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A Busca pela mítica Eldourado, a cidade de ouro

Por:   •  9/7/2018  •  Artigo  •  2.870 Palavras (12 Páginas)  •  235 Visualizações

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A BUSCA PELA MÍTICA ELDORADO, A CIDADE DO OURO


1Ana Luiza GUIMARÃES

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RESUMO: O presente artigo tem por finalidade expor a pesquisa bibliográfica relacionada ao tema da busca secular pela mitológica cidade de Eldorado, a cidade de ouro. Eldorado é uma lenda do período da colonização americana que aborda a existência de uma cidade inteiramente feita de ouro. A lenda motivou inúmeros aventureiros europeus, que se embrenharam na Floresta Amazônia durante e após os eventos da colonização europeia, com muitos deles desaparecendo para sempre. O artigo compõe parte avaliativa da disciplina de História da América I, lecionada pelo Profº. Dr. Leandro Alonso Seawright.

Palavras-chave: Artigo bibliográfico, Eldorado, Lendas, América.

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O descobrimento da América, foi um acontecimento que mudou para sempre a história mundial e redefiniu todo o pensamento da sociedade europeia, que recém saída da Idade Média, deparou-se com um verdadeiro Novo Mundo, onde suas leis, sua religião, seu Deus, não existiam e não eram considerados. O europeu ao encontrar o indígena encontrou não apenas um novo habitante, mas sim uma nova espécie dentro da espécie humana, e passou a horrorizar-se com aquilo que pra si era distante. Foi o início do eurocentrismo, do etnocentrismo, e partindo para um conceito antropológico, ao olhar para o outro, olha-se para si mesmo (LAPLATINE, 2000).

O início da exploração da América assombrou e ao mesmo tempo fascinou os europeus, que ávidos por mais informações e mais descobertas, lançaram-se de vez ao mar em busca de novas terras. A era das navegações inaugurou aquela que viria a se tornar a sociedade capitalista, pois o intuito central era a busca pelas Índias, e posteriormente, por novos mercados de matérias-primas. O desejo de se tornar rico e ganhar dinheiro, ou melhor, ouro, antecede o capitalismo e tem origens nesse período.

Em busca de ouro, aventureiros de toda a parte da Europa lançaram-se ao mar em direção à América em busca de metais preciosos, de temperos, algodão para tecidos; muitas vezes a própria sorte, outras vezes financiados por mercadores e pela própria Coroa, no caso de Colombo. O que os motivava era a ânsia de riqueza.

Um lugar desconhecido e povoado por selvagens, na concepção etnocentrista, a América tornou-se também um lugar misterioso e cheio de mitologia. Monstros habitantes do local (que nada mais eram que espécies animais desconhecidas pelo europeu), plantas venenosas e monstruosas, homens selvagens e bestiais que comiam carne humana, a América era um centro de histórias e lendas que povoaram a mentalidade dos europeus, que cada vez mais a temiam e a ansiavam.

Nesse tabernáculo de lendas e histórias fantasiosas relacionadas a América, uma em especial capitalizou as atenções dos europeus, que foi a lenda de Eldorado, a cidade do Ouro. A história da cidade alastrou-se pelas coroas europeias, e foi corroborada quando houve a descoberta de prata na região de Potosi, na Bolívia, confirmando a tese de que o Novo Mundo era rico em metais preciosos.

A história de Eldorado fez com que inúmeros aventureiros de vários países europeus adentrassem o interior da Floresta Amazônica em busca da mítica cidade, muitos deles sem nunca mais retornar. A fome pelo ouro, pela riqueza fez muitos largarem suas cidades, famílias, empregos, em busca de uma vida melhor no Novo Mundo.

O intuito deste trabalho é fazer uma pesquisa acerca da origem da lenda de Eldorado e suas inúmeras excursões em busca da lendária cidade do ouro.

ORIGEM DA LENDA

A lenda de Eldorado ou Manoa Eldorado, inicia-se por volta de 1530, quando chegou à Europa a história de um suposto cacique indígena que se cobria de ouro em pó e mergulhava em um lago na Cordilheira dos Andes. A esse rei dava-se o nome de “Eldorado” (em castelhano, o homem dourado). A lenda baseava-se em fatos reais, como aponta Gabriel Roy (1974):

Um deles é que o rei-sacerdote dos chibchas, no planalto da Colômbia, costumava, em certas ocasiões, cobrir-se de pó de ouro e, em seguida, banhar-se no rio próximo . Outro costume dos índios dessa região era a de lançar ao rio estatuetas de ouro em oferendas aos deuses. Um terceiro fato que teria servido para espalhar o mito, é a abundância de pó de malacacheta — também chamado de "areia de ouro" e de "ouro dos macacos" — encontrado nessas regiões onde se supunha existir o El Dorado (ROY, p. 47, 1974).

A onda de relatos e histórias a respeito da cidade motivou inúmeras excursões para localizar a lendária cidade e toma-la. As primeiras aconteceram na Nova Granada: Santa Marta, vale do Causa e planalto de Bogotá. Seguiram-se outras na Venezuela, na Guiana e no país dos Omáguas (ROY, p. 47, 1974).

De todo modo, haviam inúmeros percalços a superar na busca pela cidade: a primeira, logicamente, residia na imprecisão geográfica da localização da cidade e no desconhecimento dos viajantes a respeito do local. Localizar Eldorado era uma tarefa árdua. Alguns relatos afirmavam que a cidade localizava-se ao longo do rio Orinoco, outros na costa do rio Amazonas; outros cronistas davam conta da cidade estar no Planalto das Guianas e em Roraima. A incerteza da localização contribuíra para os vários fracassos das expedições. Roy comenta sobre a incerteza da localização de Eldorado:

O nome de El Dorado teria surgido inicialmente na costa de Cartagena e de Santa Marta (24) . De lá, passou sucessivamente para Velez, o vale do Sogamoso e chegou à capital dos chibchas, Guatavita, perto da atual Bogotá. Humboldt afirma ser Guatavita o lugar primi-tivo do rei dourado e diz ter visto aí restos de uma escadaria talhada na rocha que forma as bordas do lago e que havia sinais de ter sido usada no ritual da ablução (25) . Swan afirma que a cerimônia se rea-lizava 40 anos antes da conquista espanhola . Tentativas foram feitas para a drenagem desse lago e as operações de mergulho recuperaram do lodo numerosos ornatos de ouro (ROY, p. 52, 1974).

Viajar de um continente para outro, em busca de um lugar que ninguém sabia ao certo aonde estava certamente foi uma das dificuldades encontradas pelos aventureiros, que eram totalmente desacostumados com o clima tropical e a densidade da Floresta Amazônica. Além disso, indígenas que povoavam a floresta não permitiam a entrada de estrangeiros em suas terras, a exemplo do que possivelmente ocorreu com Percy Fawcett, o último aventureiro que buscou Eldorado[1].

 Por conseguinte, a difícil busca por Eldorado não arrefeceu as tentativas dos aventureiros, que, mergulhados em uma sociedade movida pela acumulação de metais preciosos, ainda iria se lançar várias vezes ao mar e adentrar a Floresta em busca da mítica cidade, que seria mais rica que os impérios do México e do Peru (ROY, p. 54, 1974).

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