AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DO SÉCULO XX
Por: darlley666 • 27/8/2017 • Trabalho acadêmico • 1.589 Palavras (7 Páginas) • 334 Visualizações
AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DO SÉCULO XX
As mudanças sociais ocorridas no início do século XX são o resultado de um período da evolução humana que envolveu a reconstrução de objetivos, valores, conceitos e a ruptura de tradições que possibilitaram a passagem da era moderna para pós-moderna, cujos reflexos positivos ou não se estendem até os dias atuais.
As opiniões sobre os resultados desta passagem são variados, mas o que é unânime entre alguns autores é um certo pessimismo, como o autor Zygmunt Batman, que denomina a sociedade pós-moderna de líquida e sem consistência e Jair Ferreira dos Santos que a denomina de “fantasma”.
Para que se possam entender esses termos é preciso primeiro compreender as séries de transformações que abalaram as estruturas da sociedade moderna, que era baseada em pouca liberdade e excessiva ordem, com o lema progresso cunhado na economia e na ciência. Este fator se deve ao pensamento positivista de Augusto Comte, para quem a ciência era a explicação máxima e única para a sobrevivência da sociedade e sua coesão. Assim a religião ficou em segundo plano e fragilizada por não acompanhar os avanços científicos. As tradições que mantinham a sociedade coesa, através de valores que se mantinham vivos perpassando gerações, aos poucos foram sendo dissolvidos. E assim instituições que até então eram duradouras, sólidas e resistentes ao tempo tornaram-se líquidas e sem consistência, difíceis de manterem a longo prazo, mas facilmente moldadas por movimento de cunho ideológico.
A educação era tradicional, limitava a criação, o pensamento crítico e procurava moldar o indivíduo e encaixá-lo no modelo que a sociedade exigia: o mecanicismo.
A idéia de ordem na sociedade moderna estava ligada a noção de estabilidade e segurança, onde era possível ter um planejamento de vida seguro, pois as instituições que as sustentavam eram duradouras, assim como o Estado.
Durante a quebra da bolsa de Nova Iorque o desemprego e a miséria foram os fantasmas que assolaram o país e o Estado possuía o papel de forte interventor e promotor da cidadania e deveres sociais, assumindo a responsabilidade de manter e inserir novamente esses desempregados no mercado de trabalho, proporcionando dignidade e segurança às famílias, o que mantinha a ordem estabelecida.
Essa fase ficou conhecida como Estado de Bem-Estar Social, que mais tarde foi sendo substituída por um estado liberal, minimamente centrado para garantir a ordem, devendo sua transformação à mudança econômica, que até então era sustentada por fábricas de grande porte. Na era do fordismo prevalecia o mecanicismo que sustentava a produção, grandes engrenagens, processos repetitivos de produção, tudo previsível, marcando a rotina e mantendo a segurança de que tudo permaneceria igual por um longo tempo. E assim era possível passar a vida em um mesmo emprego garantido e seguro.
A base do desenvolvimento estava apoiado na evolução industrial e tecnológica, onde o homem aos poucos foi sendo substituído pela máquina e foi obrigado a se adaptar a esta nova realidade. O avanço tecnológico possibilitou a redução das engrenagens industriais e também a diminuição das peças que eram produzidas. Assim o computador em 1964 – o S/360 da IBM – que pesava 10 toneladas e ocupava um espaço de 800 m2, passou hoje, com advento do chip, um Mac book aí por exemplo, a pesar 1,36 kg, e com o tamanho de um livro.
Assim o estado se vê diante de um capitalismo crescente e um excesso de competitividade do mercado, se curvando às iniciativas privadas que assumem o controle e o papel de manter a harmonia social.
Diante desse contexto inúmeras instituições públicas fracassaram e a sociedade moderna de produtora passa na pós-modernidade a consumidora. O que reflete grandes mudanças, por que se antes as pessoas eram movidas pela necessidade, o que mantinha certa ordem e solidez, hoje são movidas pelo desejo que é fugaz, impetuoso, momentâneo e íntimo.
Essas mudanças de instituições sólidas para fluidez total se estendem em todos os âmbitos das relações humanas, onde estas tornaram-se frágeis, diminuídas a milhares de códigos binários, em vez do contato, da troca de afeto, do olho no olho, de uma época em que a palavra significava honra e compromisso e o olhar refletia a alma. Hoje a comunicação é rápida e fria, não possui garantia de veracidade alguma.
O casamento se tornou algo banal, sem significado. Se antes era sinônimo de compromisso, companheirismo e lealdade, hoje se tornou uma experiência às cegas, uma mercadoria na prateleira dos desejos, com prazo de validade, sendo assim, facilmente jogado fora e trocado por outro, prevalecendo sempre o desejo individual.
Assim o homem tornou-se consumista, se esvaziou de qualquer sentimento de identidade, pois se afastou da família, das relações, da religião e se entregou ao niilismo, a ausência de valores e de sentido para vida. E o reflexo deste mal-estar da era pós-moderna é a depressão. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), ela atinge 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo. Somente no Brasil, estima-se que há 13 milhões de depressivos, um número alarmante que requer uma reflexão acerca de conceitos e valores da realidade atual.
Outro mal da era pós-moderna é o simulacro, a capacidade que o homem tem de valorizar mais o objeto do que o real. E a tecnologia é o principal estimulador, pois cria uma realidade perfeita que nunca será alcançada, porque está sempre sendo modificada por recursos que a vida real não possui. É a era da simulação, que alimenta a comunicação. Esta dita regras, estipula comportamentos, super-recria signos, baseado sempre na mentalidade da sociedade.
Então a liberdade tão almejada e falsamente conquistada dá lugar a uma escravidão de desdobramentos preocupantes. Os valores são ditados pela superficialidade dos bens materiais que irão dizer quem você é, ou seja, não importa mais ser, mas sim ter, para atender aos próprios desejos guiados pela sociedade de consumo.
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