A Introdução a Hans Staden
Por: Luan Salama • 21/7/2019 • Resenha • 344 Palavras (2 Páginas) • 172 Visualizações
O processo de colonização da América foi uma grande inspiração pras mais diferentes obras sobre o contato com culturas incógnitas. Umas das que tem maior destaque é a de Hans Staden, justamente por apresentar uma narrativa chocante em suas aventuras no Novo Mundo. Ele conta como foi ser capturado pelos Tupinambás e passar meses observando a cultura e o cotidiano dos índios no século XVI.
Como se comportar ou reagir ao desconhecido? É uma pergunta jamais respondida. Diferentes civilizações, mundos, perspectivas. É difícil saber, levando em conta que não há referência alguma. Essas pessoas do outro lado do mundo, longe do sei e sou, são uma tela em branco para a imaginação. Melanie Dimantas, na sua introdução à versão brasileira da obra de Hans Staden, traz o contraste de três diferentes visões acerca do que é ignoto. Príncipe Phillips, de Wolfhagen; do chefe Cunhambebe e o astronauta alemão. Três, cujos olhos descobriam coisas nunca imaginadas, e a única familiaridade com o novo era o Sol que ascende sobre suas cabeças. Se encontravam perplexos, senão assombrados, pela misteriosa novidade.
Os relatos de guerras, violência e antropofagia que povoaram o imaginário da Europa sobre o Brasil eram mais empolgantes do que conceber nativos dóceis, belos e solícitos, como descritos por Caminha. Melanie argumenta em sua introdução (2004, p.08):
A verdade é que a avidez da Europa por conhecer novos mundos, tendo a aventura como substrato e a necessidade de expansão comercial como impulso, deu origem à crença de que tudo era possível, mesmo que fantasticamente possível. Por que não um mundo onde antes se acreditava não haver nada?
É certo que o olhar eurocêntrico cristão imperou sobre as narrativas de viagem desta época. A Europa estava fundada sobre a hegemonia da Igreja Católica, e isso se nota fortemente. Ainda hoje, na Europa e mesmo no Brasil, as narrativas de Hans Staden encontram muita aceitação do público. As memórias de relatos advindos do início do período colonial continuam fortemente presentes nas produções midiáticas contemporâneas. Ler sobre essas histórias é uma digressão ao passado de nós mesmos, aos nossos processos de formação.
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