Análise dos Padrões de Estética e Beleza da Grécia Antiga sob uma Ótica da Indumentária
Por: joaovitor123123 • 15/9/2018 • Trabalho acadêmico • 2.007 Palavras (9 Páginas) • 322 Visualizações
Alunos:
Ana Vitória Benassi
Antônio Cesar Vidal
João Vitor Léste
Nicole Dohmann Silbert
Disciplina:
DSG1531 - História da Indumentária
Professora:
Silvia Helena
Turma:
1AA
PUC-Rio
2017.2
Atividade de avaliação para G1:
Selecionamos dos temas disponíveis na aula os "Padrões de Beleza e Estética na Grécia Antiga".
No texto que segue, procuramos elucidar a origem filosófica do conceito de beleza da sociedade grega, bem como explicar o contexto histórico na qual estava inserida. Também apresentaremos um memorial ilustrativo a fim de demonstrar visualmente como esses conceitos se permearam na indumentária da época - referência conceitual para a camisa personalizada entregue.
A Organização Social Grega da Πóλις (Pólis)
Inicialmente formada por pequenas aldeias agrícolas, denominadas "genos", a expansão demográfica proveniente do desenvolvimento do comércio ao longo do continente possibilitou o surgimento da Pólis Grega - a precursora do que hoje chamamos de cidades.
As duas principais Pólis da época foram Atenas e Esparta, que eram dominadas por oligarquias aristocráticas da época, tendo como suas principais características as suas independências sociais, políticas e econômicas em relação às aldeias e a outras pólis em seu entorno. Entretanto, essas independências se consolidaram em cima de uma estrutura social opressora e excludente, que estabelecia os Homens Gregos como "Eupátridas" (os bem-nascidos) e os demais (Mulheres, Estrangeiros e Escravos) como cidadãos de segunda classe.
As cidades eram divididas em zonas urbanas e rurais, e foram berço das Acrópoles (Templos dedicados aos Deuses) e Ágoras (praças onde ocorriam os eventos e manifestações públicas, onde era exercida a política)
As Origens da Estética Grega
Sendo a Grécia o berço da civilização ocidental, muitos dos conceitos que temos atualmente derivam em algum nível dos pensamentos elaborados pelos grandes filósofos da época - dentre eles o conceito da estética. Um dos mais importantes desses filósofos foi Sócrates, que defendia que a existência era dividida em dois níveis de realidade:
A primeira é o mundo das idéias. Nele, estão contidos todos os conceitos em suas instâncias mais perfeitas. Lá, há a idéia de, por exemplo, “árvore” que compreende tudo que é nato a qualquer uma delas, semelhante ao conceito de “signo” mais tarde desenvolvido por Magritte.
Já a segunda é o mundo das sensações, onde tudo existe a nível material, como estamos acostumados. Nele existem de fato as árvores físicas, com suas particularidades, peculiaridades e imperfeições.
Ainda de acordo com o filósofo, no mundo das idéias existiriam três conceitos primordiais que, em uníssono, guiavam a nossa existência: O Verdadeiro, O Bom e o Belo - que foram o principal objeto de estudo da Estética, derivada da palavra grega “Aisthesis”, que significa “percepção” e “sensação”. E foi assim que o pensamento socrático e o desenvolvimento do estudo dessa cadeira de filosofia guiaram a concepção da percepção do que era belo, para a sociedade grega, que se tornou um conceito intrinsecamente atrelado à inteligência, moralidade e virtude.
Além da Filosofia, houve outra grande influência para o desenvolvimento do padrão estético Grego: a Mitologia. Sendo um povo politeísta, sua religião apresentava diversas divindades, cada uma representativa de um ou mais conceitos de absoluta importância para a sociedade grega. As traduções dos nomes de alguns deles são usadas até hoje, por nós: Oceano, o Titã primordial dos mares; Amor (Eros); Prudência (Métis); Estações; etc. Dessa forma, os deuses eram concebidos como a encarnação mais que perfeita da natureza que os cercava. E a natureza era inquestionavelmente bela. Logo, seria mais que natural que a própria beleza fosse algo nato aos deuses, sendo assim positiva e almejada.
Até na atualidade a mitologia grega é tida como um dos referenciais mais importantes para o que é belo, para o bom gosto e para a elegância. Isso fica especialmente claro nos seguintes trechos retirados da obra "O Livro da Mitologia", por Thomas Bulfinch:
"Como argumenta Bulfinch em seu prefácio, 'a Mitologia é a camareira da Literatura; e a Literatura é uma das melhores aliadas da virtude e da promoção da felicidade'. Sendo assim, afirmamos que a Mitologia greco-romana, acervo fascinante do universo mítico, representa o eterno modelo dos artistas e fonte perene do Belo"
- SANTOS, Elaine C. Prado dos; página 14, parágrafo 2
"As religiões das antigas Grécia e Roma encontram-se extintas. As chamadas 'divindades do Olimpo' não encontram sequer um único adorador entre os mortais, e já não pertencem à área da Teologia, mas à literatura e ao bom gosto. E aí permanecerão, pois se encontram tão profundamente conectados ao que há de melhor na poesia e na arte, antiga e moderna, que jamais cairão no esquecimento."
- BULFINCH, Thomas; página 27, parágrafo 1
A Beleza & O Cotidiano
A beleza na Grécia Antiga foi um fator claramente muito relevante para a organização da sociedade. Naquela época, por exemplo, um homem grego de lábios carnudos e queixos protuberantes sabia duas coisas: que sua beleza era uma dádiva (um presente dos deuses) e que seu exterior escondia um interior ainda mais perfeito. Para os gregos, um corpo bonito era uma prova de uma mente brilhante, expressada pela palavra ─ kaloskagathos ─, cuja tradução aproximada é "ser bonito de se ver e, além disso, uma boa pessoa".
Na visão dos gregos antigos, beleza não era sinônimo do corpo feminino. A beleza era uma qualidade do corpo masculino, mais especificamente de um homem rico, másculo e grego. Na sociedade grega, somente o homem tinha direito à cidadania, isto é, à vida política e isso fazia parte da atribuição de um ser belo. A beleza grega aclamava o corpo masculino que era exposto nu nos ginásios. Lá, os homens exercitavam-se para modelar o corpo, preparavam-se para se tornar atletas para os jogos olímpicos e treinavam para se transformar em soldados. O ensino de gramática, poesia, retórica e filosofia, todas necessárias para o exercício da vida política grega, completavam a educação masculina e harmonizavam mente e corpo.
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