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Construção Da Identidade Brasileira

Por:   •  23/11/2024  •  Trabalho acadêmico  •  1.928 Palavras (8 Páginas)  •  6 Visualizações

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HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA - ATIVIDADE 01

Adenailton da Silva Rodrigues 

Quando analisamos os debates atuais sobre o tema “identidade nacional” é notória a justificativa de que pensar a formação histórica e cultural brasileira é ir de encontro a pelo menos três aspectos centrais: o território, o povo, o Estado. “Essa discussão tornou-se crucial nos dias atuais, porque as negociações e lutas de identidade tornaram-se mais complexas. Fala-se muito em crise de identidade, em fragmentação e até em desaparição do sujeito” (REIS, 2006, p. 11). Ou seja, começa-se a visualizar um rompimento das velhas identidades (que será abordada ao longo da escrita) e uma nova redefinição dos papéis dos indivíduos opondo as formulações dos essencialistas e os não-essencialistas.

Os discursos acerca da construção da identidade nacional surgem a partir da Revolução Francesa e paulatinamnete vão sendo importados por outros países inicialmente na Europa e depois nas Américas. No Brasil esse papel se dá pela construção do IHGB e pela primeira edição da História Geral do Brasil de Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878). O autor, Arno Wehling (1999) na obra “Estado, História, Memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional” exemplifica que “o historicismo foi a influência intelectual mais importante nas origens do IHGB, dando coerência interna ao discurso dos fundadores e articulação ideológicas e institucional às condições políticas dominantes no período: afirmação conservadora e defesa da unidade política do país e de seus modelos de governo” (WEHLING, 1999, p.35). Com isso, buscou-se uma construção histórica do Brasil para se legitimar um ideal identitário.  

Varnhagen (1816-1878) foi um dos pioneiros em adotar metodologias científicas, como o empirismo e o trato de fontes documentais em busca de fortificação para um estado nacional ou de uma sociedade nacional. O fundamento da História na análise documental, embora comum em nossos tempos, tem origem justamente no século XIX. Então, o objetivo do IHGB era reconstruir uma história da pátria para consolidar o ideal nacional. E como não tinha um passado medieval, passou a recorrer ao passado indigenista. A valorização romântica, nacionalista e historicista do passado colonial passou a ter como foco os nativos.

Carl Friedrich Philipp Von Martius (1794-1868) aborda que o instituto contribuiu para a construção da ideia de nação através da escrita de uma história que apresentasse momentos passados decisivos para a construção da identidade coletiva, para isso, o autor passou a estudar a formação brasileira a partir da mestiçagem, da fortificação de nação miscigenada. Outro ponto é que o IHGB também foi responsável pela construção historiográfica que ressaltasse a monarquia instituída através da valorização da colonização portuguesa, ou seja, a nossa história oficial está muito entrelaçada de acordo com os interesses lusitanos e da elite durante o século XIX. Desse modo, podemos evidenciar que os séculos XVIII e XIX foram marcados por ideologias históricas eruditas, românticas, historicistas, que tentavam impor um passado de glória e com isso, acabou-se silenciando outras histórias como a dos escravos e as indígenas.

As identidades do Brasil 2: de Calmon a Bomfim, do autor José Carlos Reis (2006), Manoel Bomfim (1868- 1932) aborda a questão do parasita e do parasitado, o parasita seriam os portugueses e espanhóis que estavam sugando toda riqueza do país brasieiro e o parasitado seriam os escravos, índios e pobres que sofriam os maus tratos da corte imperial. Formula um discurso da tradição da exploração que seria para garantir a tributação. Para a tradição de nação nascer precisaria derrubar as tradições parasitárias. O autor via uma população nacional, mesmo sem uma estruturação dita, pois o espírito nacional se encontrava nas pessoas que lutaram nas guerras, o próprio povo daqui, sendo totalmente reprimido pela corte.

Ademais, a construção de um estado nacional perpassou pela conjuntura ideológica europeia. Já que, os intelectuais brasileiros e portugueses, absorviam os debates historiográficos das grandes nações, sendo que muitas dessas ideologias já eram criticadas ou encontrava-se por uma decadência do próprio paradigma, para dar um sentido progressista de que o Brasil seria uma continuidade de Portugal. Já no que tange às questões da sociedade brasileira, houve uma tentativa de se empregar por base do cientificismo a construção do estereótipo do “povo brasileiro”, ou seja, a criação de uma imagem brasileira. O autor Renato Ortiz (1985) em sua obra, “Cultura brasileira e identidade nacional”, debate uma gestão racial com base no positivismo de Auguste Comte, o darwinismo social e o evolucionismo de Spencer. Além disso, cita autores como o Nina Rodrigues (1862-1906), Silvio Romero (1851-1914) e o Euclides da Cunha ( 1866-1909), o qual buscaram através do processo de branqueamento fortalecer o espírito nacional brasileiro. Crendo em uma expansão dos europeus sobre os ditos “barbaros”. Isto é, ele perpassa pelo conceito de meio e raça, em que o meio seria o ambiente como condições sociais e a Raça branca como a mais adaptável. Portanto, tendo como base o cientificismo, nesse período as pessoas acreditavam nos discursos desses literários, pois creem que para a consolidação de um país forte realmente seria preciso a supremacia das classes lusitanas.  

As necessidades sociais e políticas do Brasil seguem uma linha da expansão econômica nacional, em outras palavras, na Europa do século XIX adivinha-se um desenvolvimento capitalista com base nas unidades nacionais como, por exemplo, na França, Inglaterra e na Alemanha. No Brasil, a questão do nacionalismo também fez parte de uma tentativa de fortalecimento da economia do país. De contramão a isso, precisou-se desenvolver um Estado que fosse capaz de consolidar esse pensamento de um Estado-nação. Desse modo, houve um otimismo de que um dia chegaríamos ao patamar Europeu e, assim, inibir a “selvageria” dos rebeldes negros, mulatos e indígenas.

Na construção da identidade brasileira teria que ser levada em conta a herança portuguesa e, ao mesmo tempo, apresentar o brasileiro como alguém diferente do lusitano (FIORIN, 2009, p. 117). Mas, a constituição da nação brasileira apresenta um grande problema no seu núcleo, já que a independência foi feita por um herdeiro do trono de Portugal. Não houve, portanto, uma ruptura completa com a antiga metrópole. Tendo que forçar um ideal de nacionalização de D. Pedro I. Isto significa, que para buscar uma sociedade nacional, é preciso entender que precisamos incluir todos os contextos históricos, como conflitos, manifestações, corridas, etc., em um ideal nacional. Assim, o esforço de construção da identidade brasileira está atrelado à necessidade de coesão social que acompanha a existência de um Estado que governe todo o território nacional. Portanto, a manutenção da máquina administrativa comum a todo o território nacional é o primeiro passo para essa construção.

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