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A Ditadura e Democracia na America Latina

Por:   •  10/11/2017  •  Resenha  •  4.485 Palavras (18 Páginas)  •  773 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE – UNICENTRO

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES – SEHLA

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA – DEHIS

CAMPUS SANTA CRUZ – HISTÓRIA DA AMÉRICA II

PROFª FERNANDA CASSIA DOS SANTOS

RODRIGO EVARISTO PRESTES

RESENHA

ARAÚJO, Maria de Paula; FERREIRA, Marieta de Morais; FICO, Carlos;  QUADRAT, Samantha Viz (org.). Ditadura e democracia na América Latina. Rio de Janeiro: FGV, 2008.

        Conforme determinado pela professora, esta resenha trata-se de uma atividade avaliativa da disciplina de América II, como parte integrante do Exercício Domiciliar ao qual eu estava submetido.

        Este livro surgiu como resultado de debates e pesquisas realizadas no Seminário Internacional Ditadura e Democracia na América Latina, que aconteceu entre 21 e 23 de novembro no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O evento foi promovido pela Secretaria do Programa de Pós-Graduação em História Social e coordenado pelo professor Dr. Carlos Fico, titular do Departamento de Historia da UFRJ. A obra reúne artigos publicados nos anais do evento, com autorias diversas, cada capítulo trata de um assunto diferente relacionado às ditaduras dos países do cone-sul. Segundo as palavras do professor Fico, idealizador do evento e do livro:

“Nesse momento em que há lideranças supostamente de esquerda, ou chamadas de populista, assumindo o poder na América Latina; nós reuniremos aqui uma série de historiadores do Brasil, da Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai para discutir Ditadura e Democracia na América Latina. Esta é uma questão histórica fundamental para o nosso continente já que ele tem uma trajetória democrática muito frágil

 https://ufrj.br/noticia/2015/10/22/semin-rio-internacional-ditadura-e-democracia-na-am-rica-latina

         As necessidades do presente, definem os objetos de estudo da historia. No momento da realização do evento e da consequente publicação do livro, a América do Sul estava tendo uma “guinada a esquerda”, com a ascensão de presidentes como Lula, Chaves, Bachelet e Evo Morales. O momento parecia propicio para a discussão histórico-politica, e o pressuposto basilar dessa discussão partia da contextualização que o continente vinha de uma trajetória recente de democracia (cerca de 20 anos) e o Cone Sul ainda era marcado pelas desigualdades sociais e por um histórico de regimes ditatoriais que se caracterizaram, principalmente, pela arbitrariedade e o desrespeito aos direitos humanos. A partir de 2006, o contexto histórico que se apresentou para os cientistas sociais e historiadores revelou o grande desafio aos pesquisadores de compreender o processo de democratização, seus problemas, limites e impasses.

Em um contexto de uma perspectiva reflexiva dos acontecimentos históricos, a referida obra reúne textos que procuraram abordar aspectos ainda não muito conhecidos do público mais amplo. Os ensaios retratam a dificuldade de acesso aos documentos produzidos pela repressão das ditaduras militares na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e no Uruguai. Também abordam a experiência dos golpes militares nesses países, a repressão, as lutas de resistência, a redemocratização e a violência política, física e psicológica. O livro trás os embates ideológicos travados em torno de diferentes conceitos de sociedade, justiça e administração pública entre os diferentes atores que tomaram parte em todo esse processo histórico.

        O livro possuiu ao todo 15 capitulo/artigos, 11 em português e 4 em língua espanhola, reunindo autores sul-americanos, em sua maioria alunos de mestrado e doutorado em historia da UFRJ. Realizei a leitura de todos os capítulos escritos em português, inclusive, como militante politico, o que mais me agradei foi o cap. 11 “Memorias do PT”. Contudo, foi solicitado pela professora que fossem resenhados os capítulos 4, 7, 9, 10, 12 e 13, o que será apresentado a partir de agora.

        

O capitulo 4 chama-se “O Chile de Allende: entre a derrota e o fracasso” de Alberto Aggio. Aqui o autor procura fazer uma analise do contexto entre o ultimo governo democrático, o golpe e a ditadura de Pinochet naquele país. Em 1970, em uma eleição tumultuada, o esquerdista Salvador Allende ganha as eleições com apenas 36% dos votos, e procura implementar um governo progressista. Com o apoio dos Partidos Socialista e Comunista seu governo começou lentas mudanças econômicas e sociais, o intuito era levar o Chile a uma transição pacifica ao socialismo por vias democráticas.

Contudo, mais da metade do Congresso era formado por opositores de direita, eram os Liberais e os Democratas Cristãos. Esses partidos obstruíram as reformas mais estruturais, inviabilizando os projetos de social-democracia de Allende. A famosa “experiência chilena”, como é denominada historicamente essa tentativa de implementação do socialismo no Chile, é considerada uma ilusão reformista que foi boicotada pela elite conservadora capitaneada pelos militares. Os EUA contribuíram decididamente com a ingovernabilidade, não só no Chile, mas em todos os países do Mercosul que tinham governos considerados mais a esquerda. A revolução Cubana era um pesadelo que atormentava a elite estadunidense, o medo era de perder o “quintal da América” que é como eles consideram toda a América Latina. Com apenas 3 anos de governo, Allende foi assassinado no mundialmente conhecido bombardeio ao Palácio de La Moneda em 11 de setembro de 1973, foi o mais violento golpe de estado dos países sul-americanos.

Vemos no capítulo que o autor aborda alguns fenômenos históricos que caracterizam a sociedade chilena. Primeiro, que era o país do Cone Sul que sempre apresentou os melhores índices de desenvolvimento humano e a democracia mais longa e mais consolidada, era um país mais “ocidentalizado” entre seus coirmãos latinos. Outra tendência da sociedade chilena era a grande participação politica da população, especialmente os progressistas e esquerdistas em geral. Socialistas, Comunistas, Sociais-Democratas, desde a década de 1930 vem consolidando seus espaços dentro do cenário politico, e historicamente desde aquela época ocupam ao menos 1\3 das vagas no Congresso Nacional.

A esquerda chegou ao poder – efetivamente – no Chile pela primeira vez em 1952, com o socialista moderado Carlos Ibanéz que governou até 1958, criando a Frente Popular (FP). Tentou implementar as primeiras reformas progressistas, mas encontrou o velho problema de falta de coalisão com os congressistas, nesse período começou a polarização da sociedade chilena, esquerda e direita. Mesmo assim, a esquerda conseguiu muito avanços, especialmente em relação a criação de um necessário “guarda-chuva social” que a população chilena necessitava.  Em 1964 Jorge Alessandro, o sucessor, continuando a lenta aplicação das politicas progressistas, instituiu o sufrágio universal, fato esse que, segundo alguns analistas, foi decisivo para a vitória de Allende em 1970.

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