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LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

Por:   •  20/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.115 Palavras (9 Páginas)  •  261 Visualizações

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AD2 – LIBRAS

Desde o início da humanidade, a problemática da surdez tem sido objeto de muita polêmica. Hoje em dia a surdez ainda se constitui um desafio para educadores, lingüistas, médicos e para a própria família. Os grandes questionamentos são os seguintes: a surdez é uma afecção ou mesmo deficiência? Os surdos são apenas indivíduos diferentes, com certas características? Há uma grande diferença entre compreender a surdez como deficiência e vê-la como diferença. São duas importantes concepções sobre a surdez:

A primeira concepção é clínico-terapêutica que entende a surdez como patologia, que visa a medicalização, o tratamento, a uma normalização do surdo, tratando-o de forma assistencialista.  A segunda concepção é sócio-antropológica, entendendo a surdez como experiência visual, uma forma diferente de perceber o mundo. Uma maneira totalmente diferenciada de construir a realidade histórica, política e social.

Muitos pensam o surdo como deficiente mental. É comum face as conseqüência do atraso na aquisição da linguagem da maioria dos surdos. As dificuldades geradas pelo retardo na linguagem envolvem os aspectos da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo do individuo com surdez.

A principal questão é saber se a criança surda teve acesso desde a infância a língua de sinais. A problemática se localiza especialmente nas questões acadêmicas. Muitos surdos não conseguem ter acesso aos elevados níveis acadêmicos, mesmo comprovando que suas potencialidades de desenvolver competências e habilidades sejam iguais aos das pessoas ouvintes. É importante transformar essa realidade. Hoje em dia os surdos têm tomado consciência e buscam os seus direitos, inclusive reivindicando a formação de docentes surdos.

É importante que crianças surdas têm acesso à língua de sinais desde muito cedo na sua educação, seja com professores surdos, seja com professores proficientes na língua de sinais. As reflexões sobre a importância da criança com surdez ter acesso à língua de sinais, são aprofundadas na teorias sóciointeracionismo de Vygotsky.

Em sua teoria Vygotsky dá um enfoque especial para o desenvolvimento da linguagem como fator principal para o pensamento abstrato. Vygotsky discute a relação entre pensamento e linguagem. Outro ponto importante em sua teoria refere-se no fator do desenvolvimento sócio-histórico do individuo e nesse aspecto é salientado a questão social do desenvolvimento da linguagem: a criança adquire linguagem face a sua interação com o ambiente sócio-cultural em que nasceu.

A linguagem é essencial ao ser humano para o estabelecimento de diversos tipos de relações, para a manifestação do pensamento e a constituição da subjetividade. Vygotsky faz também a relação entre desenvolvimento e aprendizagem. Ele conclui: a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, e introduz os conceitos de zona de desenvolvimento proximal, potencial e real.

A psicologia experimental de Vygotsky ao descrever o processo de desenvolvimento com bases biológicas e culturais da cognição humana, desvenda as relações entre linguagem e pensamento. Para Vygotsky, essa relação entre a linguagem e o pensamento orienta na investigação da capacidade da criança de produzir a cognição como uma construção resultante das interações entre o aparato biológico e o meio físico e social a partir de uma experiência sócio-histórica.

Seu conceito sobre mediação simbólica é de extrema importância para a compreensão da origem e do processo de desenvolvimento da linguagem e do pensamento. Vygotsky dedicou-se ao estudo das funções mentais superiores, ou seja, os mecanismos psicológicos mais complexos típicos do ser humano. Apenas o homem possui o pensamento abstrato ou é capaz de pensar em objetos ausentes, imaginar eventos, planejar ações. Essa atividade psicológica acontece através da mediação, sendo o principal elemento de mediação os signos. Neste sentido a relação entre o homem e o mundo não acontece de forma direta, mas mediada por sistemas simbólicos, sendo a linguagem, uma construção cultural da humanidade, o sistema simbólico básico das sociedades e o principal aspecto para a construção da cognição humana.

A primeira função da linguagem é de comunicação ou intercâmbio social, pois é a necessidade de comunicação que impulsiona inicialmente o desenvolvimento da linguagem. A segunda função da linguagem é organizar o pensamento e a atividade mental, pois a linguagem ordena o real, constituindo a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento.

Para Vygotsky, o desenvolvimento da linguagem e do pensamento tem origens diferentes até ocorrer uma estreita ligação entre esses dois fenômenos. Assim, existe uma trajetória da linguagem independente do pensamento, considerada como fase pré-intelectual do desenvolvimento da linguagem, e a trajetória do pensamento desvinculado da linguagem, ou seja, a fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento.

Ainda baseado na teoria de Vygotsky, num determinado momento do desenvolvimento da criança essas duas trajetórias se unem dando inicio a uma nova forma de funcionamento psicológico em que a linguagem se torna racional, com função simbólica, generalizante e o pensamento verbal, mediado por significados dados pela linguagem. Vygotsky encontrou nos significados dados pela linguagem (expresso por palavras) a unidade pertencente tanto à linguagem quanto ao pensamento sendo, portanto que, no significado da palavra, a linguagem e o pensamento se unem.

Um entendimento importante de Vygotsky é de que o processo de aquisição da linguagem pela criança segue o sentido do exterior para o interior, ou seja, do meio social para o individuo. Isso marca a importância das relações sociais e lingüísticas no desenvolvimento da criança

Em face da importância das relações sociais e lingüísticas no desenvolvimento da criança, os casos de atraso de linguagem pode também ser analisado sobre a óptica do meio social. Especificamente nas crianças surdas, os problemas comunicativos, e conseqüentemente as questões relacionadas à cognição, não tem origem na própria criança, mas no meio social em que ela está inserida, que freqüentemente não é adequado, pois não utiliza a língua que essas crianças tenham condições de adquirir naturalmente, que é a língua de sinais.

Durante o seu desenvolvimento, a criança adquire inconscientemente informações lingüísticas pelo uso das palavras. Já a criança surda, por está no meio social que faz uso da língua oral, é privada de informações lingüísticas. A dificuldade de acesso a um código simbólico ou a sua língua natural, mantém sua atividade cognitiva orientada pelas percepções dos outros órgãos do sentido produzindo um tipo de pensamento mais concreto, já que é por meio da linguagem que ela pode desvincular-se cada vez mais do concreto e internalizar conceitos abstratos.

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