RESENHA DO TEXTO “A PIRÂMIDE INVERTIDA: Historiografia Africana Feita por Africanos”
Por: Evellynsschris • 16/12/2022 • Resenha • 1.402 Palavras (6 Páginas) • 239 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE HISTÓRIA
EVELLYN CHRISTINNY COSTA SANTANA
RESENHA DO TEXTO “A PIRÂMIDE INVERTIDA: historiografia africana feita por africanos”
SÃO LUÍS
2022
EVELLYN CHRISTINNY COSTA SANTANA
RESENHA DO TEXTO “A PIRÂMIDE INVERTIDA: historiografia africana feita por africanos”
Resenha crítica do texto A pirâmide invertida: historiografia africana por africanos apresentada á disciplina História da África Antiga do curso de História da Universidade Federal do Maranhão para obtenção de nota.
Orientador: Prof. Josenildo de Jesus Pereira
SÃO LUÍS
2022
Resenha do texto: LOPES, C. A Pirâmide Invertida: historiografia africana feita por africanos. In: Actas do Colóquio Construção e Ensino da História da África. Lisboa, Linopazes, 1995. p.21-29.
No texto o autor trata sobre a interpretação simplista e reducionista da historiografia, pelas quais passou o continente africano, descritos por historiadores não africanos e africanos. Lopes tem uma grande contribuição com a historiografia africana, por propor uma reflexão crítica sobre a complexidade de três correntes historiográficas do continente africano a saber: Inferioridade Africana, Superioridade Africana e Nova História Africana.
No item “Inferioridade Africana”, Lopes faz uma crítica ao destacar que “A História da África durante bastante tempo foi apenas conhecida no Ocidente através do paradigma que Hegel descreveu” (p.22).
Diante disso, salienta que os historiadores dessa corrente demonstram total desconhecimento, desprezo e racismo pelos acontecimentos histórico antes da colonização, bem como pelos sujeitos africanos.
No entanto, apesar de ser considerada reducionista e depreciativa para a História africana, os princípios de Hegel contribuíram por levar pesquisadores a se aprofundar nesse estudo, tendo como consequência desmistificar e conhecer a historicidade africana pré-colonial.
O autor também argumenta que a corrente da Inferioridade Africana coloca os africanos como inferiores, não sendo considerados sujeitos históricos ao negar sua língua, costumes, crença, cultura, bem como marginalizados e incapacitados intelectualmente pelos colonizadores europeus.
Nessa perspectiva, a corrente supracitada nega a existência do povo africano antes da colonização dos europeus nesses continentes e, reconhece a história da África somente a partir da escravidão dos africanos pelos colonizadores. Isso fez com que a história africana fosse influenciada pela visão europeia e não pela concepção própria africana.
O autor discute sobre o desconhecimento da história do continente africano se encontrar presente em qualquer demonstração literária importante, mesmo que grandes historiadores contemplem uma nova forma de análise histórica do continente africano, ao considerar a aparição do valor do trabalho e riquezas dos povos africanos, pois, continua a prevalecer a marginalização e negação da contribuição africana.
Lopes afirma que a Inferioridade Africana se deve as “[..] bulas papais "Oum Diversas" de 1452 e "Romanus Pontifex" de 1455, que deram o direito aos Reis de Portugal de despojar e escravizar eternamente os Maometanos, pagãos e povos pretos em geral” (p.21). Isso fez com que os europeus impusessem seus costumes e religião aos povos africanos com a justificativa de que as terras não cristianizadas eram consideradas pagãs e de ninguém.
Diante disso, entende-se que a corrente da Inferioridade Africana tinha como pressuposto a missão civilizadora e dominação colonial sobre o continente africano, que levou a negação da história da África pelos povos africanos, e afirmação da historicidade dos povos europeus no continente africano.
O texto aponta que para os europeus os povos africanos não tinham capacidade de produção e criação. Tal afirmação reforça a inferioridade dos africanos ao salientar que “[..] a técnica estatuaria dos Yoruba é vista coma vinda do Egipto; a arte do Benin associada aos portugueses; as infra-estruturas arquitectónicas do Zimbabwe obra provável de técnicos árabes; as cidades malianas obras de influência oriental” (p.23).
Assim, para os europeus todas essas técnicas e obras eram produzidas por outros povos que estariam no continente africano, mas não pelos próprios africanos. Logo, procuravam explicar o que encontravam no continente africano de forma a negar a capacidade intelectual de seus povos.
Para o texto, a corrente da “Superioridade Africana” nomeada também de “Pirâmide Invertida” pela geração de Ki-Zerbo, sendo que esses historiadores africanos sugeriram uma reescrita da história do continente africano a partir de suas experiencias culturais
O texto enfatiza que os historiadores africanos buscam reescrever sua história na tentativa de explicar e definir suas culturas e história. Com isso, esses historiadores africanos defendem que os povos africanos eram sujeitos históricos mesmo antes da colonização europeia.
Em suma, a corrente da superioridade africana reconhece a ideia do argumento que os africanos têm História antes da colonização europeia, ao invés de apenas ter a História após a colonização. Isso faz com que seja invertida a lógica de sua antecessora, ou seja, da corrente da Inferioridade Africana.
Também se aborda no texto o enaltecimento de Lopes a diversos autores, como; Ki-Zerbo, A. Ajayi, B. Ogot, T. Obenga, Tamsir Niane e CheickAnta Diop, ao dizer que os mesmos tiveram uma importância para a História africana. Um dos autores citados por Lopes, destaca-se Ki-Zerbo, que teve um papel fundamental para a construção da história do continente africano, por ser o escritor do livro “História da África Negra”.
O livro do autor Ki-Zerbo segundo Lopes abordava como “[..] primeira tentativa Individual africana de produzir sobre toda História de África subsaariana. Tentativa essa, para muitos chocante, a vários títulos, entre os quais o próprio subtítulo da obra: “De ontem ao amanhã””. (p.25). Assim sendo, o livro de Ki-Zerbo bem como a discussões que ele causou, espelha bem o posicionamento e a intencionalidade desses historiadores perante a história da África.
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