Resenha: O (pré)conceito de Idade Média
Por: Luiz Paulo • 28/10/2023 • Resenha • 527 Palavras (3 Páginas) • 61 Visualizações
Hilário Franco Júnior é um historiador medievalista brasileiro. No capítulo O
(pré)conceito de Idade Média, introdução de seu conhecido livro Idade média:
nascimento do ocidente, o autor discorre acerca das tradicionais visões acerca da
Idade Média, tanto aquelas que a tratam como uma “idade das trevas” como as que
romantizam o período, e porque essas concepções devem ser postas de lado para
que se possa melhor compreender o Medievo.
O conceito de Idade Média tem suas origens no Renascimento. Os
renascentistas reviveram os ideais estéticos da Antiguidade greco-romana,
considerando-os superiores, e, deste modo, definiram o longo período entre eles e a
queda de Roma como uma época de decadência entre o que consideravam um
ápice civilizacional e a Renascença, época em que, como acreditavam, finalmente
dariam continuidade ao legado greco-romano.
Essa é a origem dos termos “Idade Média” e “Medievo”. Tais expressões
sugerem que se trata de mero intervalo entre duas grandes épocas. Esse período de
suposta decadência artística, tirania da Igreja Católica, fragmentação política e
comércio limitado, contrastaria com a nova era que se iniciara, a Idade Moderna.
Posteriormente, a partir do século XVIII, os iluministas também contribuíram
para a formação dessa visão essencialmente negativa da Idade Média. Seus valores
anticlericais e racionalistas os levaram a desprezar o período como uma antítese de
seus ideais, uma época de fanatismo religioso e supremacia da nobreza e da Igreja.
O Romantismo do século XIX criou uma visão mais positiva da Idade Média,
embora nem por isso menos preconceituosa. As Guerras Napoleônicas e outras
convulsões que se sucederam ao Iluminismo deram origem a uma visão
romantizada da Idade Média, tida como época de tradição, fé e surgimento das
identidades nacionais europeias, em oposição ao racionalismo iluminista que causou
diversas conturbações no continente. Era, portanto, uma época onde a emoção se
sobrepunha à razão.
A partir do século XX, esses lugares-comuns começam a ser defeitos, inobstante as
concepções tradicionais sobre o Medievo ainda sejam muito comuns. As visões
depreciativas e romantizadas foram formuladas a partir do viés de suas épocas, e
cabe ao historiador atual analisar o passado sem julgá-lo a partir
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