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A CAMINHADA DA CONSTRUÇÃO DO RENASCIMENTO E SUAS IDEIAS

Por:   •  26/4/2019  •  Artigo  •  1.952 Palavras (8 Páginas)  •  168 Visualizações

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A CAMINHADA DA CONSTRUÇÃO DO RENASCIMENTO E SUAS IDEIAS.

Mateus Ramos Bentivi (UFMA)

Resumo: Este artigo trata-se de uma análise sobre o renascimento, produzida com base em teorias dos historiadores Jean Deulumeau e Peter Burke. O texto aborda os fatores que contribuíram para a construção do movimento renascentista, como a recorrente volta do homem ao antigo, recursos humanistas, individualismo e erros históricos, também discorre sobre as ideias e como era constituído o movimento.

Palavras chaves: Renascimento; Humanismo; Homem; Antigo; Individualismo; Erros.

INTRODUÇÃO

O renascimento é alvo de controvérsias, vários fatores colaboram para esse debate na historiografia, como até onde o movimento era original e até onde ele parecia ser uma imitação, também sobre a polêmica em ser uma continuação ou uma quebra com a Idade Média, além de várias interpretações e traduções que serviram de base para o movimento, terem sido feitas de maneira equivocadas, porém, ao mesmo tempo, quando aplicadas no contexto da época, se tornaram fatos e questões híbridos, criando uma particularidade para o movimento e seu tempo na história. As questões humanísticas também foram peça fundamental para essa revolução intelectual.

O artigo se dispõe a debruçar-se sobre essas questões e aplicar uma análise histórica e que busca a raiz do indivíduo, para o entendimento dos fatos que levaram a construção do movimento renascentista e dissecar seus valores e ideias.

ESTRUTURAS E CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

O Renascimento na Itália se deu como resultado de praticamente 3 séculos de mudanças culturais, considerando Petrarca como iniciador dessa revolução intelectual, definindo-se como movimento em direção ao passado, sendo estabelecida uma relação entre Renascimento com o humanismo e a recuperação de textos clássicos gregos e dando ênfase ao fato de que os elementos clássicos eram mais facilmente observados na arquitetura.

É interessante ser analisado na pintura, a descoberta da perspectiva linear. Além da arquitetura, escultura e pintura, também na literatura e nas artes liberais. O artista era, até então, comparado ao tecelão, ao artesão. Nesse momento ele começa a emergir. Além disso, houve um renascimento do latim clássico e a volta dos gêneros literários romanos.

As obras de arte também puderam sinalizar que a Idade Média mão tinha sido deixada de lado da forma que parecia. Os escultores românticos tinham referências em estátuas, baixos-relevos, estelas e sarcófagos abandonados pela Antiguidade ao longo do tempo. Temos como exemplo a arte Gótica, que se inspirava no tesouro da Antiguidade.

O PRODUTO PRODUZIDO PELO HUMANISMO, INDIVIDUALISMO E ERROS HISTÓRICOS

A reflexão em volta do humanismo também foi algo em que podemos olhar de forma mais atenciosa, palavra surgida no século XV, referindo-se aos professores de humanidades, e a definição dos quatro níveis de existência: existir, viver, sentir e pensar e os quatro tipos de ser humano: o mandrião, o glutão, o vaidoso e o estudioso: “só os humanistas são verdadeiramente humanos” ([1]p. 27).

Muitos humanistas se assimilavam aos antigos no quesito de interpretar a história como cíclica, onde uma época poderia ser recorrência ou reposição de outra anterior. Nessa perspectiva, alguns deles se viam como “novos romanos”, um mito que não só muitos acreditaram, mas que viveram.

O movimento fez com que começasse a emergir uma essência do individualismo, com o indivíduo passando a ter sua importância específica. “[2]A consagração do retrato como género independente foi uma das tendências animadas pelo exemplo da Antiguidade. Os retratos do século XV eram habitualmente pintados de perfil, como se imitassem as cabeças dos imperadores nas moedas romanas, e eram regra geral cortadas um pouco abaixo do ombro, como se fossem equivalentes aos antigos bustos de mármore. Foi apenas por volta de 1500 que Leonardo, Rafael e outros artistas se emanciparam desta convenção para produzir obras sem precedente clássico que mostravam o rosto do retratado de frente ou a três quartos, de meio corpo ou corpo inteiro, sentado ou de pé, conversando com amigos ou dando ordens aos criados”.

O humanismo de certa forma até cooperativa, adotou um esforço para imitar o sistema educacional da antiguidade com ênfase em humanidades, opondo-se à lógica medieval.

Mais uma vez, recorrendo ao passado, houve novas interpretações de textos clássicos e medievais. E em várias ocasiões, deve se destacar que essas interpretações e traduções foram feitas de maneira equivocadas. “[3]Segundo os humanistas, até os textos clássicos latinos tinham sido mal compreendidos, quando não mesmo totalmente incompreendidos. A redescoberta dos clássicos era um acontecimento emocionante nas vidas de académicos como Petrarca e o seu seguidor Coluccio Salutati (que, juntos, recuperaram as cartas de Cícero), e Poggio Bracciolini (que encontrou alguns discursos, também de Cícero). Porém, acontecia que diferentes manuscritos do mesmo texto continham diferentes leituras de palavras- -chave, tendo havido a necessidade de desenvolver técnicas de “crítica textual”, por outras palavras, a recuperação daquilo que o autor teria originalmente escrito antes da cadeia de copistas ter distorcido a mensagem [126: cap. 12; 130]”.  Havia também, uma grande controvérsia de que o movimento poderia ser uma continuação da Idade Média e não uma ruptura como estava sendo pregado, podemos ver nesse trecho: “ [4]Na realidade, Petrarca. Bruneleschi, Alberti, Valla, Mategna, Ficino, e outros académicos, escritores e artistas dos séculos XIV e XV, estavam em muitos sentidos distantes daquilo de que se sentiam próximos- a Roma antiga- e próximos daquilo de que se sentiam afastados- a “ Idade Média”. Apesar de rejeitarem o passado presente daquilo a que chamavam arte “ gótica”, a filosofia “ escolástica”, e o latinismo “ bárbaro”, tinham sido criados nesta cultura medieval tardia e , em muitos sentidos, a ela pertenciam”.

Também nessa época, a imitação não era tratada como plágio, ou atribuída a falta de habilidade. A ideia era assimilar e compreender o modelo, para assim, ultrapassá-lo, não se limitando a ele. Uma questão interessante é o conflito de temas surgido da diferença de linguagem e de aspectos culturais que se observa em dois períodos históricos distintos. Apesar da ideia de imitação, não havia palavras em latim para descrever algumas realidades do século XVI, assim como havia a diferença de temática da antiguidade clássica para a realidade do Renascimento, que acabou por criar híbridos entre o clássico e o cristão. Entretanto, o quão próximo das obras originais deveriam estar as imitações era um assunto controverso.

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