A RELAÇÃO DO ESTADO COM A EDUCAÇÃO FORMAL
Por: Martinho Corretor • 21/10/2017 • Artigo • 2.211 Palavras (9 Páginas) • 277 Visualizações
A RELAÇÃO DO ESTADO COM A EDUCAÇÃO FORMAL
[1] Martinho Júnior Resumo
O poder de Estado e sua intrínseca relação com a questão do ensino público, em especial com a disciplina de história, foi analisada sob o aspecto do que podemos atribuir em termos de interesses e manipulação deste poderoso instrumento ideológico que é o sistema educacional e contatamos a prática por parte dos governantes de fazer proselitismo de suas ideologias e conveniências através dele, observamos que existe um contraponto na questão que é exatamente o direito democrático do cidadão de ter sua própria visão de mundo a partir do estudo, no caso exemplificado de história, buscando obter as mais diversas versões e não apenas a história oficial na qual os interesses dos governantes é o critério que predomina na narrativa, uma força que deixa a história mal contada, todavia pode ser atenuada pela criticidade que é permitida num regime democrático. Questionamos e comprovamos também a polêmica questão da Política Educacional e suas prováveis conseqüências tanto positivas como negativas para a educação de um povo.
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Palavras-chave: ideologia, neutralidade axiológica e historicização.
1 – Introdução
A finalidade deste artigo é o estudo da relação do Estado com a educação, como não podemos abordar em minúcias todas as problematizações que surgem no desenrolar do assunto, vimos um pouco de exemplos na própria história da educação brasileira, analisando tais exemplos e citando autores que se enquadram em toda a temática.A questão da utilização do sistema educacional para propagação ideológica e sua compensações num sistema democrático no qual o cidadão é responsável também pelo cumprimento de seus direitos que são colocados a sua disposição, cabendo a ele reivindica-los e não espera tudo exclusivamente do poder público.
2-O Estado e a Educação
O Estado e a sua relação com a questão social da educação é com freqüência alvo de múltiplas críticas por parte de profissionais da educação, a mais impetuosa delas e que sintetiza todas as demais, é a de que para os governos não seria interessante uma população com estudo e bem instruída, isso porque um povo sem estudo e esclarecimento compõe uma “massa” mais fácil de ser moldada pelos políticos, quer dizer, de ser dominada.
Faz sentido e é provável que para os governantes que não possuem bons propósitos é mais fácil “governar” um povo menos informado de seus direitos e deveres, isto é sem consciência da importância de uma sociedade verdadeiramente cidadã, na qual os benefícios ocorrem de maneira mais coletiva, todavia não totalmente, visto que numa realidade de mundo individualista é utópico demais imaginarmos uma sociedade com absoluta inexistência de privilégios, em particular referência às pessoas vinculadas de modo mais direto ao poder e extensivamente as classes menos desfavorecidas.
Vejamos sob o prisma acadêmico o que podemos consignar com argumentos dessas idéias e opiniões a respeito desta questão, de suma e indiscutível importância para uma nação, que é a chamada educação formal com seus efeitos a longo prazo, entretanto atenuantes de mazelas sociais.
Observaremos na História da Educação Brasileira, de maneira sucinta, somente citando alguns exemplos, não toda a história, todavia alguns exemplos “garimpados” e elucidativos no que concerne ao tratamento que se revela em se tratando da análise entre Estado e educação. Cuidaremos dos seguintes pontos ou aspectos: o que podemos constatar a respeito da questão do Estado, educação e classes sociais; a questão do governo e a ideologia política na área da educação; o elo entre a conjuntura política e seu reflexo no ensino nacional.
Sobre Estado, educação e classes sociais, FERREIRA apud SODRÉ: denomina “declínio das oligarquias” ao período republicano de 1918 a 1930.
Isto em virtude de novas forças sociais produzidas por modificações na estrutura econômica.O país vivia um clima de mudança e alguns ingênuos acreditavam que bastava mudar governantes para que o país melhorasse.
Sabemos que o sistema educacional de um país é um vasto e influente instrumento ideológico, em virtude disto, não era de se estranhar que houvesse naquela época de rebeldia às práticas estabelecidas, e de agitação política, uma espécie de “guerra-fria” no âmbito da organização escolar, quer dizer, combate às idéias em vigor.
Nesse momento histórico não só os políticos criticavam o número diminuto de escolas, mas os profissionais da educação participaram da abordagem da questão. FERREIRA apud NAGLE: otimismo pedagógico. Podemos entender tal expressão como a mesma sugere, formulações doutrinárias escolares que propiciariam a boa formação do povo brasileiro.Eles tinham a educação como um fator sinequanom de mudança social positiva.
Já na fase posterior à “Revolução” de 30 o que se observa é que não houve um plano de governo no sentido da pré-meditação, isso porque a própria diversidade de grupos e interesses e o esquecimento do programa da Aliança Liberal inviabilizava-o, o que ocorreu então foi uma espécie de montagem de improviso realizando aquilo que a realidade conjuntural permitisse ser feito.
Diante desta “salada governamental” que se constituiu num estorvo administrativo, e da demora de medidas no setor educacional, os oponentes políticos encontram um pretexto para críticas e lançam o chamado “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”. Mais que logo foi rebatido pelo governo sob o argumento de que em 1930 já havia sido criado o Ministério da Educação e Saúde da responsabilidade de Francisco Campos e ele era vinculado ao movimento de reformas educacionais que antecediam 1930.
Depois desta viagem pela história da educação no Brasil, reflitamos a que patamar se concretizou a interferência do Estado na educação em termos de questão ideológica, especificamente no que se denomina neste trabalho de “guerra-fria” do setor educacional, para ser mais direto a suposta manipulação do governo para combater o proselitismo comunista no ambiente escolar. Uma demonstração da realidade prática das instituições públicas de ensino, colocando em evidência e provando com fato concreto a indistinta relação do poder político com a educação e a ideologia. Este exemplo não é o único, é de utilidade aqui só para aspecto de comprovar a existência da influência política no setor educacional, e de uma preocupação de disseminar idéias convergentes com a respectiva ordem vigente.
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