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Resenha O Incrível Exército de Brancaleone

Por:   •  22/1/2019  •  Resenha  •  1.616 Palavras (7 Páginas)  •  1.242 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO[pic 1]

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

INSTITUTO DE HISTÓRIA

Disciplina: Senhorio e feudalismo: debate historiográfico

Docente: Guilherme Marinho Nunes

        Discente: Natascha de Castro França – DRE: 116028669

 

Resenha “O Incrível Exército de Brancaleone”

O Incrível Exército de Brancaleone, um clássico do cinema italiano, foi lançado em 1966 e dirigido por Mario Monicelli. A comédia em seu tom satírico, que pode até lembrar o estilo de Monty Python, é uma ótima forma de estudar o período da Idade Média através de seus exemplos na sétima arte, além de se diferenciar de parte considerável das obras cinematográficas que retratam o período medieval por não haver uma romantização dos personagens apresentados.

O filme começa no ano 1000 D.C, retratando um cavaleiro francês sendo atacado por um grupo de pessoas quando ele estava indo tomar posse de um feudo. Este grupo, por sua vez, acreditando haver assassinado o cavaleiro tomam a escritura do feudo e partem em busca de um cavaleiro que pudesse conquistar essas terras. É nessa busca que o grupo encontra Brancaleone, um cavaleiro sem posses, um tanto atrapalhado e mulherengo que detinha apenas um cavalo, chamado de Aquilante. A princípio a ideia não lhe parece tão sugestiva, visto que o cavaleiro tinha em mente ganhar um torneio de cavalaria no qual o prêmio seria o casamento com uma jovem da nobreza. No entanto, Brancaleone em visível desvantagem perde a competição e passa a ver a proposta de conquistar o feudo como algo mais interessante.

É no caminho da conquista que suas aventuras têm início. A primeira é seu encontro com um bizantino, que de início parece ter uma vantagem em cima de Brancaleone pela sua armadura, acaba por ser derrotado e tomado enquanto uma espécie de “prisioneiro”, quando na verdade os ‘servos’ apenas queriam um gordo resgate em troca.

Posteriormente, Brancaleone e seu exército chegam em um feudo, apenas para descobrir que este havia sido tomado pela peste negra. Desesperados e certo de que não haveria outro destino a não ser a morte iminente o grupo foge e dá de cara com um grupo de fieis, os quais seguem rumo à Terra Santa e afirmam que aqueles que lutam em nome do Senhor, defendendo a fé, são livrados do mal, recebendo a salvação eterna e a promessa do fim do sofrimento na terra; convocando-os para lutar na guerra santa. É sob tais premissas que o grupo se une aos fiéis, porém a união não dura muito tempo.

As surpresas do caminho não terminam por aí e é nesse momento que os ‘cavaleiros’ se deparam com Matelda e seu tutor. A beira da morte e impossibilitado de seguir na missão, o tutor da jovem pede para que Brancaleone, como honrado cavaleiro, mantenha a honra da jovem e a leve até seu futuro esposo. Apesar das investidas de Matelda, o protagonista mantém sua palavra e não faz nada com a moça, apenas para ser traído pelo bizantino. Descobre-se então logo após o casamento que a jovem havia sido violada, algo inaceitável para este momento tendo em vista que, de acordo com o catolicismo, o casamento deveria se dar com uma jovem virgem. Em função de toda essa confusão, Matelda é levada para o convento e Brancaleone é acusado, mas eventualmente se desvencilha do problema.

Quando finalmente chegam a Aurocastro, o grupo é bem recebido por seus ‘servos’ visto que o feudo estava sob ataque e uma das funções do cavaleiro/senhor feudal é a defesa do território. Porém eles são capturados pelo verdadeiro dono do feudo, que pensava-se estar morto. Tentando fugir da morte certa, pedem clemência e justificam não poder ser mortos pois haviam prometido lutar nas cruzadas e não se pode tirar a vida daquele que jurou lutar pela fé em nome do Senhor, e assim conseguem se manter vivos.

A comédia aqui retratada é considerada uma paródia de Dom Quixote de la Mancha, clássico livro espanhol e um retrato de certa forma mais fidedigno da Idade Média do que grande parte dos filmes que buscam retratar o período. Na película em questão, é seguro dizer que não há uma romantização dos personagens, especialmente do cavaleiro protagonista, Brancaleone.

  • Hierarquia Social

Um dos primeiros aspectos que se fazem presentes no filme é a questão da hierarquia social, ou mais especificamente a ‘sociedade tripartida’. Segundo Duby em seu texto “As três ordens ou o imaginário do feudalismo”, existem uma divisão da ordem na terra, havendo dois grandes cargos, o que estava voltado para o céu, anunciando as regras e com comunicação direta com o Senhor (Bispos- Igreja) e o outro voltado para a terra que tem como função aplicar as regras estabelecidas (Reis – Nobreza). Um dos efeitos desse sistema é a desigualdade, pois existem aqueles que mandam e aqueles que não tem outra alternativa a não ser obedecer, o povo, que tem a dura obrigação do trabalho pesado pois não são ordenados, nem tem sangue real. Fica claro assim que a condição servil era o patamar mais baixo da hierarquia social da Idade Média. É em busca de resistir à essa condição que os homens atacam o cavaleiro francês buscando em Aurocastro uma vida menos penosa e em Brancaleone um cavaleiro que lhes permitisse ter condições de vida em um nível mais igualitário.

  • Cavalaria

Um dos pontos mais marcantes, senão o principal, é a questão da cavalaria. Fica muito perceptível no filme, especialmente durante a cena do torneio, que Brancaleone não está no mesmo patamar que os outros cavaleiros. Brancaleone não é um cavaleiro ‘clássico’ ainda que tenha elementos clássicos da cavalaria como a armadura, a espada e o cavalo. Ele não tem posses e seus “equipamentos” não são de alta qualidade. É claro que ele não é como os outros cavaleiros, especialmente os retratados no torneio.

Cavaleiros seriam aqueles que tem como função proteger e manter a ordem nos feudos, protegendo e guardando os mesmos de inimigos, fossem eles bárbaros ou outros senhores. Segundo Hilário Franco Jr, até o início do século XI, os cavaleiros tinham origem humilde, saídos do campesinato livre e posteriormente ficaria conhecido como algo intrinsecamente da nobreza em função do alto custo de manutenção.

No texto “A sociedade cavalheiresca”, Duby desenvolve melhor essa questão das mudanças que concernem à cavalaria e a seu status.

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