Pedagogia do silenciamento: a escola brasileira e o ensino de língua materna
Por: Martina Maciel • 2/6/2017 • Relatório de pesquisa • 980 Palavras (4 Páginas) • 467 Visualizações
FERRAREZI JR, Celso. Pedagogia do silenciamento: a escola brasileira e o ensino de língua materna. São Paulo: Parábola Editorial, 2014. 120p.
Martina Maria Campos Maciel (UFT/TO)
Quando[a] falamos em silêncio na escola, pensamos apenas no fato de que mandamos as crianças ficarem quietas nas aulas. Essa é uma forma ingênua de ver o silêncio nas escolas salas de aula brasileiras. Na verdade, há um processo muito mais complexo de silenciamento, de submissão, de controle, que silencia a mente, as ações e, finalmente, a voz. Esse processo começa na escolha do que temos ensinado e se concretiza na seleção de métodos de ensino que privilegiam a repetição mnemônica das coisas em um profundo detrimento do raciocínio criativo e da imaginação.[b] ( FERRAREZI JR., 2016).
A prática do silenciamento é tão antiga nas escolas brasileiras que já temos gerações silenciadas formando gerações para o silêncio. São professores que não se dão conta do problema perpetuando práticas e conteúdos silenciadores que mal-formarão novas gerações e assim sucessivamente, até que, um dia, o ciclo seja quebrado – se um dia ele for quebrado. (FERRAREZI JR. 2016). Isso já se tornou um cíirculo vicioso[c].
Pedagogia do silenciamento: a escola brasileira e o ensino de língua materna, obra de Celso Ferrarezi Jr., é resultado da longa experiência do autor na formação de professores de língua materna em cursos de Letras e de sua experiência em salas de aula da Educação Básica (da alfabetização ao Ensino Médio), com povos indígenas, seringueiros e ribeirinhos, em escolas urbanas e no sistema federal de universidades. Celso Ferrarezi Jr. é licenciado em Letras/Português/Inglês pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), mestre em Linguística (Semântica) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), doutor em Linguística (Semântica) pela UNIR e pós-doutor também com especialidade em Semântica, pela UNICAMP. Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL). Na Amazônia, fez carreira como professor a partir dos 16 anos, quando terminou o curso de magistério.
A obra organiza-se em quatro capítulos com inúmeros subtítulos, além de fora a introdução e conclusão. O[d] capítulo (1), “O silêncio dos pecadores”, traça um caminho que passa pela formação de uma pedagogia do silêncio, pelos currículos silenciosos e pela prática do silêncio nas aulas de língua materna. No capítulo (2), “Uma tentativa de mudança”, O o autor discute a filosofia dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os percalços na implantação dos PCN e que o silêencio continua. O capítulo (3), “As quatro habilidades básicas da comunicação na sala de aula”, como[e] o próprio título enuncia, fala das habilidades que são consideradas fundamentais para a formação do homo communicans: ler, escrever, falar, ouvir. O capíitulo (4), “A urgência da mudança”, ele fala das cicatrizes do silêencio, na escola de um novo ponto de vista e propõe uma pedagogia da comunicação, e por fim, em sua conclusão usa estas habilidades para mudar o estado atual de silenciamento humano.
O livro trata-se do fato de que a escola brasileira tem transformado o ambiente escolar em um ambiente que silêencia bocas, ouvidos e mentes, destituindo os alunos de sua vitalidade infanto-juvenil e destruindo potencialidades. Ele fala também dos “currículos de hoje assemelham-se aos de décadas atrás” (p.32) que ensinam regras vazias de gramática. Professores[f] frequentam cursos caros para retornarem às salas de aula sem oportunidade de aplicar os novos conhecimentos. São impedidos pelo currículo oficial engessado. Ministram aulas expositivas, sem ousar em métodos ou experimentos didáticos. Os currículos inúteis enumeram regras gramaticais extensas, complexas e impossíveis de serem transmitidas em um ano.
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