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A Igreja Católica na América Espanhola Colonial - Barnabas - Resumo

Por:   •  14/4/2015  •  Resenha  •  1.839 Palavras (8 Páginas)  •  4.403 Visualizações

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Fundação Getúlio Vargas

Centro de Pesquisa e Documentação – CPDOC

Paula Caetano

Fichamento Do texto A Igreja Católica na América Espanhola Colonial de Josep Barnadas

Rio de Janeiro

2015

Antes de analisar propriamente a instalação e organização da Igreja católica nas Américas no século XVI, Joseph Barnadas destaca a necessidade de, primeiramente, examinar as condições da Península Ibérica na época. No final do período medieval, os reinos ibéricos passaram pela experiência da reconquista do território cristão das mãos islãs. Por muitos séculos, havia certa tolerância religiosa para com os súditos não-cristãos, mas, a partir do século XV, tornou-se necessário a assimilação ao cristianismo, visto que pelo menos a fachada de uma unidade religiosa era pré-requisito para a formação do Estado moderno.

O autor atenta que, no século XV, a ausência de uma classe burguesa poderosa fez com que as coroas portuguesa e castelhana tomassem a iniciativa na expansão ultramarina e que, mesmo antes de 1492, já existiam questões missionárias. Além disso, existia um acordo: a Igreja legitimava as conquistas e tinha direito de explorar as novas terras e em contrapartida, as coroas deveriam promover a cristianização dos habitantes.  Ainda dentro desse arranjo a Igreja tinha a missão de “apressar a submissão e a europeização dos índios e pregar a lealdade à Coroa de Castela” (p.521) enquanto a Coroa nomeava pessoas aos cargos eclesiásticos, pagava salários e efetuava obras para a Igreja. Essa submissão da Igreja à Coroa Espanhola ocorreu porque, sob patronato real, dessa forma, os membros do clero eram ouvidos nos processos do governo.

O primeiro confronto entre a Igreja e o colonialismo ocorreu devido à posição contraria da instituição religiosa em relação à encomienda – sistema pelo qual os colonos tinham direitos quase vitalícios sobre os índios. Para tentar apaziguar os interesses incompatíveis, o governo emitiu as Leis de Burgos em 1512. Barnadas alerta para a contradição da colonização x evangelização: “se as bulas papais transformaram a conversão dos nativos numa justificativa para a soberania espanhola, então as mesmas pessoas ora responsáveis pelo esforço missionário se viam cada vez mais tomadas do dever de censurar os objetivos sociais e econômicos da empresa colonial” (p.524).

A religião estava enraizada na vida das complexas sociedades indígenas descobertas pelos espanhóis de tal forma que os conquistadores tiveram que, primeiramente, estabelecer a conquista militar e política e, depois de estabelecida essa autoridade, a conquista religiosa. Durante a segunda metade do século XV e a primeira metade do XVI, houve movimentos reformistas na Península Ibérica, que influenciaram na visão de que Novo Mundo era o lugar para estabelecer o “cristianismo puro”. Para realizar esse ideal reformador na América, cria-se em 1540 a Companhia de Jesus. O Concílio de Trento teve grande importância nesse processo de restauração da Igreja primitiva – como, por exemplo, a ratificação da realização da liturgia em latim. “A Igreja do Novo Mundo era, assim, o resultado da confluência de duas correntes. Uma foi a transladação das características da Igreja da Península Ibérica na era dos descobrimentos; a outra foi a ratificação dessas características pelo Concílio de Trento” (p.526). O autor chama atenção para a figura do bispo, fundamental na vida eclesiástica, sendo autoridade sobre o clero secular e o clero regular. Barnadas destaca a tradição conciliar e sinodal que se desenvolveu na América.

As dioceses – centros administrativos autônomos, que cuidavam da instância judicial, das nomeações e das consagrações, além de serem responsáveis pelas obras missionárias – eram uma decorrência da conquista militar ou do crescimento da importância econômica de determinadas regiões. No âmbito local, as paróquias – fundadas pelo claro secular – eram a base da Igreja e tinham como objetivo “transplantar e proteger a Verdadeira Fé na conquista espanhola” (p.529). Cinco grandes ordens evangelizaram na América: os franciscanos, os dominicanos, os agostinianos e os mercedários e, posteriormente, os jesuítas. Essas ordens religiosas tinham enorme importância na introdução da religião cristã no continente americano. Os missionários estabeleceram as doctrinas, que desempenhavam função de ensinar doutrinas do cristianismo à população local. Outras ordens também entraram em cena: os Irmãos Hospitalares da Ordem de São João de Deus, os hipolitanos, os antoninos, os belemitas, os carmelitas, os hieronimitas, os trinitários, os mínimos, capuchinhos e os beneditinos. Barnadas diferencia de atuação entre os seculares e os regulares: enquanto os primeiros atuaram individualmente durante todo o período colonial, os segundos, a partir da segunda metade do século XVI, atuaram dentro de uma estrutura “de preenchimento das vacâncias no campo missionário” (p.531). O autor também destaca a “missão” empreendida pelos representantes da religião na América, que viajavam para Europa a fim de recrutar procuradores, missionários europeus temporários na colônia, fundamentais na questão de política imperial para obtenção de autorizações que se requeresse do Conselho das Índias ou da Casa de la Contratación. Assim que estes missionários desembarcavam no porto, eram distribuídos entre as casas religiosas da província.

Barnadas afirma que era necessário um clero engajado no próprio local e que durante todo o período colonial a Igreja permaneceu “esmagadoramente branca” (p.533). As primeiras tentativas de criam um clero nativo fracassara, e somente na segunda metade do século XVIII, tornou-se possível notar um número expressivo de índios e mestiços compondo, devido às diretrizes da coroa, um clero de “segunda categoria”. Outro ponto abordado pelo texto é a questão das ordens religiosas femininas. O autor afirma que elas são um produto local autônomo e que, em sua maioria, compostas por crioulas e, em menos escala, mestiças. Além do papel educador e das obras de caridade, essas ordens “preparavam as moças para o casamento e recebiam como membros permanentes aquelas que não se casassem ou não pudessem casar-se” (p.535). A beatificação das índias teve como principal objetivo evangelizá-las, elevá-las culturalmente e capacitá-las a devotar-se às obras sociais. Dentre essas beatas indígenas, o autor destaca Santa Rosa de Lima e Santa Mariana de Jesus.

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