Ausência De Politicas De Emprego E Deterioração Das Condições De Vida
Relatório de pesquisa: Ausência De Politicas De Emprego E Deterioração Das Condições De Vida. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: ticiene • 9/11/2014 • Relatório de pesquisa • 1.694 Palavras (7 Páginas) • 247 Visualizações
FAMÍLIA E TRABALHO NA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA:
ausência de políticas de emprego e deterioração das condições de vida
Reestruturação produtiva intensificou-se na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) a partir de 1990 e teve por principais consequências, até 1994, o aumento do desemprego, a precarização das relações de trabalho, mudanças na inserção dos diferentes componentes da família no mercado de trabalho e deterioração da renda familiar. A não expansão das oportunidades de trabalho levou a que, para enfrentar esse momento de desemprego dos principais mantenedores da família, ocorressem rearranjos familiares de inserção no mercado de trabalho que se diferenciam segundo os tipos de família, construídos com base em sua estruturação e momentos do ciclo vital familiar. Um dos temas privilegiados neste estudo são as alterações na relação família-trabalho relacionadas às transformações das atividades econômicas e a possível influência destas na mudança das relações hierárquicas na família.
As Tendências do mercado de trabalho nos anos 90.
2- desenvolvimento
A crescente precarização das relações de trabalho, a deterioração da renda familiar — interrompida no período inicial do plano de estabilização econômica (1995) e retomada em 1998 e a acentuação, desde meados de 1997, das já elevadas taxas de desemprego na RMSP vêm reforçar as indagações de Bruno Lautier (1994-1995) acerca dos limites da atuação da família como "um amortecedor da crise". A questão levantada por Lautier, e que merece atenção, é saber se, e a partir de que momento, a família, como conseqüência das políticas de ajuste, cessará de cumprir os papéis que há muito vem sendo obrigada a desempenhar, embora imperfeitamente, como os de atenuar a carência de políticas sociais por parte do Estado e acolher os desempregados mais ou menos invisíveis socialmente. O temor do autor, cuja pesquisa inclui países da América Latina, Europa e África, é que, eficiente nesse papel nos anos 70, a família perde gradativamente, nos últimos anos, a possibilidade de ser um amortecedor da crise, em conseqüência da adequação das economias latino-americanas aos modelos impostos. Lautier argumenta que a redução dos salários e das aposentadorias, de um lado, e a redução dos investimentos estatais em políticas sociais e das pessoas cobertas pelo seguro social, de outro, "podem atuar de tal sorte que o desmantelamento das políticas sociais acelerará em espiral cumulativa a decomposição das estruturasfamiliares" (Lautier, 1994-1995, p. 28). Sinais destes limites já estão dados na Grande São Paulo, com o empobrecimento crescente das famílias, o crescimento do número de "meninos de rua", bem como de moradores adultos de rua, e o aumento da violência, correspondendo às previsões de Lautier.
3-Tendências do mercado de trabalho nos anos 90
Uma das principais questões que se pretende responder é como as transformações recentes na economia e no mercado de trabalho se manifestam nos arranjos familiares de inserção e quais as possíveis conseqüências destas na mudança das relações hierárquicas na família e nas condições de sua sobrevivência. Nesse processo destacam-se as respostas do mercado de trabalho aos momentos de recessão e expansão, bem como ao ajuste das empresas aos requisitos das novas formas de gestão e produção, efetuado como condição para garantir a competitividade em face da abertura da economia a partir de 1990.
Algumas tendências do mercado de trabalho nos anos 90 já se faziam presentes na década de 80. Nesta última década eleva-se o nível de desemprego, cresce a informalização do trabalho, ou seja, torna-se tendencialmente menor a parcela dos ocupados que se inserem no mercado através de emprego regular e regulamentado (Pochmann, 1997a; Baltar, 1996), ocorre a redução do assalariamento e também do emprego industrial. Essas tendências, além de serem resultantes das mudanças introduzidas com a reestruturação produtiva, refletem, por outro lado, a dinâmica do nível de atividade da economia nacional, cuja oscilação ao longo das duas últimas décadas repercutiu negativamente sobre nível geral de emprego. Pochmann (1997a) identifica cinco diferentes oscilações no nível de atividade da economia nacional no decorrer dos anos 1981-1996, quando se sucederam fases de recessão (1981-1983 e 1990-1992), de desaceleração (1987-1989), e períodos de recuperação do Produto Interno Bruto (1984-1986 e 1993-1996). Tais oscilações, segundo ele, caracterizam o período como de elevada instabilidade monetária, incerteza nas decisões empresariais e de múltiplas inseguranças para os trabalhadores.Por outro lado, para um determinado grupo de autores5 o desemprego elevado e a precarização das relações de trabalho.
4-Mudanças e permanências na relação família-trabalho
Este estudo sobre a primeira metade dos anos 90, como já foi dito, é uma continuação de estudo anterior sobre a relação família-trabalho nos anos da crise econômica do início dos anos 80 (Montali, 1995). Dessa maneira, embora considerando o novo momento de reorganização das atividades produtivas e as tendências recentes de transformação da família, que são as referências empíricas deste estudo e que se articulam através do conceito de divisão sexual do trabalho, os conceitos básicos para a interpretação da realidade, bem como os cortes de análise adotados, são os mesmos do primeiro estudo.
Isto significa levar em conta, no estudo da relação família-trabalho, as influências recíprocas tanto da estruturação das atividades produtivas quanto da estruturação das famílias. Significa, portanto, tratar os achados de pesquisa como resultantes de uma complexa relação entre os determinantes econômicos e os determinantes culturais no acesso dos componentes da família ao mercado de trabalho. A articulação entre a esfera da produção e as estruturas produtivas e a esfera da reprodução e as estruturas familiares é feita pela lógica da divisão sexual do trabalho vigente tanto no mercado de trabalho como na família (Barrère-Maurisson, 1992). Uma análise desta natureza não dissocia, portanto, a abordagem macro das relações internas à família. Por outro lado, a importância do conceito de divisão sexual do trabalho
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