Fichamento, Raizes de Um Paradigma Indiciário
Por: Matheus Sorrilha • 19/10/2016 • Relatório de pesquisa • 676 Palavras (3 Páginas) • 576 Visualizações
FABEL – Faculdade de Belford Roxo
Curso de História, 2° Período
Introdução aos Estudos Históricos
Matheus de Oliveira Sorrilha
Raízes de Um Paradigma Indiciário
Fichamento
Belford Roxo, RJ
2016
Raízes de um Paradigma Indiciário (p. 143 – 179).
GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas, Sinais: Morfologia da História. Turim: Giulio Eunaudi, 1986
“Nessas condições, é indispensável poder dos originais das cópias. Para tanto, porém (dizia Morelli), é preciso não se basear, como normalmente se faz, em características mais vistosas, portanto mais facilmente imitáveis, dos quadros: os olhos erguidos para o céu dos personagens de Perugino, o sorriso dos de Leonardo, e assim por diante. Pelo contrário, é necessário examinar os pormenores mais negligenciáveis, e menos influenciados pelas características da escola que o pintor pertencia: os lóbulos das orelhas, as unhas, as formas dos dedos das mãos e dos pés.” (p. 144)
Em 1874, já haviam percebido a existência de padrões humanos, aqueles que são inerentes e muitas vezes inconscientes e muitas vezes até instintivos. Aqueles, que influenciam no trabalho do artista, como usado no exemplo, e no do historiador, segundo a brilhante analogia utilizada pelo autor. O historiador aprende, ao decorrer da carreira, inúmeras técnicas e métodos que serão utilizados no seu trabalho, entretanto, ao decorrer da vida, absorve inúmeras características que influenciarão no seu trabalho. É como o traço do desenhista, todo desenhista que valha o próprio peso em sal sabe desenhar um cachorro, mas todos o desenharão de forma diferente.
“Desse modo, pormenores normalmente considerados sem importância, ou até triviais, ‘baixos’ forneciam a chave para aceder aos produtos mais elevados do espírito humano: “os meus adversários”, escrevia ironicamente Morelli (uma ironia talhada para agradar a Freud), ‘comprazem-se em me julgar como alguém que não sabe ver o sentido espiritual de uma obra de arte e por isso dá uma importância particular a meios exteriores, como as formas da mão, da orelha e até, horribile dictu, de um objeto tão antipático como as unhas’.” (p. 150)
Continuando com a analogia com arte, o autor traz um dos problemas que existiam na história, a valorização da história política e econômica, os grandes homens e et cetera, e a desvalorização da micro história, sendo elementos cruciais para o entendimento da história, como organização social e trajetória cultural, sendo marcados como “sem graça”.
“Ainda que a física moderna não se possa definir como ‘galileana’ (mesmo não tendo renegado Galileu), o significado epistemológico (e simbólico) de Galileu para a ciência em geral permaneceu intacto.” (p. 156)
Percebe-se que o autor favorece o uso de analogias. E nesta, ele faz uma comparação interessante com a física, mesmo sendo uma disciplina exata. Antigas formas de pensamento, ainda que falhas de alguma forma, ainda assim deixam bases para as novas formas de pensamento. O positivismo e os Annales são bons exemplos, ambas com suas falhas, mas ainda assim, trouxeram o método científico e a história cultural, respectivamente.
“Basta pensar na função decisiva da entonação nas literaturas orais, ou da caligrafia na poesia chinesa, para perceber que a noção de texto que acabamos de invocar está ligada a uma escolha cultural, de alcance incalculável.” (p. 157)
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