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O Surgimento dos Estados Unidos

Por:   •  23/10/2017  •  Ensaio  •  3.230 Palavras (13 Páginas)  •  366 Visualizações

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A história dos estados unidos não é diferente do modelo dos estados e das economias nacionais europeias, pois pode ser entendida como um produto e parte do processo de expansão do próprio modelo. O surgimento dos Estados Unidos é inseparável das guerras e competições entre as grandes potências europeias.

O nascimento dos EUA pode ser visto como um fato revolucionário na história do sistema mundial, por ser o primeiro estado nacional a ser formar fora do território europeu. Tal revolução não aconteceu sozinha, ela se deu pelas condições do sistema político criado pelos europeus e pela expansão das grandes potencias.

A independência americana não foi apenas uma guerra europeia, desde o início da sua história independente, os EUA expandiram seu poder e seu território econômico de forma frequente. No século XX, o EUA tomava a liderança do sistema que havia sido dos europeus. Mas, apesar destas diferenças e da especificidade norteamericana, os Estados Unidos apresentaram uma tendência expansiva, desde o início, como os primeiros estados europeus que nasceram na forma de “minotauros”, meio estado-meio império. Uma tendência expansiva que não se encontra nos demais estados “tardios” que foram criados na América Latina, no início do século XIX. Do nosso ponto de vista, esta característica dos Estados Unidos se explica a partir de duas circunstâncias fundamentais: a primeira foi a sua inserção geopolítica inicial; e a segunda foi a sua relação econômica com a metrópole inglesa, que não foi interrompida pela independência.

O fator que mais pesou na independência e na formação do estado americano se deu por conta da disputa entre as grandes potencias disputavam a hegemonia européia, entre o fim da Guerra dos Sete Anos, em 1763, e o fim das guerras napoleônicas, em 1815

E mais exatamente ainda, na época em que o Ancien Régime era posto na defensiva, em quase toda a Europa, pelo medo da Revolução Francesa, de 1789, e pelo avanço dos exércitos de Bonaparte, pelo menos até a consagração da vitória conservadora, no Congresso de Viena, em 1815. É exatamente neste período de guerra européia que os Estados Unidos conquistam sua independência, consolidam seu território, escrevem sua Constituição de Filadélfia e elegem seu primeiro governo republicano, aproveitando-se de sua “insularidade” territorial em relação ao continente europeu e adotando uma posição de neutralidade dentro do conflito entre as Grandes Potências. Na verdade, a própria guerra da independência americana foi um capítulo da grande guerra européia em que se decidiu, finalmente, a disputa secular entre a França e a Inglaterra pela hegemonia dentro do continente europeu. Depois da derrota para os ingleses, na Guerra dos Sete Anos, a França perdeu suas posições na Índia, no Canadá e na Louisiana, mas mesmo assim, liderou a aliança com a Espanha, apoiada pela Holanda, e fortalecida pelas posições antibritânicas da Rússia, Dinamarca, Suécia e Prússia a favor da independência americana, ocupando um papel decisivo na batalha naval que decidiu a sorte da Inglaterra, em Yorktown, em outubro de 1781.

Durante todo este período de formação, os Estados Unidos tiveram que negociar com todas as Grandes Potências presentes na América do Norte, num momento em que elas estavam fragilizadas por suas lutas e sem capacidade de sustentar seus interesses em territórios considerados, naquele momento, longínquos, onerosos e mal defendidos, com exceção exatamente da Inglaterra. Por isso, desde a primeira hora de sua independência, os Estados Unidos negociaram suas fronteiras e seus tratados comerciais com o “núcleo duro” das Grandes Potências européias, com quem sempre mantiveram relações privilegiadas, em particular com a Inglaterra. E acabaram obtendo vitórias diplomáticas notáveis, porque souberam utilizar a seu favor as divisões das Grandes Potências e sua fragilidade temporária, começando pelo tratado de paz, cuja versão preliminar foi assinada, em Paris, em 30 de novembro de 1782 e a versão definitiva, assinada em 3 de setembro de 1783, com a Inglaterra, onde os ingleses reconheceram a independência de cada uma suas antigas colônias, e definiram as fronteiras do novo estado: ao norte, na região dos Lagos; a oeste, no Rio Mississipi; e ao sul, na região da Flórida1 . Foi neste mesmo contexto de fragilidade européia que os Estados Unidos conseguiram impor, aos ingleses, quase todas as suas condições, no Tratado de Fort Greenville, em 1795, com relação às terras indígenas da zona fronteiriça com o Canadá, onde veio ser criado o estado de Ohio; e o mesmo aconteceu nos tratados assinados com a Espanha, neste mesmo ano, definindo as fronteiras comuns, no sudoeste do novo estado americano. Um pouco depois, em 1803, os Estados Unidos ainda conseguiram uma nova vitória, ao conseguir comprar o território da Louisiana dos franceses, que o haviam recuperado da Espanha, pelo Tratado de Santo Ildefonso, de 1800. O mesmo procedimento utilizado com relação à Espanha, no caso da anexação da Flórida em 1819. Mas nesta história de pequenas batalhas americanas e de grandes negociações feitas à sombra da guerra européia que se estende entre 1793 até 1815, o momento mais importante aconteceu depois da guerra dos Estados Unidos com a Inglaterra, em 1812, que terminou, em 1814, quando foi assinado o Tratado de Ghent, consagrando o “princípio da arbitragem” para os novos conflitos que pudessem surgir entre os dois países anglo-saxões. Princípio que foi ativado com o acordo de desarmamento da região dos grandes lagos, junto ao Canadá, assinado em 1818 – “The Rush-Bagot Agreement” – verdadeiro ponto de inflexão na história geopolítica dos Estados Unidos, apesar de que os conflitos anglo-americanos não tenham cessado definitivamente até a assinatura do Tratado de Washington, em 1871. Assim mesmo, o tratado assinado com a Inglaterra, em 1818, pesou decisivamente a favor do governo americano nas negociações com a Espanha que culminaram em 22 de fevereiro de 1819, quando Fernando VII cedeu, aos Estados Unidos, todos os territórios que lhe pertenciam, situados ao leste do Mississipi e na região da Flórida.

Um dos pontos que vão diferenciar a formação da economia americana, durante seu primeiro ano de independência, é a sua relação complementar e funcional com a economia inglesa que se estende até o século XIX. Sendo assim, na primeira metade do século XIX, os EUA formavam uma economia primário exportadora, especializada na produção de tabaco e algodão para o mercado inglês.

E durante o século XIX, os EUA, ocupavam a principal posição entre os demais países desenvolvidos.

A aliança econômica firmada com a Inglaterra não foi somente uma das suas estruturas produtivas colonial, mas foi também uma opção política e estratégica tomada já no primeiro governo constitucional dos EUA.

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