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Resenha do livro: Apologia da História ou o Ofício do Historiador

Por:   •  23/8/2018  •  Resenha  •  1.777 Palavras (8 Páginas)  •  799 Visualizações

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RESENHA

BLOCH, Marc. Apologia da história ou O ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

Antônio Igor Sousa Alves[1]

Ranisthayne Pablyne Freire Faria[2]

Marc Bloch, especializado na Île de France em história medieval, publicou seu primeiro estudo em 1913, nomeado chargé de cours e maître de conférences em dezembro de 1919, e professeur em 1921 na faculdade de letras da Universidade de Estrasburgo, entra em 1943 para a Resistência para o grupo de Lyon e acaba sendo preso no ano de 1944, e acaba sendo fuzilado em 16 de julho de 1944 após sofrer várias torturas, em seu período preso Marc Bloch passava seu tempo redigindo.

O Livro, “Apologia da História ou o Ofício do Historiador”, foi escrito em um campo de concentração, no qual Marc Bloch estava preso na Alemanha, sendo que além de ser judeu era combatente da resistência francesa que lutava contra o nazismo. No livro ele produz um entendimento de história diferente daquele que era produzido pela escola metódica do século XIX está corrente de pensamento, entendia que a história era uma ciência do passado, acredita que os documentos históricos falavam por si mesmos. Enquanto à escola de Annales fundada em 1929, em que Marc Bloch era cofundador, defendia uma ideia contrária de que a história não era uma ciência do passado, sendo a história um conhecimento do passado que é produzido a partir de problemas elaborados no presente, entende que as informações do documento só seriam possíveis quando fossem indagados ou problematizados. Para Marc Bloch a história não é um conhecimento do passado puro e simplesmente, mas sim um conhecimento produzido sobre o passado a partir de um problema no presente, ou seja, só seria possível produzir conhecimento histórico a partir de um problema elaborado no presente.

Na primeira parte do livro, ”Apologia da História ou o Ofício do Historiador” de Marc Bloch, a Introdução, começa a ser desenvolvido a partir da epígrafe, "Papai, então me explica para que serve a história." (BLOCH, 2001, p.40), a qual serve de base a sua argumentação ao decorrer dos capítulos. O autor começa pontuando as temáticas às quais ele deseja debater ao longo do livro, sobre o que séria a conceituação de história, e quais são os ofícios do historiador. Objetivando exemplificar com mais clareza como deve ser feita História ou História-Problema, o que está precisa para ser considerada legítima, e não se torne apenas um tipo de conhecimento/narrativa (do senso comum, ou não) sem embasamentos, comprovações, evidências e investigações. Assim como tenta mostrar por quais motivos uma pessoa deseja se tornar um historiador, o porquê de se seguir esse ofício, que ele resume na simples ideia do senso comum, como sendo, por grande parte pelo instinto de curiosidade das pessoas. Como cita Marc Bloch, “cada um busca seus passatempos onde mais lhe agrada —, assim parece, incontestavelmente, para um grande número de homens.” (BLOCH, 2001, p.43).

O primeiro capítulo trata sobre: “A história, os homens e o tempo”, no qual de forma bastante sucinta, Bloch tenta definir o conceito de história, mostrar o papel dos homens na história, tentando apontar suas contribuições e no estudo dessas, e a relação das formas de representações do tempo, através da relação passado/presente, (ou) vice-versa. Enquanto sociólogos que seguiam a mesma linha de raciocínio durkeimiana consideravam história apenas como um tipo de ciência de estudo dos homens, em que eram despejados os fatos humanos julgados superficiais e acidentais, Bloch deu uma significação contrária a esse conceito. Segundo Marc Bloch, história deveria voltar-se à “preferência para o indivíduo ou para a sociedade, para a descrição das crises momentâneas ou a busca dos elementos mais duradouros.” (BLOCH, 2001, p.51), a qual mudou muito seus conteúdos desde seu surgimento. Para o autor a ideia de “A história é a ciência do passado”, está errada, justamente por não considerar que o passado possa ser utilizado como objeto da ciência, já que é algo não contemporâneo, Marc Bloch considera a história como sendo o estudo de determinada mudança na duração, sendo que o seu objeto de estudo é o próprio ser social, ou seja, o homem. Podendo ser exemplificado pelo pequeno fragmento retirado do texto,

“Por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, [os artefatos ou as máquinas,] por trás dos escritos aparentemente mais insípidos e as instituições aparentemente mais desligadas daqueles que as criaram, são os homens que a história quer capturar.” (BLOCH, 2001, p.54).

Deste modo, a história não representaria a acumulação de fatos e acontecimentos que tenham ocorrido no passado, mas sim a ciência de estudo das sociedades humanas (dos grupos sociais). Já no que se trata a relação do tempo histórico, como o autor trata a história sendo a ciência dos homens, acrescentar-se-ia “dos homens, no tempo”, ou seja, os homens e suas mudanças e experiências passam a ser pensado através do tempo, sendo esse sempre contínuo e cheio de novas mudanças. Outrossim, tem-se também aqueles historiadores que apresentam uma obsessão pelas origens, o que significa o uso do mais distante (passado), para a explicação do mais próximo (presente). Dando aos fatos do início extrema importância, a utilização do passado nos estudos se deu apenas pela possibilidade ou forma de explicação do presente. Além do mais, Marc Bloch acaba caracterizando o homem, às sociedades, a determinadas características sociais, culturais da realidade vivida como sendo um reflexo do estado social do momento, como ele cita o provérbio árabe para exemplificar sua visão, “Os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais.” (BLOCH, 2001, p.60).

No que se diz respeito à relação das formas de representações do tempo, através da relação passado/presente, nesse elo entre essas representações estão aqueles que são devotos do imediato, sendo aqueles que consideram o presente sendo desligado quase que absolutamente do passado. Bloch define presente como, “[...] um instante que mal nasce morre. Mal falei, mal agi e minhas palavras e meus atos naufragam no reino de Memória.” (BLOCH, 2001, p.60). Sendo que, o presente é apenas um devir, o qual passa por uma eterna alteração, convertendo-se a cada momento em passado, ou seja, o presente é um passado recente.

Ao tratar do segundo capítulo, o autor discorre sobre o problema da observação histórica, uma vez que ele defende a ideia de que determinado tipo de ciência não só se define apenas pelo seu objeto de estudo, mas também por seus métodos, suas técnicas de investigação que são utilizados por seus estudiosos. Segundo Bloch, o historiador é impossibilitado dele próprio contatar os fatos que estuda, sendo assim, através do seu esforço para reconstituir fatos que não foram vividos por ele, o mesmo, portanto, só pode articular suas investigações a partir de testemunhas. Como esclarece o autor,

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