, e indispensável para a sua segurança no Golfo do México. Para os Estados Unidos a segurança de seu território e de suas rotas comerciais é vista, no início do século XIX, como fundamental para conseguir conquistar seus interesses sobre a região da América Latina.
A questão da segurança é expressa através da Doutrina Monroe[4], anunciada pelo presidente James Monroe, em 1823. Essa doutrina expressava a primeira grande manifestação da influencia norte-americana no continente e constituía um instrumento da política externa expansionista dos EUA para a América Latina. Sob o argumento da segurança hemisférica e do repúdio a possíveis pretensões europeias de recolonização da América, os Estados Unidos se utilizava do lema “A América para os Americanos”.
De acordo com Luís Fernado Ayerbe,
A Doutrina Monroe inaugura uma politica externa cujos delineamentos principais acompanharão as relações com a América Latina e o Caribe no decorres do século XIX e boa parte do século XX. Desde os primeiros momentos da sua formulação, cuba estará presente[5].
Já na década de 1840, depois da recente tomada de territórios do México, da compra da Lousiana e da Flórida, a compra ou a conquista da ilha cubana estava na pauta do dia dos norte-americanos, estes motivados por outro ideal anexionista, o do Destino Manifesto[6]. Nesse sentido, tanto a Doutrina Monroe como o Destino Manifesto justificaram e impulsionaram a ação expansionista dos Estados Unidos na América Latina.
Na metade do século XIX, a pressão para que a Espanha cedesse às investidas estadunidenses para se desfazer de Cuba estavam mais fortes do que nunca. Neste momento, a possibilidade de um conflito bélico para forçar a retirada espanhola do Caribe já era uma alternativa, pois às tentativas frustradas de compra não davam em nada.
De acordo com Moniz Bandeira,
As instruções de 03 de abril de 1854, transmitidas a Pierre Soulé, ministro plenipotenciário em Madri e representante do espírito expansionista da Jovem América, pelo secretário de Estado, William Marcy, não escondiam o propósito de separar Cuba do domínio de Espanha ou de qualquer outra potência da Europa por qualquer meio, inclusive a provocação de guerra[7].
Esta política deu origem ao documento conhecido como Manifesto de Ostend (1854)[8], que deixava claro que “os EUA tentariam comprar Cuba da Espanha ou, se o esforço falhasse, tratariam de tomá-la pelas armas...”[9]. O que, conforme Moniz Bandeira[10], apenas não foi posto em prática devido à derrota do Partido Democrata nas eleições seguintes do legislativo, perdendo a maioria no congresso, o que demonstraria a contrariedade do povo estadunidense quanto à possibilidade de anexação da escravista Cuba, representada no desgaste gerado junto à opinião pública pela revogação do Compromisso de Missouri[11].
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