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Grafite de Gladiador na Cidade de Pompéia

Por:   •  23/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.675 Palavras (7 Páginas)  •  359 Visualizações

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Silvia Helena de A.Pelaes

Projeto de metodologia de Pesquisa em história

Grafite de Gladiador na Cidade de Pompéia

Resumo

      Os grafites parietais encontrados no final do século XIX e XX por ocasião das escavações arqueológicas na cidade de Pompéia nos remetem a sociedades possivelmente complexas, nas quais deixavam registrados no grafismo seus anseios, paixões, insatisfações, preferencias políticas e tantas outras expressões.

Este estudo tem como objetivo entender os sinais deixados na iconografia dos grafites parietais, sua importância para se entender como a sociedade da época se organizava e como os jogos de gladiadores fomentavam esses povos.

 PALAVRAS-CHAVE: História Antiga; Grafite; gladiadores.


INTRODUÇÃO

   Os grafites na atualidade sofrem muitos preconceitos por pessoas que não gostam ou não conhecem esta arte que fez e faz parte da cultura popular, é uma forma de manifestação artística e cultural de determinados povos que na antiguidade eram bastante expressivos como no caso da cidade de Pompéia.

 No século XX, as certezas do positivismo do século XIX, com sua ênfase na objetividade, foram colocadas em questão. O passado só pode ser interpretado no presente, por sujeitos que interpretam os documentos, definem o que seja documento e constroem os próprios documentos, transpondo o texto ou o que quer seja para um discurso articulado pelo estudioso. (FUNARI, 112).

   Nessa perspectiva surge a Arqueologia Clássica que era voltada para o estudo da civilização Grega e Romana, na qual por meio de escavações arqueológicas começou-se a ter acesso as paredes da cidade de Pompéia, onde encontraram diversos grafites.

Pompeia foi destruída durante uma enorme erupção do Vesúvio em 79 d.C., ficando esquecida sob as cinzas do vulcão por aproximadamente 1.500 anos. Desde que foi encontrada, em 1763, a cidade se transformou em um dos sítios arqueológicos mais famosos do mundo, e além de receber pesquisadores de várias nacionalidades, a localidade italiana também recebe cerca de 2,5 milhões de visitantes todos os anos. (Garrafoni pág. 151).

Em poucas horas, cinzas, lavas e gases venenosos cobriram e mataram cerca de duas mil pessoas, quase quinze por cento da população local, dos quais 1150 corpos foram encontrados (Nappo, 1999, p. 13; Berry, 2009, p. 30).

Na época da erupção, a cidade tinha aproximadamente de 15 a 20.000 habitantes, estando localizada na região onde os romanos mantinham suas vilas de férias. Os moradores já haviam se habituado a tremores de terra de pequena intensidade, em 05 de fevereiro de 62 d.C., um grave sismo provocou danos consideráveis na baía e particularmente em Pompeia. Acredita-se que o terremoto tenha atingido uma intensidade de 5 ou 6 na escala Richter, provocando caos na cidade. Templos, casas e pontes foram destruídos, e a cidade vizinha de Herculano fora também afetada (LIMA, 2005, p. 31).

                                                             Pompéia foi habitada por diferentes povos e, por se localizar próxima ao mar, sempre favoreceu a circulação de pessoas. Assim, oscos, etruscos, gregos, samnitas e romanos circularam por este espaço em diversos períodos tornando a cidade um importante local de comércio e veraneio (Cavicchioli, 2004).

Pompéia é considerada hoje um patrimônio da Humanidade tombado pela UNESCO em 1997, e um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo.

O grafismo popular diferenciava-se, desde o início, pelo seu caráter coletivo: não se trata de refletir um mundo distante, como no interior das mansões, mas de retratar, nas paredes externas, a vida concreta, as paixões populares em sua imediaticidade (FUNARI, 1989:39).

Os grafites eram muito comuns na cidade de Pompéia durante as escavações arqueológicas que se iniciaram no final do século XVlll e início do século XlX, a estrutura da cidade estava bem preservada tornando possível encontrar várias inscrições feitas pelos moradores em fachadas de prédios e muros, muitas dessas eram de propaganda a eleições apoiando certo candidato trazendo suas qualidades, também tinham vários outros desenhos com diferentes temas como poesias, órgão genital masculino. Conclui-se que existiam vários níveis e grau de instrução e a educação não era apenas um privilégio da elite da época.

O grafite é um registro singular que marca um momento específico ou uma necessidade pessoal de deixar registrado uma insatisfação, uma piada ou uma declaração de amor, tornando-se uma fonte de inestimável valor (GARRAFONI, pág. 144).

Constantemente as inscrições eram apagadas para darem lugar a novas que provinham de todos os grupos populares como os camponeses, artesãos, lavradores e os gladiadores, estes grafites retratam a vida cotidiana desses povos.

Os grafites são pequenas inscrições sulcadas nas paredes com um estilete (em latim graphium) e produziam uma relação específica com o público: eram pessoais e o leitor tinha que se aproximar da parede para poder enxergá-los (GARRAFONI, 249)

  Nas escavações arqueológicas têm sido encontradas muitas inscrições que se distinguem em Monumentais que são escritas com letras capitais esculpidas em monumentos, tumbas funerárias, edifícios entre outros, os Comuns são escritos em letra cursiva feitas com pincel ou estilete, em livros ou paredes registrando o cotidiano.

         Foi encontrada uma grande variedade de grafites dos gladiadores, armas, elmos, cena de combate, diversos tipos e também locais. (Garrafoni, pág. 166, 167 ).

   [pic 1]

     

       Figura 26: Gladiador treinando (nºXXX, Pompéia; Garrafoni pág. 177)

Essa gravura apresenta ser uma pose de combate em que o gladiador tem a postura de vencedor, com joelhos levemente flexionados e vestindo suas armas como espada, escudo e elmo em formato de crista, o gladiador está representado individual nessa cena no entanto com  os acessórios, o conjunto destes elementos indicam a posição em que o gladiador se insere, nesse caso temos a representação de armamentos pesados enfatizando a categoria e postura de ataque, a espada é denominada curta e  o escudo em formato retangular, usa também proteção nas pernas e braços, a cima da gravura tem a inscrição com o nome de M. Valeirus.

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