Resenha "A história da morte no Ocidente" de Philiphe Aries
Por: Rubens Castelo • 29/5/2018 • Resenha • 713 Palavras (3 Páginas) • 904 Visualizações
Philippe Áries, autor do livro em estudo, a meu ver, dá a entender que a morte é, além de tudo, um fato social (aqui utilizo a definição de Durkheim), onde a morte é exterior ao indivíduo, coercitiva e geral. Portanto, a sociedade, os costumes, a cultura da época vivenciada influencia diretamente na maneira como o ser humano vê a morte dos outros e também a si mesmo. Sendo assim, o conceito de morte e a forma como o indivíduo lida com isso vem mudando de tempos em tempos. Entretanto, algumas atitudes permanecem inalteradas. Um ótimo exemplo disso é a ligação corriqueira do processo da morte e o morrer com a religião, mas é importante salientar que essa ligação já foi muito forte séculos atrás, onde a Igreja detinha poder pleno em diversos setores da sociedade.
O autor começa seus estudos no início da Idade Média, onde a sociedade tinha um maior respeito pela natureza, ou seja, era uma época bem bucólica. Também havia uma aceitação à morte, pois acreditava-se que ela fazia parte da vida (mesmo inconscientemente). Portanto, acredito que a morte naquela época era um processo muito mais tranquilo de ser vivenciado, pois não havia a negação total que há nos dias de hoje, onde a todo momento as pessoas evitam falar disso, devido a uma construção social de que a morte deve ser evitada (ou até adiada) a todo custo. Também percebo que a mídia tem um papel influente nesse entendimento “contemporâneo” da morte, pois é comum a celebração da vida, da juventude, desprezando assim não só o processo da morte, como também os indivíduos mais idosos, justamente os que estão (em tese) mais próximos da morte, ou seja, mais perto do fim. Também existe o outro lado disso, onde a mídia além de celebrar a juventude, usa do mecanismo do sensacionalismo para escrachar a morte, onde diariamente pode ser visto mortes trágicas, onde o sofrimento dos familiares é o foco dos veículos de mídia. Ou seja, a morte passa a ser muito mais temida nas sociedades atuais, onde ninguém quer se ver no lugar daqueles familiares que choram copiosamente nos programas policiais da televisão.
O sistema econômico capitalista em que vivemos também tem uma influência muito significativa na conjuntura atual da morte, pois ela faz com que as pessoas vivam para gerar lucros, e as tornam dependente disso, perdendo assim a sensibilidade de aproveitar os momentos da vida. Dessa maneira, temos a sensação de que os minutos passam mais rápido nos dias de hoje, em relação às Idades anteriores (Média, Moderna, etc..). Surge aqui uma contradição, pois as pessoas vivem mais (devido ao avanço da tecnologia,proporcionada pelo capitalismo), porém a qualidade de vida delas não é a mesma, ou seja, não vivem melhor, por serem condicionada a viverem sob um sistema desumano que não preza pelo seu bem-estar, mas sim pelo capital que você é capaz de produzir.
Na Idade Média, o senso de coletividade era muito maior do que os tempos atuais, onde os ritos fúnebres eram realizados em público, além disso, a apatia e indiferença era um sentimento recorrente nesses ritos, por haver o conhecimento de que a morte faz parte do ciclo da vida. Isso é bem diferente atualmente, onde a comoção dos presentes costuma ser muito grande, com sentimentos aflorados, principalmente os de angústia, saudade e pesar pelo moribundo. Também há um número bem menor de presentes nos ritos, mais restrito a
...