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A Crítica e Testemunho

Por:   •  30/4/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.871 Palavras (8 Páginas)  •  95 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

DISCIPLINA: GEO-HISTÓRIA

PROFESSOR: IVALDO LIMA

ALUNO: AUGUSTO LEANDRO ROCHA DA SILVEIRA

SEGUNDA AVALIAÇÃO

RESPOSTAS:

  1. Para Rua Moreira em seu artigo O Tempo e a Forma (A sociedade e suas formas de espaço no tempo), o espaço tem seu aparecimento a partir da história da organização dada pelo homem  bem como a sua relação com o seu meio. Segundo o Autor, dois foram os acontecimentos que foram o ponto de partida desta história, a descoberta do fogo, o primeiro acontecimento e a agricultura o segundo. O fogo é nas palavras dele “o dado seminal”, ou seja,  profícuo, fértil, já que a partir do uso do fogo o homem tornou-se um ser “ubíquo" na superfície terrestre. A partir do domínio do fogo o ser humano passa a preparar seus alimentos, fabricar armas de fogo e os mais diversos utensílios, passando a dominar territórios, já que o fogo tanto serve para o ataque como para a defesa, para iluminar seu acampamento, e para, através da queimada renovar a vegetação de seu território. Já a agricultura, atua como um dado integrador, na medida em que com ela o ser humano dá uma arrumação espacial distinta à natureza, domesticando animais e plantas, criando com isto, territórios, através da construção de silos de armazenagem para a guarda de alimentos, bem como a apropriação dos solos e da água, da organização e desenvolvimento dos caminhos e das localizações. A partir da combinação destes dois elementos (fogo e agricultura), surgem os primeiros núcleos de povoamento, que mais a frente surgem as civilizações. Como um dado ordenador da paisagem é a seletividade, é a partir dela que o homem  seleciona as espécies úteis ao espaço construído, criando uma nova paisagem que se distancia da paisagem natural, buscando a partir da técnica a produtividade o ser humano evolui perpassando pelos três grandes formas de gênero de vida: o extrativo, o agrícola e o pastoril, até alcançar o chamado segundo espaço.

  1. Conforme aprendemos na aula do dia 20 de abril de 2021, as primeiras noções de paisagem são baseadas em um conceito pictórico, de origem holandesa, que em sua etimologia nas mais diversas línguas (landscape - inglês, landschaft - alemão, landscap - holandês e nas línguas neolatinas, a partir da palavra pagus, que significa em distrito rural definido) guarda uma vinculação com a terra. Em que pese alguns autores defenderem o chamado ocularcentrismo, que teria como conceito uma ideia centrada na superioridade da visão como forma de conhecer o mundo e estudá-lo, tal “visão" não retrata a amplitude de uma paisagem, já que existe uma paisagem sonora ou sônica, caracterizada pelos ruídos presentes naquela paisagem, e como o exemplo, foi citado pelo Professor Ivaldo, o Deserto do Atacama, onde é fácil ouvir o dilatar das rochas (estalidos), bem como os ruídos das geleiras da Patagônia; existem também as chamadas paisagens odoríferas, nas quais lembramos de uma paisagem pelo odor que elas expelem; Assim sendo, é perfeitamente cabível um cego compreender o que é uma paisagem, já que ele preserva os outros sentidos normalmente.
  1. A) Inicialmente, a autora faz uma reflexão acerca da dupla questão suscitada pelo Professor Milton Santos sobre o lugar; para ele, o “lugar poderia ser definido a partir da densidade técnica (que tipo de técnica está presente na configuração atual do território), a densidade informacional (que chega ao lugar tecnicamente estabelecido) a ideia da densidade comunicacional (as pessoas interagindo) e, também, em função de uma densidade normativa (o papel das normas em cada lugar como definitório).” Para a autora, deveria ser acrescentado a análise de Milton Santos a dimensão da história, que entra e se realiza a partir da prática cotidiana, assim, o lugar é a pedra basilar da reprodução da vida e pode ser analisados a partir dos três elementos habitante-identidade-lugar. A partir disto, a cidade se produz e se revela no plano da vida e do indivíduo, ou seja, um plano local, essas relações se dão através dos indivíduos com os espaços habitados em condições mais simplórias, no plano secundário, no acidental; neste espaço é possível ser sentido, pensado, apropriado e vivido através do corpo. Portanto, como o homem percebe o mundo através de seu corpo, de seus sentidos, o lugar é uma fatia do espaço apropriável para a vida de seus moradores, é o bairro, é a praça, é a rua, e nesse sentido, afirma a autora que não seria possível jamais a metrópole ser o lugar, a menos que seja a pequena vila ou cidade, esta vivida/conhecida/reconhecida em todos os cantos. Ela cita o motorista de ônibus, os bilheteiros, como conhecidos-reconhecidos como parte da comunidade, cumprimentados como tal e não como simplórios prestadores de serviço; as casas comerciais são verdadeiros pontos de encontro. Na metrópole pode ser até possível encontrar no nível do bairro uma situação similar, mas não são estas questões que a caracterizam, já que ela não é o “lugar”, ela só pode ser vivida parcialmente.

      B) O lugar como uma experiência é caracterizado fundamentalmente pela valorização das relações de afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao ambiente. Portanto, o lugar é o resultado de significados elaborados a partir da experiência, ou seja, dos sentidos desenvolvidos ao longo de nossas vidas. Sob este prisma, o lugar é diferente do espaço, tendo em vista que o primeiro é fechado, íntimo e humanizado, e o segundo seria qualquer porção da superfície terrestre, vasta e desconhecida, estando o lugar contido no espaço. A categoria lugar encerra espaços com os quais os indivíduos têm vínculos afetivos, onde se encontram as referências pessoais e os sistemas de valores que induzem a diferentes formas de perceber e construir a paisagem, e o espaço geográfico. Na perspectiva de lugar e singularidade, o lugar é resultante, de um lado, de características históricas e culturais inerentes ao processo de formação, e de outro, da expressão da globalidade. Para a Professora Ana  Carlos “O lugar se apresentaria como ponto de articulação entre a mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta, enquanto momento”. A concepção de lugar, sob este ponto de vista, possui uma dimensão histórica que está relacionada com a prática cotidiana, sendo que o lugar surge do plano vivido. Ainda segundo a autora, pensar o lugar: [...] significa pensar a história particular (de cada lugar), se desenvolvendo, ou melhor, se realizando em função de uma cultura/tradição/língua/hábitos que lhe são próprios, construídos ao longo da história e o que vem de fora, isto é, que se vai construindo e se impondo como conseqüência do processo de constituição mundial.”[1]

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