A Invenção do Nordeste
Por: 100393 • 16/8/2016 • Resenha • 1.128 Palavras (5 Páginas) • 2.655 Visualizações
Discente: José Jeferson P de Andrade
RESUMO
ALBURQUERQUE, Durval Muniz, a Invenção do nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 2011.
Geografia em Ruínas acompanha as transformações históricas que possibilitaram a emergência da idéia de Nordeste, desde a emergência do dispositivo das nacionalidades, passando por uma mudança na perspectiva social em relação ao espaço, à mudança da relação entre olhar e espaço trazido pela modernidade e pela sociabilidade burguesa, urbana e de massas
No primeiro capitulo, inicia-se com a visão do inicio dos anos vinte, onde se faz uma análise sobre a alteração física de tal região, contudo se preparando para adaptar ao mundo moderno, assim perdendo o que mais faz da região um local diferenciado de todas a regiões do Brasil, ou seja, perde sua aspectos naturais, dando entrada para o espaço artificial. Sendo moldadas pelos aspectos relacionados ao modelo europeu do século XIX. Dessa forma trazendo a necessidade de se pensar uma cultura nacional, capaz de incorporar os diferentes espaços do país.
Nos anos vinte percebe-se um regionalismo no Brasil, porém esse sendo totalmente diferente dos demais, pelo fato de serem visíveis os contrastes de regiões. Sendo que no lado Sul, Sudeste a industrialização, tecnologia entre outros artifícios fazem dela um pólo populacional, e ainda novas formas cultural influenciada pelo modernismo.
Já no antigo norte, vive-se uma acentuada crise, vindo do processo do aprofundamento do setor econômico e também pela resistência nos padrões tradicionais.
O antigo regionalismo, inscrito no interior da formação discursiva naturalista, considerava as diferenças entre os espaços do país como um reflexo imediato da natureza, do meio e da raça. Contudo algumas deficiências como transporte faziam esse distanciamento entre as regiões, dando um tom de distanciamento, como se estivesse olhando para outro continente. A partir de então o nacionalismo vai acentuar as práticas que visavam o conhecimento do país e de suas particularidades regionais, tornando comum a visita de especialista, jornalista na região do norte, sempre com notas, e comentando de forma pejorativa o espaço físico e os indivíduos que habitavam a região, dando a entender que região e sujeitos faziam um “casamento” perfeito, ou seja, dando uma identidade única. Comparando a situação econômica de São Paulo com a dos Estados do norte do país eles atribuem ao maior eugenismo da raça “paulista”, à sua superioridade como meio e como povo, a ascendência econômica e política no centro da nação, sendo que para superioridade de São Paulo era natural, e não historicamente construída. As viagens feitas por esses especialistas mostram que a modernidade não havia generalizado por todo território nacional. Porém em outras notas da época observa-se uma tentativa de superioridade de à imagem de São Paulo, onde aparece que a região de São Paulo aparece como um espaço vazio que teria sido preenchido pelos europeus. Assim, dando a idéia de que a escravidão e os índios não teriam existido e os mestiços muito menos ainda. São Paulo e todos s paulistas seriam europeus. A curiosidade da invenção desse nordeste pode ser analisada no espetáculo de Cornélio Pires, feito para que o público risse das coisas pitorescas. Já em outras interpretações semelhante a de Chiquinha Rodrigues afirma: “ nas regiões do nordeste, interessante verdade, esta são as terras aonde mais chove no Brasil.”. Um nordeste cheio de contrastes.
A década de vinte é a culminância da emergência de um novo regionalismo. Diferente do regionalismo imposto no século XIX, onde se pregava o separatismo. Mas esse novo regionalismo provoca uma mudança nas posições recíprocas e o jogo mútuo entre aquele que deve conhecer e aquilo que é objeto do conhecimento, impondo aos homens a necessidade de ter uma nação, de superar suas vinculações localistas, de identificarem como um só espaço, dando a idéia de nação e que se traduza para todo o povo.
O nordeste é uma produção imagético-discursiva formada a partir de uma sensibilidade cada vez mais especifica, gestada historicamente, em relação a uma dada área do país. E é essa tal consistência desta formulação discursiva e imagética que dificulta, até hoje, a produção de uma nova configuração de “verdades” sobre este espaço.
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