Resenha: O Diabo na terra de santa cruz
Por: Raissa Viana • 11/4/2018 • Resenha • 1.118 Palavras (5 Páginas) • 1.650 Visualizações
SOUZA, Laura de Mello. O diabo e a terra de santa cruz. São Paulo: Cia das letras, 1986. Capitulo I.
Maria Raisa Viana
A obra O diabo e a terra de santa cruz foi publicada em 1986, e relançada em 2009, o ensaio é uma relevante contribuição aos estudos sobre religiosidade popular. pela editora SCHWARCZ LTDA, tendo como autora Laura de Mello e Souza. Laura já trabalhou como professora de historia moderna na USP, atualmente dar aula de historia do Brasil Na Université Paris-Sobonne, suas principais obras são: Desclassificados de ouro: a pobreza mineira no século XVIII, 1983, Feitiçaria na Europa Moderna, 1987, Inferno Atlântico: demonologia e colonização (séculos XVI-XVIII), 1993, entre os trabalhos já publicados.
A autora ao dissertar sobre esse tema procurar preencher uma lacuna, pois percebeu que existia uma falta muito grande na historiografia sobre esse tema, já que há um acervo de fontes bastante vasto sobre esse assunto, por conta de praticas de feitiçaria julgadas no tribunal da inquisição.
No decorrer de sua tese de mestrado ela percebeu que o tema feitiçaria se destacava bastante, principalmente a presença de feiticeiras, e feiticeiros negros, dentre a população pobre de Minas, que as Devassas Eclesiásticas em suas praticas cotidianas continham um alto grau de feitiçaria, que a autora ligava a praticas africanas, porem no decorrer de sua analise ela percebe que esse fato também se ligava a praticas de feitiçaria na Europa.
Ela nota diferenças com relação a essas praticas, nos estudos sobre a colônia, ela não encontra relatos sobre possessão demoníaca como os conventos franceses ou os relatos de Salem na América do norte, porem era notável a presença de feitiçaria entre os colonos. Entretanto a feitiçaria encontrada entre colonos eram magias que podiam ajudar no dia-dia além de ser um pratica ligada a religião em que a população pertencia.
Por um lado, a feitiçaria colonial mostrava-se mostrava estreitamente ligada as necessidades eminentes, do dia-dia buscando a resolução de problemas concretos, Por outro, aproxima-se muito da religião vivida pela população, as receitas magicas assumindo com frequência a forma de orações dirigidas a Deus, a Jesus aos santos, A Virgem. (SOUZA, 1986. P.16)
Nota-se nessa passagem que as muitas vezes as pessoas que praticavam feitiçaria utilizava praticas cristãs para fortalecer suas orações, pois pelo que é visto a religião nessa época não teria um padrão a ser seguido.
A autora faz uso de analises de autores como Le Goff, Ladurie, Guinzburg, Delumeau para investigar épocas das quais a feitiçaria pode ter sido vista mais passado a despercebida. E com isso ela embasando seu estudo com teoria desses autores ela alarga seu estudo para da ênfase também a área medieval onde era nítida a presença dessas praticas.
A obra se trata de uma importante analise do real registro do imaginário da magia, das crendices, superstições, entre outras perspectivas religiosas. O livro é dividido em três partes, a autora busca informar em sua obra sobre feitiçaria e praticas magicas e da religiosidade no Brasil colonial nos séculos VI, VII e VIII, integra em sua analise a Bahia, Pernambuco, Paraíba, Grão-Pará, Maranhão, Minas Gerais, e Rio de Janeiro.
No primeiro capitulo que ela denomina de: O novo mundo entre o céu e o inferno, ela analisa as viagens feitas que era imaginada antes mesmo deles embarcarem na busca do desconhecido. Ela utiliza a carta de Pero Vaz de Caminha destinada a D. Manuel, onde ele relata o dia-dia dos portugueses desde sua chegada.
Ao saírem de suas terras os colonos imaginavam que seu destino era as índias, ao adentrarem na terra desconhecida procuravam algo que mostrasse que suas especulações estavam corretas.
Todo o universo imaginário acoplava-se ao novo fato, sendo, simultaneamente, fecundado por ele: os olhos europeus procuravam a confirmação do que já sabiam relutantes ante o reconhecimento do outro. Numa época em que ouvir valia mais do que ver, os olhos enxergavam primeiro o que se ouvira dizer; tudo quanto se via era filtrado pelos relatos de viagens fantásticas, de terras longínquas, de homens monstruosos, que habitavam os confins do mundo desconhecido. (SOUZA, 1986. P.22)
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