As Grandes Propriedades Eclesiásticas
Por: Aline Chan de Camargo • 9/5/2018 • Artigo • 2.556 Palavras (11 Páginas) • 195 Visualizações
COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA E AS GRANDES PROPRIEDADES ECLESIÁSTICAS NA AMÉRICA COLONIAL.
Aline Silva de Camargo[1]
Resumo
O presente artigo tem como objetivo fazer um breve histórico da colonização da América pelos espanhóis, fazendo uma linha do tempo dos acontecimentos desde a vinda deles para o Novo Mundo século XV financiados pela Coroa para propagar a fé católica. Fixados na América construíram grandes propriedades eclesiásticas (século XVI e XVII) no território colonizado, deixando legados materiais e espirituais. Dentre as muitas ordens que vieram para a América os jesuítas tiveram uma grande contribuição no processo de catequização dos indígenas.
Palavras chave: Colonização da América, propriedades eclesiásticas, ordens religiosas, indígenas.
Abstracts
This present article intends to give a brief history of the colonization of America by the Spanish, making a timeline of events from the coming of them to the New World century XV funded by the Crown to spread the Catholic faith. Established in America they built great ecclesiastical properties (XVI and XVII centuries) in the colonized territory, leaving material and spiritual legacies. Among the many orders that came to America the Jesuits made a great contribution to the process of catechizing the natives.
Com o início da colonização da América pelos espanhóis (século XV), percebe-se, também a influência do poder e relevância da Igreja Católica em todo o processo de cristianização, principalmente na conquista espiritual dos nativos, que foi extremamente importante. Os religiosos incorporaram a religião católica como principal da Península Ibérica durante o período colonial.
Mas por que essa instituição religiosa resolveu conquistar o “mundo”? Por meio do Processo de Reconquista[2] que aconteceu na Península Ibérica, a Igreja e o Estado espanhol se aproximaram devido às predileções políticas e econômicas que eram parecidas. O Estado nesse período ajuda, participando nas tomadas de decisões eclesiásticas podendo vetar e nomear; o órgão que legitimava os pareceres do Estado era o Padroado Régio[3].
O autor BARNADAS, p p.521 realça que: “O que mostra é que a Igreja da Espanha precisava de “créditos” por parte da Coroa para que a mesma patrocinasse sua jornada ao Novo Mundo e dessa forma poder espalhar/multiplicar a fé católica”.
Quando os espanhóis chegaram à América defrontaram-se com povos que eles consideraram inferiores, por isso os escravizaram e utilizaram suas mãos de obra, caso os nativos se revoltassem eram castigados e ou mortos, como relata Las Casas:
“Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças começaram a praticar crueldades estranhas: entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e lhes abriam o ventre e os faziam em pedaços como se estivessem golpeando cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, de um só golpe de espada, fenderia e abriria um homem pela metade ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe abriria a cabeça, ou ainda sobre quem abriria melhor as entranhas de um homem de um só golpe. Arrancavam os filhos do seio das mães e lhes esfregavam a cabeça contra os rochedos enquanto que outros os lançavam à água dos córregos rindo e caçoando”(...).
Las casas, Frei Bartolomé de. O paraíso destruído. Porto Alegre: L&PM, 1984, p. 33.
Os espanhóis utilizaram de várias formas de exploração. Primeiro saquearam o ouro e a prata que haviam encontrado, depois utilizaram a mão de obra indígena através do sistema da encomienda[4] e da mita[5].
Devido a esses fatores realçados anteriormente, entende-se que a tarefa de evangelização seria árdua e complexa. A primeira etapa foi conquistar militarmente, depois politicamente, para colocarem em prática a terceira etapa que era a missão evangelizadora de catequizar os nativos[6], como bem explica Elliot:
“Aqueles que deixaram a Espanha para converter os índios viram-se incumbidos de uma missão de especial importância no esquema divino da História, pois a conversão do Novo Mundo era um prelúdio necessário para seu término e para a segunda vinda de Cristo. Acreditavam também que, entre esses povos inocentes da América, ainda não contaminados pelos vícios da Europa, poderiam construir uma Igreja que se aproximasse da de Cristo e dos primeiros apóstolos. Os primeiros estágios da missão americana, com o batismo em massa de centenas de milhares de índios, pareciam garantir o triunfo desse movimento em prol de um retorno ao Cristianismo primitivo que havia, tão repetidamente, sido frustrado na Europa. [...] No entanto, embora o índice de conversão fosse espetacular, sua qualidade deixava muito a desejar. Havia sinais alarmantes de que os índios que haviam adotado a fé com aparente entusiasmo ainda veneravam seus velhos ídolos em segredo. Os missionários também se chocaram contra muralhas de resistência nos pontos em que suas tentativas de incutir os ensinamentos morais do Cristianismo conflitavam com padrões de comportamento estabelecidos havia muito tempo. Não era fácil, por exemplo, inculcar as virtudes da monogamia a uma sociedade que via as mulheres como servas e o acúmulo de mulheres como fonte de riqueza”.
ELLIOT, J. H. A conquista espanhola e a colonização da América. In: BETHELL, L. (Org.). História da América Latina: América Latina Colonial I. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1998, v. 1, p. 185-186.
As ordens dirigentes pela disseminação da fé na América Latina foram quatro: os Dominicanos, os Mercedários, os Franciscanos e os Agostinianos; os Jesuítas juntaram-se a essas ordens no século XVI com intuito de efetivar a obra missionária.
No século XVI, os Jesuítas foram autorizados pela Coroa Espanhola a encaminhar sacerdotes ao Novo Mundo na ideia de trabalharem nas missões que eram sustentadas pela Coroa. Foram fundados, na Península Ibérica centros de educação missionários a fim de acolher religiosos juvenis que quisessem atuar nas colônias. Os jesuítas ou Companhia de Jesus visavam como meta introduzir no novo mundo a religião católica considerada cristã com fundamentação europeia. A síntese desse fato se dá com as missões jesuíticas na América chamadas de reduções[7], essas reduções fundaram conventos e colégios.
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