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CAFE NO BRASIL

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Por:   •  13/5/2014  •  2.026 Palavras (9 Páginas)  •  427 Visualizações

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O Café do Brasil

No Brasil o desenvolvimento da cultura do café confunde-se com a própria história do País, que por adaptação e mesmo por vocação, chegou a marcar época devido a sua grande importância econômica e social... Coelho Neto, escritor brasileiro, escreveu que ‘a história do Brasil foi escrita com tinta de café’, tamanha foi a importância da cultura para o desenvolvimento do País, misturando-se inclusive com a sua própria história política e econômica

A primeira muda de café trazida para o Brasil veio da Guiana Francesa pelas mãos do sargento-mor Francisco de Mello Palheta, em 1727 foi encarregado de uma expedição à possessão francesa. Na capital caiena, apresentou-se ao palácio do governador, onde tomou café pela primeira vez. Achando a bebida deliciosa, logo se interessou por ela. Mas, o Governador Claude D‟Orvilliers proibira expressamente a venda de café aos portugueses. No entanto, Palheta teria mantido um romance com Madame D‟Orvilliers que, num gesto galante, lhe ofereceu semente de cinco cobiçadas mudas de café, origem dos cafezais brasileiros (GRIEG, 2000, p. 26).

O plantio do café no Brasil começou pelo Pará e em seguida atingiu outras áreas brasileiras. De acordo com Grieg (2000) em meados do século XVIII, o jesuíta João Daniel atestou a existência de numerosos cafezais espalhados ao longo dos Rios Negro e Madeira. Levado por viajantes e mascates, o café atingiu outras partes do país, chegando a Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Neste contexto, aos poucos, as plantações do estado do Rio de Janeiro e de Minas foram tomando outras proporções. Para uma produção com fundamento na monocultura e na servidão dos escravizados, era necessária a derrubada de matas, a manutenção dos escravos e a construção de fazendas e terreiros para o beneficiamento do café. No século XIX o Brasil começou a se tornar o grande produtor mundial do café.

No Vale do Paraíba Fluminense a produção do café chegou a mais da metade do total da produção exportável brasileira, entre as décadas de 1850 e 1870, iniciando sua queda progressiva a partir do decênio 1881/1890, entrando em plena decadência, a partir de então, quando é ultrapassada pela produção paulista.

De acordo com Fernandes (2005), a produção do vale do Paraíba Fluminense gerou uma extraordinária riqueza para os fazendeiros que souberam aproveitá-la, construindo suas casas, como palácios rurais, e mantendo um estilo de vida de luxo.

Em fins do século XIX, na década de 80, iniciou-se a decadência do Vale do Paraíba. Garcia (1999) afirma que “toda a região entrou para o grande „acaso‟ em sua história” e que “o castigo foi o mesmo dado a outras fases econômicas da história brasileira em que perduraram a monocultura, o latifúndio e o trabalho escravo”. De acordo com a autora, a “monocultura, praticada de forma intensiva, enfraqueceu o solo por mais de cinco décadas” (GARCIA, 1999, p.43).

Hoje, o café é uma das bebidas mais consumidas no Brasil e no mundo. De acordo com o IBGE (2006) no confronto das safras de 2005/2006 há um crescimento de 16,69 % na produção do café beneficiado no Brasil, em janeiro de 2005, com uma produção de 2 145 265 arrobas e de 2 503 233 em 2006.

A região do Vale do Paraíba voltou a crescer, a economia cafeeira foi substituída pela agropecuária. Em algumas cidades “onde as marcas do passado são evidentes, delineia-se uma nova modalidade de turismo semelhante ao europeu” (GARCIA, 1999, p.44).

As Fazendas dos Barões do Café – Patrimônio Histórico Rural

As tradições da cultura do café dos séculos XIX e XX foram atreladas as construções das suntuosas fazendas4, estilos diversos, riquezas que geraram um patrimônio legado de nosso passado. Muitas fazendas dos Barões do Café continuam de pé e apesar dos diversos estados de conservação que se encontram, ainda são imponentes. Já outras estão esquecidas, algumas até demolidas ou em total abandono. A que se deve o abandono de umas e a valorização de outras fazendas de séculos passados?

O Vale do Paraíba é conhecido por seu valor histórico, pois se trata de uma das regiões brasileiras que melhor representa o período áureo de prosperidade da economia nacional, quando o café era o principal produto de exportação.

O plantio do café imprimiu mudanças na rotina dos fazendeiros pioneiros da região fluminense: primeiramente, pôr a mata virgem abaixo, depois, plantar, colher, exportar. Depois produzir muito e despender pouco, os gastos consigo mesmo e com a família, apenas o estritamente necessário, o imprescindível, e assim conseguia-se alcançar a abastança. E, então, vinha o palacete nos fundos de uma extensa fila de palmeiras imperiais, cercado de jardins, com capelão e mordomo como os barões medievais, porém, sem nunca esquecer a vida dura do passado que era sempre recordava com emoção, como nos relatos do 2o Barão do Rio das Flores, primo irmão de meu bisavô materno. Para os grandes proprietários as fazendas tinham, em média, de 250 a 600 alqueires e os latifundiários possuíam duas sesmarias, ou mais, que tinham, cada uma, a área em torno de 1 légua quadrada, que equivale a 4.356 hectares (FERNANDES, 2005).

A implantação da fazenda de café se iniciava com a seleção de um local com terras férteis.

As áreas de florestas eram consideradas melhores. GRIEG5 (2000) descreve a fazenda de

café como sendo um pequeno mundo, um complexo econômico composto de plantações,

terreiros, instalações específicas, benfeitorias e máquinas. Havia ainda, a sede, a capela,

casas dos trabalhadores permanentes, as senzalas e, com a imigração, a casa dos colonos.

A fazenda era um mundo à parte, auto-suficiente, possuindo lavoura de subsistência própria, criação de animais e oficinas de reparos. A fazenda e as instalações do seu entorno ficavam quase sempre próximo a água, feito assim para atender tanto a roda d‟ água tanto para os serviços domésticos. Entre as construções se destacavam: a casa da fazenda, ou sede, um lugar elevado e de construção muitas vezes assobradada.

A princípio, apesar de sólida, a sede da fazenda não ostentava luxo. Era construída em dois pavimentos, com telhado de quatro águas, parede caiada de branco de pau-a-pique, adobe ou taipa, variando de acordo com a região. Internamente também era singela: as paredes eram rebocadas com revestimentos de lambris nas peças mais nobres. A decoração era feita com móveis de palhinha e madeira de lei e algumas peças de porcelana, cristais e prata.

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