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IRMÃOS DE FÉ DO ROSÁRIO: AÇÕES E RELAÇÕES COM O SAGRADO NA VILA REAL

Por:   •  20/3/2017  •  Seminário  •  780 Palavras (4 Páginas)  •  603 Visualizações

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IRMÃOS DE FÉ DO ROSÁRIO: AÇÕES E RELAÇÕES COM O SAGRADO NA VILA REAL

À época do Estado português no Brasil as Irmandades eram uma das poucas maneiras de associação permitidas. Essas irmandades eram tidas como um espaço que permitia a doutrinação e o cumprimento das obrigações sacras previstas no Concilio de Trento. Por outro lado esses espaços eram uma maneira de os Negros e pardos constituírem laços fraternais internos e mesmo familiares com o objetivo de alterar suas condições sociais e estender o beneficio a outros irmãos e a familiares. As irmandades abrigavam não só pretos e pardos como também brancos.

A Irmandade de Nossa senhora do Rosário dos Pretos na Vila Real: redes familiares

Os registros mostram que entre 1767 e 1807, ingressaram 403 irmãos na Irmandade do Rosário, porém esse número é apenas parcial, visto que uma parte dos registros se perderam.

As mulheres tinham papel de destaque, eram elas as responsáveis pela preservação, perpetuação das crenças e pela transformação dos aspectos culturais. Quando fazia parte de uma irmandade a mulher e conseguia a alforria as mulheres estendiam o beneficio aos filhos, e por isso tinham menor numero. Essas mulheres eram vistas com reservas por serem consideradas mais perigosas que os homens, visto terem uma maior mobilidade como llideres da religiosidade.

Havia um certo preconceito na hora de alforriar os escravos, tanto mulheres quanto homens, a maioria das mulheres alforriadas pertencia à etnia Mina (casta de negros do grupo sudanês)

Um grande numero de irmãs declarava em seu testamento serem solteiras, porém tinham filhos e deixavam seus bens a estes. Note-se que pouco ou quase nada se sabe sobre como esses bens foram adquiridos. A paternidade geralmente não era declarada como forma de proteger os filhos da escravidão.

Por terem sido escravas, as irmãs do Rosário costumavam, em seus testamentos, alforriar seus escravos.

No que diz respeito aos cargos ocupados as mulheres tinham pouca participação, o máximo que conseguiam era ser irmãs de mesa, juízas e rainhas de festas e procissões. Ser juíza ou rainha conferia status dentro da irmandade pois durante o ano do exercício destes cargos elas usufruíam de privilégios.

Era comum os forros adotarem parte do sobrenome do ex-senhor como forma de demonstrar gratidão.

A procura pela irmandade, muitas vezes, se dava com o intuito de promoção social, como foi o caso de Julião Ribeiro dos Santos, que foi nomeado Alferes da Nova Companhia de Ordenanças dos Homens Pretos e entrou para a irmandade para dar respaldo a sua condição de homem digno.

Para ingressar na irmandade os cativos precisavam da permissão de seus senhores, o que acontecia de modo pouco expressivo entre aqueles que possuíam o maior numero de negros, gerando insatisfação e fuga entre os escravos. Entrar para a irmandade representava para os cativos uma esperança de melhoria e mobilidade social. Aqueles que entravam na irmandade ainda cativos não demoravam muito a se tornarem livres.

Uma informação não encontrada foi o  número de ameríndios na irmandade, o que demonstra a dificuldade que estes encontravam para se tornarem “oficialmente” cristãos.  Existem registros de dois casos de ameríndios na irmandade, Maria da Silva, “administrada” do capitão Joaquim Lopes Poupino, em 1770, e Izidoro de Pinho, índio forro, em 1880.

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